Manifestação

França vive dia de greve com paralisação no serviço público

Grevistas denunciam reforma trabalhista e políticas ''liberais e de austeridade'' defendidas pelo presidente Emmanuel Macron

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32

PARIS - A jornada de greve e manifestações convocada para ontem na França por vários sindicatos de funcionários do governo e da companhia ferroviária estatal causou perturbações nos transportes e em parte dos serviços públicos.

Esta é a segunda jornada de greve e mobilizações que o presidente francês, Emmanuel Macron, enfrenta e que tem seu ponto forte nas cerca de 180 manifestações organizadas por todo o país para denunciar suas políticas "liberais e de austeridade".

Manifestantes se opõem à reforma trabalhista e medidas como a reforma da Sociedade Nacional de Ferrovias (SNCF, na sigla em francês) , que acabaria com a garantia de emprego vitalício aos trabalhadores ferroviários.

Entre os aspectos mais controversos, está a proposta de "suavizar" o estatuto dos funcionários públicos, permitindo um uso massivo de trabalhadores contratados, bem como um plano de demissões voluntárias coletivas, um tabu neste setor, de acordo com a Rádio França Internacional.

O projeto do governo Macron visa eliminar 120 mil dos 5,64 milhões postos de trabalho no setor público francês, a fim de reduzir o déficit orçamentário da França para 3% do PIB.

Impacto da paralisação

Devido à previsão de greve entre os controladores aéreos, a Direção Geral de Aviação Civil (DGAC) pediu às companhias que reduzam o seu programa de voos globalmente em 30% nos três aeroportos no entorno de Paris: Charles de Gaulle, Orly e Beauvais.

A greve dos controladores convocada pelo sindicato USAC-CGT começou às 5h e termina às 23h locais (entre 1h e 19h em Brasília) e afeta outros aeroportos franceses.

A Sociedade Nacional de Ferrovias teve que limitar a circulação em 40% nos trens de alta velocidade, em 25% nos de longa distância, em 50% nos regionais, em 30% nas cercanias de Paris e em 75% nos internacionais.

Nas escolas a greve será particularmente notada no ensino primário, pois um quarto dos professores faltará ao trabalho, segundo um dos principais sindicatos.

O dia de mobilização, que segundo uma pesquisa do instituto Odoxa é considerado justo para 55% dos franceses, acontece depois das manifestações do último dia 15, quando milhares de aposentados protestaram pela perda de poder aquisitivo de suas pensões.

O governo, por sua vez, já disse que não tem intenção de voltar atrás em suas reformas.

O líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, se queixou, em entrevista à emissora "BFMTV" que fosse preciso chegar a este ponto: "o povo vai sofrer, vai perder dias de trabalho para defender o serviço público. E tudo por que? Porque Macron decide aplicar o roteiro da Comissão Europeia", segundo a Efe.

O secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho, Philippe Martínez, denunciou na emissora "France Info" que enquanto "dizem que só há um caminho para colocar o país em ordem, o que propõem os funcionários, os trabalhadores ferroviários, são soluções diferentes das do governo".

"Os funcionários defendem uma ideia do serviço público que é a originalidade do nosso país", acrescentou Martínez.

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