Putin caminha neste domingo para quarto mandato na Rússia
Na última pesquisa do instituto público VTsIOM, Putin aparece com 69% das intenções de voto. O segundo candidato, Pavel Grudinin (Partido Comunista), teria 7%; aos 65 anos, ele acumula o período mais longo no poder de um dirigente russo desde Stalin
MOSCOU - O presidente russo, Vladimir Putin, caminha para conquistar um quarto mandato neste domingo, 18, que o deixaria no poder até 2024, ao fim de uma campanha sem suspense. Putin, de 65 anos, dos quais 18 como presidente, ou primeiro-ministro, acumula o período mais longo no poder de um dirigente russo desde Stalin.
Nessa campanha, Putin buscou, acima de tudo, garantir uma participação satisfatória em meio a um clima de extrema tensão com o Ocidente. As sanções britânicas em reação ao envenenamento do ex-agente duplo Serguei Skripal na Inglaterra reforçaram a impressão de uma nova Guerra Fria desde o retorno de Putin ao poder em 2012, com o conflito na Síria, a crise na Ucrânia e a acusação de ingerência na eleição presidencial americana.
Enquanto, em Londres, a primeira-ministra Theresa May classificava como "trágica" a "via" tomada pelo presidente russo, Putin terminou sua campanha na quarta-feira com uma visita à Crimeia, península ucraniana que, no domingo, 18, participará da eleição presidencial russa pela primeira vez desde sua anexação há quatro anos.
"Com essa decisão, restabeleceram a justiça histórica, interrompida na época soviética", declarou Putin, em discurso para partidários em Sebastopol. "Mostraram ao mundo inteiro o que é uma verdadeira, e não uma falsa democracia", completou.
Da península de Kamtchatka, ao leste, ao enclave de Kaliningrado, ao oeste, os 107 milhões de eleitores desse imenso país com 11 fusos horários começarão a votar às 8h locais - neste sábado, às 20h GMT (17h, em Brasília), no caso dos primeiros colégios eleitorais, ao leste; e domingo, às 18h GMT (15h, em Brasília), no caso dos últimos, a oeste.
Nas regiões mais remotas, a votação já está acontecendo para facilitar o transporte das urnas, de modo que os nômades Nenets no Ártico também possam se expressar.
Sem suspense.
Na última pesquisa do instituto público VTsIOM, Putin aparece com 69% das intenções de voto. O segundo candidato, Pavel Grudinin (Partido Comunista), teria 7%; e o terceiro, o ultranacionalista Vladimir Zhirinovski, cerca de 5%. Os outros cinco candidatos aparecem com um registro pouco significativo.
"A concorrência não é suficiente", disse à AFP Andrei Buzin, copresidente do movimento especializado em defesa dos direitos dos eleitores Golos, para quem "todo o espectro político russo não está representado".
O grande ausente na eleição presidencial é o opositor número um do Kremlin, Alexei Navalni, o único que consegue mobilizar milhares de pessoas, mas que está inabilitado a se candidatar devido a uma condenação judicial. Para ele, trata-se de uma orquestração do governo.
A participação
Às vésperas da eleição, o Kremlin faz de tudo para que a participação - o verdadeiro termômetro dessa eleição - seja a mais alta possível. Desde o início da campanha, a imprensa resume o objetivo do Kremlin com a fórmula "70-70": 70% de participação e 70% de votos para Putin. E, para esse fim, todos os meios são válidos.
O jornal independente Novaia Gazeta relata que estudantes de várias cidades do país foram obrigados a se inscrever nas listas eleitorais sob pena de "problemas nos exames, ou até foram ameaçados de expulsão".
Em algumas cidades, antecipou-se a abertura dos colégios eleitorais para permitir que os operários pudessem votar antes de irem para as fábricas.
Em fevereiro, citando três fontes do alto escalão do governo, o jornal RBK falava de um projeto particularmente estudado para estimular os funcionários e os trabalhadores das grandes indústrias a irem votar. Segundo os dois jornais, nenhuma instrução de voto foi dada.
Convocação
Na sexta-feira, 16, Putin fez uma convocação aos russos para que votem nas eleições presidenciais. Em vídeo divulgado no dia do encerramento da campanha, ele destacou que "precisamente a vontade popular, a vontade de cada cidadão da Rússia, depende do curso do país".
"A quem votar, como exercer o direito de escolher livremente, é uma decisão pessoal de cada cidadão. Mas se essa decisão for evitada, esta eleição, determinante, acontecerá sem levar em conta a opinião dos senhores", disse.
O chefe do Kremlin afirmou que os russos sempre decidiram seu destino e atuaram conforme sua "consciência, compreensão da verdade e justiça, e seu amor à pátria".
"Isso faz parte do nosso caráter nacional, conhecido no mundo todo", acrescentou. Putin expressou a convicção de que todos e cada um dos russos estão preocupados com o destino do país e acrescentou: "É por isso que estou me dirigindo aos senhores para pedir que compareçam no próximo domingo aos colégios eleitorais. Exerçam seu direito de escolher o futuro da nossa amada e grande Rússia".
De acordo com as últimas pesquisas, Putin vencerá as eleições - que foram adiadas em uma semana para coincidir com o quarto aniversário da anexação da Crimeia - com mais de dois terços dos votos.
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