Editorial

Mulheres, as vítimas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32

Brancas, negras, rica, pobre, baixas, altas, gordas, magras, casadas, solteiras. Eles estão em toda parte e sofrem os mesmos males, a maioria das vezes caladas. No Brasil, quase 40% das mulheres em situação de violência sofrem agressões diariamente e outras 34%, semanalmente.

Muitas se recusam a procurar ajuda, por medo de represálias ou por falta de condições físicas ou psicológicas. A Lei Maria da Penha incentivou o aumento do número de denúncias, mas ainda há muito o que fazer para preservar os direitos da mulher. De 2006, quando a lei foi sancionada, e 2013, houve aumento de 600%. Os dados são Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR).

Ainda de acordo com o SPM-PR, em 67,36% dos relatos feitos pelas mulheres, os agressores foram homens com quem tinham ou tiveram algum vínculo afetivo, como companheiros, cônjuges, namorados ou amantes. Outros 27% dos casos ocorreram com familiares, amigos, vizinhos ou conhecidos. Outro dado apontado pela pesquisa é que 77,83% das vítimas têm filhos, e mais de 80% deles presenciaram ou também sofreram violência.

Elas lutam por direitos, correm em busca de melhores condições de vida e profissão, mas ainda estão nas estatísticas como a maioria das vítimas. O Brasil registrou um estupro a cada 11 minutos no ano de 2015, conforme dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em geral calcula-se que estes sejam apenas 10% do total dos casos que realmente acontecem, porque muitas das vítimas não denunciam tais atos de violência.

Cerca de 70% das vítimas de estupro são crianças e adolescentes e quem mais comete esses crimes são homens próximos às vítimas, segundo dados do Ipea, com base em dados de 2011 do Sistema de Informações de Agravo de Notificação do Ministério da Saúde.

O Ministério da Saúde apontou em 2016, em reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo, que há, em média 10 estupros coletivos notificados todos os dias no sistema de saúde do país e o número pode ser bem maior, pois 30% dos municípios não fornecem estes dados ao Ministério. Somente 15,7% dos acusados por estupro foram presos, pela falta de denúncia ou descaso público. Somente em 2015, a Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180, realizou 749.024 atendimentos, ou um atendimento a cada 42 segundos. Desde 2005, são quase 5 milhões de atendimentos.

O Mapa da Violência de 2015 trouxe mais um triste dado sobre o Brasil, os assassinatos de mulheres negras aumentou (54%) enquanto os casos envolvendo mulheres brancas diminuíram (9,8%).

Elas gritam. Choram. Se descabelam, sofrem e morrem, mas pelo menos estão se calando menos, seus lamentos já são mais ouvidos e quem sabe algum dia, deixem de ser vítimas. As mulheres merecem respeito.

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