Realidade do campo

MA: Censo Agro coleta dados em territórios quilombola e indígena

Na fase final de coleta de dados,recenseadores do Censo Agropecuário, realizado pelo IBGE, visitam comunidades remanescentes de quilombos e aldeias indígenas e colhem recolhendo informações sobre as atividades agrícolas desenvolvidas por essas comunidades

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32
Maria Maia, descendente quilombola, mostra forno de barro que ainda utiliza em sua residência
Maria Maia, descendente quilombola, mostra forno de barro que ainda utiliza em sua residência (Maria Maia, descendente quilombola, mostra forno de barro que ainda utiliza em sua residência )

SÃO LUÍS - Durante o trabalho de coleta de dados, os recenseadores do IBGE visitaram comunidades remanescentes de quilombos e aldeias indígenas. Populações tradicionais também prestam importantes informações para o conhecimento da realidade do campo

Na reta final da coleta de dados, o Censo Agropecuário, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), faz uma completa varredura dos estabelecimentos agropecuários no setor rural do interior do Maranhão. Durante os trabalhos, os recenseadores visitaram territórios quilombolas e indígenas do estado, recolhendo informações sobre as atividades agrícolas desenvolvidas por essas comunidades.

O Maranhão é um dos estados brasileiros com a maior quantidade de povos quilombolas e indígenas e, ao longo de todo o trabalho de coleta de dados para o Censo Agropecuário, foram visitadas várias dessas comunidades tradicionais pelos recenseadores.

Quilombolas

No município de Santa Helena, uma das comunidades quilombolas visitadas pelos recenseadores do IBGE foi a de Pau Bombo, situada na zona rural daquele município. Grande parte dos alimentos que os moradores consomem é produzida por eles próprios, tradição essa que aprenderam com os seus antepassados e continua sendo passada de geração em geração.

Próximo a essa comunidade existem outros povoados como o de São Roque e o de São Raimundo, que também dispõem das mesmas características, onde os moradores preservam as tradições dos antepassados. A agricultura e a criação de pequenos animais também fazem parte da cultura dessa população.

É o caso da senhora Maria Maia, de 62 anos de idade. Moradora da comunidade de Pau Pombo, ela é descendente direta do escravo que foi o responsável por fundar a comunidade onde vivem hoje dezenas de famílias. Ela chegou ainda a morar em São Luís e no estado do Pará, mas depois de vários anos retornou para a localidade onde nasceu. Hoje já não pretende deixar o espaço.

Durante o recenseamento da sua propriedade, ela repassou informações sobre as suas plantações e criações de alguns animais, sendo todas essas produções destinadas em sua grande maioria para a subsistência. “Trabalhamos para manter a tradição. O que se comia naquela época até hoje se come aqui”, destacou Maria Maia.

Indígenas

Ao longo da coleta de dados nas propriedades rurais do interior do estado, os recenseadores do IBGE também passaram por terras indígenas. Uma delas foi a Aldeia Axinguirendá, localizada na Terra Indígena do Alto Turiaçu, no município de Centro do Guilherme.

Pertencentes à etnia Ka'apor, os indígenas da região sobrevivem da agricultura de subsistência, pesca e também da caça, atividade essa que, por sua vez, é feita dentro da mata fechada que ainda encontra-se na região. Já a criação de animais é bem restrita. Todas essas informações foram repassadas aos recenseadores do IBGE pelos responsáveis pela aldeia, uma vez que apenas os homens falavam o português.

Os indígenas da Aldeia Axinguirendá enfrentaram grandes problemas anos atrás, mas que trouxeram consequências até o presente. Um deles dizia respeito à atuação clandestina de madeireiros que agiam na região e dizimaram grande parte da mata que forneciam os produtos necessários para a sobrevivência da comunidade.

A outra situação está relacionada com a poluição de alguns açudes, rios e outras fontes de água na região ocasionada pela atividade ilegal de garimpo que era bastante praticada da região. Apesar das adversidades, os Axinguirendá estão conseguindo superar os obstáculos para manter vivas as suas tradições e culturas.

Coleta

O trabalho de coleta dos dados para o Censo Agropecuário já está em sua reta final no Maranhão. Após o recolhimento dos dados em todos os estabelecimentos agropecuários mapeados do estado será realizada uma supervisão para garantir que todas as informações foram colhidas de forma correta. Concluída essa ação, os dados da pesquisa começarão a ser divulgados.

De acordo com o analista João Ricardo Costa Silva, coordenador de divulgação do IBGE, o censo irá atualizar os dados sobre o meio agropecuário maranhense e será base sobre o qual deverá se assentar todo o planejamento público e privado da próxima década.

“A operação censitária após seu término irá satisfazer também a demanda da sociedade por informações fidedignas. Nessa jornada do censo agro 2017, a unidade do IBGE no Maranhão depreendeu um esforço hercúleo para identificar e garantir a relevância e a adequação dos dados levantados nos estabelecimentos agropecuários, bem com a eficiência e eficácia do uso dos recursos aplicados na operação censitária”, destacou o João Ricardo.

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