Editorial

Orgulho e não medo de ser mulher

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32

A letra da música Mulheres de Atenas composta por Chico Buarque e Augusto Boal é um chamado a uma reflexão sobre como desde aquela época o sexo feminino era maltratado, como é ainda hoje, discriminado em diversos aspectos, seja pela simples e pura condição de ser mulher (gênero), por raça, no mercado de trabalho pela desigualdade salarial, assédio moral e sexual, enfim, por vários motivos machistas.

Em alguns trechos, a letra remete a que “...quando fustigadas não choram se ajoelham, pedem, imploram mais duras penas....” Ou seja, mesmo passando por sofrimentos físicos e morais, têm que se contentar com essa condição de submissão.

Em outros trechos são ditos que as Mulheres de Atenas “não têm gosto ou vontade” “têm medo apenas”, “não têm sonhos, só têm presságios”.

Infelizmente, apesar de todas as transformações sociais e das inúmeras conquistas das mulheres, sejam elas de Atenas ou de outras nações, onde o grito da desigualdade é o mesmo, elas continuam vítimas de uma sociedade patriarcal, forjada na violência, em todas as suas vertentes.

Os dados do Instituto Avon e da ONU Mulheres reflete o quanto milhares de Mulheres de Atenas e Marias da Penha sofrem violência todos os dias. Pelo menos 43% são agredidas em casa e 71%, agredidas por pessoas conhecidas.

Por medo ou outro fator, como dependência financeira do companheiro, apenas 13% das vítimas denunciam seus agressores.

O feminicídio, casos de mulheres mortas em crimes de ódio motivados pela condição de gênero, só tem crescido no Brasil, apesar do aumento das denúncias e aplicação de penas mais duras aos agressores. Pelo menos 12 mulheres são assassinadas todos os dias no país. Em 2017, foram registrados 946 feminicídios.

Até mesmo na questão do feminicídio é possível observar não somente a condição de gênero, mas questão de raça. Enquanto esse tipo de crime entre mulheres brancas caiu quase 10%, no caso das mulheres negras, cresceu 54%. As mulheres negras são 69% das mulheres mortas por agressão.

Não por acaso, o Brasil, segundo relatório da Organização Mundial da Saúde, ocupa a 7ª posição entre as nações mais violentas para as mulheres de um total de 83 países.

Mesmo com toda essa carga de desigualdade e violência, as mulheres foram à luta e tiveram muitas conquistas, tendo muitos de seus direitos alcançados, como poder votar e também poder se candidatar a algum cargo político (embora sua participação ainda seja baixa no Legislativo). Muitas passaram a ter independência financeira, trabalhando fora, se destacando nas empresas como grandes executivas.

Dados da última pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), 2016, revelam que entre os novos empreendedores, aqueles que possuem um negócio com até 3,5 anos, as mulheres têm uma taxa de empreendedorismo superior à dos homens. A taxa delas é de 15,4%, enquanto a masculina é de 12,6%.

Então que a sociedade mire-se de forma positiva nas Mulheres de Atenas, e construa um mundo igualitário, no qual o sexo feminino seja protagonista em casa, na empresa, e seja reconhecida pela sua capacidade e sensibilidade de enxergar a vida de uma forma mais doce. Que sinta orgulho e não medo de ser mulher.

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