Eleição presidencial

Putin caminha neste domingo para quarto mandato na Rússia

Na última pesquisa do instituto público VTsIOM, Putin aparece com 69% das intenções de voto. O segundo candidato, Pavel Grudinin (Partido Comunista), teria 7%; aos 65 anos, ele acumula o período mais longo no poder de um dirigente russo desde Stalin

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32
Conforme pesquisas, Vladimir Putin deverá ser reeleito presidente da Rússia neste domingo
Conforme pesquisas, Vladimir Putin deverá ser reeleito presidente da Rússia neste domingo (Conforme pesquisas, Vladimir Putin deverá ser reeleito presidente da Rússia neste domingo)

MOSCOU - O presidente russo, Vladimir Putin, caminha para conquistar um quarto mandato neste domingo, 18, que o deixaria no poder até 2024, ao fim de uma campanha sem suspense. Putin, de 65 anos, dos quais 18 como presidente, ou primeiro-ministro, acumula o período mais longo no poder de um dirigente russo desde Stalin.

Nessa campanha, Putin buscou, acima de tudo, garantir uma participação satisfatória em meio a um clima de extrema tensão com o Ocidente. As sanções britânicas em reação ao envenenamento do ex-agente duplo Serguei Skripal na Inglaterra reforçaram a impressão de uma nova Guerra Fria desde o retorno de Putin ao poder em 2012, com o conflito na Síria, a crise na Ucrânia e a acusação de ingerência na eleição presidencial americana.

Enquanto, em Londres, a primeira-ministra Theresa May classificava como "trágica" a "via" tomada pelo presidente russo, Putin terminou sua campanha na quarta-feira com uma visita à Crimeia, península ucraniana que, no domingo, 18, participará da eleição presidencial russa pela primeira vez desde sua anexação há quatro anos.

"Com essa decisão, restabeleceram a justiça histórica, interrompida na época soviética", declarou Putin, em discurso para partidários em Sebastopol. "Mostraram ao mundo inteiro o que é uma verdadeira, e não uma falsa democracia", completou.

Da península de Kamtchatka, ao leste, ao enclave de Kaliningrado, ao oeste, os 107 milhões de eleitores desse imenso país com 11 fusos horários começarão a votar às 8h locais - neste sábado, às 20h GMT (17h, em Brasília), no caso dos primeiros colégios eleitorais, ao leste; e domingo, às 18h GMT (15h, em Brasília), no caso dos últimos, a oeste.

Nas regiões mais remotas, a votação já está acontecendo para facilitar o transporte das urnas, de modo que os nômades Nenets no Ártico também possam se expressar.

Sem suspense.

Na última pesquisa do instituto público VTsIOM, Putin aparece com 69% das intenções de voto. O segundo candidato, Pavel Grudinin (Partido Comunista), teria 7%; e o terceiro, o ultranacionalista Vladimir Zhirinovski, cerca de 5%. Os outros cinco candidatos aparecem com um registro pouco significativo.

"A concorrência não é suficiente", disse à AFP Andrei Buzin, copresidente do movimento especializado em defesa dos direitos dos eleitores Golos, para quem "todo o espectro político russo não está representado".

O grande ausente na eleição presidencial é o opositor número um do Kremlin, Alexei Navalni, o único que consegue mobilizar milhares de pessoas, mas que está inabilitado a se candidatar devido a uma condenação judicial. Para ele, trata-se de uma orquestração do governo.

A participação

Às vésperas da eleição, o Kremlin faz de tudo para que a participação - o verdadeiro termômetro dessa eleição - seja a mais alta possível. Desde o início da campanha, a imprensa resume o objetivo do Kremlin com a fórmula "70-70": 70% de participação e 70% de votos para Putin. E, para esse fim, todos os meios são válidos.

O jornal independente Novaia Gazeta relata que estudantes de várias cidades do país foram obrigados a se inscrever nas listas eleitorais sob pena de "problemas nos exames, ou até foram ameaçados de expulsão".

Em algumas cidades, antecipou-se a abertura dos colégios eleitorais para permitir que os operários pudessem votar antes de irem para as fábricas.

Em fevereiro, citando três fontes do alto escalão do governo, o jornal RBK falava de um projeto particularmente estudado para estimular os funcionários e os trabalhadores das grandes indústrias a irem votar. Segundo os dois jornais, nenhuma instrução de voto foi dada.

Convocação

Na sexta-feira, 16, Putin fez uma convocação aos russos para que votem nas eleições presidenciais. Em vídeo divulgado no dia do encerramento da campanha, ele destacou que "precisamente a vontade popular, a vontade de cada cidadão da Rússia, depende do curso do país".

"A quem votar, como exercer o direito de escolher livremente, é uma decisão pessoal de cada cidadão. Mas se essa decisão for evitada, esta eleição, determinante, acontecerá sem levar em conta a opinião dos senhores", disse.

O chefe do Kremlin afirmou que os russos sempre decidiram seu destino e atuaram conforme sua "consciência, compreensão da verdade e justiça, e seu amor à pátria".

"Isso faz parte do nosso caráter nacional, conhecido no mundo todo", acrescentou. Putin expressou a convicção de que todos e cada um dos russos estão preocupados com o destino do país e acrescentou: "É por isso que estou me dirigindo aos senhores para pedir que compareçam no próximo domingo aos colégios eleitorais. Exerçam seu direito de escolher o futuro da nossa amada e grande Rússia".

De acordo com as últimas pesquisas, Putin vencerá as eleições - que foram adiadas em uma semana para coincidir com o quarto aniversário da anexação da Crimeia - com mais de dois terços dos votos.

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