Negociações de paz

Seul diz que Pyongyang aceita suspender seu programa nuclear

Um emissário sul-coreano anunciou ontem que a Coreia do Norte se mostrou disposta a estabelecer um diálogo direto com os EUA e prometeu suspender os testes nucleares e de mísseis enquanto essas conversas estiverem em andamento

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32
O líder norte-coreano Kim Jong-um com o chefe da delegação sul-coreana Chung Eui-yong
O líder norte-coreano Kim Jong-um com o chefe da delegação sul-coreana Chung Eui-yong (O líder norte-coreano Kim Jong-um (esq.) com o chefe da delegação sul-coreana Chung Eui-yong )

SEUL - O ditador norte-coreano Kim Jong-un disse a diplomatas da Coreia do Sul que está disposto a iniciar um diálogo com os Estados Unidos sobre o fim de seu programa nuclear e que aceita suspender os testes de mísseis durante as negociações.

A informação foi divulgada ontem por Chung Eui-yong, chefe da delegação sul-coreana que se encontrou na segunda,5, com Kim em Pyongyang.

Segundo ele, o governo norte-coreano teria dito que não há necessidade de manter seu programa nuclear caso receba garantias internacionais de que o país não sofrerá um ataque militar e que o atual regime será respeitado.

"A Coreia do Norte afirmou claramente que está disposta a se desnuclearizar" disse o sul-coreano em nota. [O regime norte-coreano] Deixou claro que não tem razão para manter armas nucleares se a ameaça militar ao Norte foi eliminada e forem dadas garantias de segurança".
Ele afirmou ainda que o ditador norte-coreano aceitou se encontrar com o presidente sul-coreano Moon Jae-in, no primeiro encontro entre os líderes dos dois países desde 2007.
A reunião deverá acontecer no fim de abril na fronteira entre as Coreias. Os dois lados também aceitaram criar uma linha direita para Moon e Kim conversarem. ​
Chung confirmou também que viajará nos próximos dias aos Estados Unidos para se encontrar com Donald Trump e a situação. Depois, ele irá para Rússia e China, países mais próximos da Coreia do Norte.

Aproximação

Caso a declaração seja confirmada por Pyongyang, será a primeira vez desde que Kim chegou ao poder em 2011 que ele sinaliza a possibilidade de abrir mão de seu programa nuclear, em mais um passo da recente reaproximação entre as duas Coreias.

Após realizar diversos testes de mísseis e de armas nucleares ao longo de 2017, Pyongyang decidiu mudar o tom de sua diplomacia no início de 2018.

Em seu discurso de Ano Novo Kim deixou de lado as trocas de acusações contra Trump e elogiou o país vizinho, expressando a vontade que atletas norte-coreanos participassem da Olimpíada de Inverno, marcada para fevereiro na cidade sul-coreana de PyeongChang.

Elogio

A Coreia do Sul respondeu imediatamente elogiando a declaração e no dia 9 de janeiro os dois países tiveram seu primeiro encontro formal em mais de dois anos. Para ajudar na reaproximação, Seul e Washington aceitaram adiar um exercício militar que fariam na região e que Pyongyang dizia ser um ensaio para uma invasão contra o país.

O exercício foi remarcado para abril e o governo sul-coreano já disse que que não pretende adiá-lo novamente —Kim não teria se oposto a sua realização.

O processo culminou com as duas Coreias desfilando juntas na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, enquanto Moon, o presidente sul-coreano, se sentava na tribuna ao lado de Kim Yo -jong, irmã do ditador norte-coreano.

Na ocasião, ela chegou a marcar um encontro com o vice-presidente dos EUA Mike Pence, que também acompanhava a Olimpíada, mas desistiu na última hora.

Aberto ao diálogo

Apesar disso, Washington já tinha dito que estava aberto ao diálogo com a Coreia do Norte, desde que o país aceitasse suspender seu programa nuclear, algo que Pyongyang tinha se negado a aceitar antes das declarações de ontem.

A Casa Branca não se manifestou oficialmente sobre o assunto, mas Trump comentou o assunto nas redes sociais, afirmando que as negociações com Pyongyang estão progredindo.

"Pela primeira vez em muitos anos um esforço sério está sendo feito por todas as partes envolvidas. O mundo está observando e esperando", disse ele. "Talvez seja uma falsa esperança, mas os EUA estão prontos para seguir qualquer dos caminhos".

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