Eleições 2018

Lula vê movimento eleitoral de Temer com intervenção no Rio

Ex-presidente entende que o atual mandatário do país pretende ocupar o nicho hoje pertencente ao deputado federal Jair Bolsonaro, que tem foco na Segurança Pública

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h32

BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quarta-feira (21), a intervenção federal no Rio de Janeiro, chamando a ação de "espetáculo de pirotecnia" e afirmando que a iniciativa do governo de Michel Temer teria a intenção de atrair os eleitores de Bolsonaro. As declarações foram dadas em entrevista à Rádio Itatiaia, em Belo Horizonte (MG).

"Eu acho que o Temer está encontrando um jeito de ser candidato a presidente da República. E ele achou que a segurança pública pode ser uma coisa muito importante para ele pegar o nicho de eleitores do Bolsonaro", disse Lula. Para o ex-presidente, a intervenção é também teria o objetivo de desviar a atenção do fracasso do governo com relação à reforma da Previdência.

"O Temer sabe que o que tirou a Reforma da Previdência da pauta não foi ele e nem a intervenção, foi a pesquisa do Datafolha que mostrou que os deputados não iriam votar a aprovacão da Previdência. Eles pensaram em criar outro espetáculo, e então criaram a intervenção no Rio, passando para a sociedade a ideia de que agora os problemas vão acabar. E não vão", disse Lula, lembrando que o Exército já ficou um ano na favela da Maré e, ao sair, os problemas voltaram.

Para o ex-presidente, resolver o problema da violência significa pensar em políticas públicas que garantam educação, qualidade de vida e emprego para a população. "Se o estado não está presente com políticas públicas nos lugares mais pobres, seja no Rio de Janeiro ou em qualquer lugar, a violência aparece com mais frequência", completou.

Soberania Nacional

"Minha preocupação é que o Exército não é preparado para enfrentar o narcotráfico e para lidar com bandido em favela. Ele é preparado para defender a soberania nacional contra possíveis inimigos externos. Você colocar o exército em uma tarefa dessa sem prepará-lo, o que pode acontecer é que, depois do espetáculo, o resultado seja negativo", afirmou Lula.

O ex-presidente acredita que é preciso apresentar à sociedade um plano estratégico de segurança nacional antes de anunciar qualquer medida. "A Marinha sabe que se quiser diminuir o narcotráfico e contrabando de armas tem que ter uma estrutura para poder controlar 8 mil km de fronteira marítima. E o Exército sabe que tem que ter uma estrutura para combater o narcotráfico em 16 mil km de fronteira seca. E onde está a Polícia Federal? Por que ela não está na nossa fronteira?".

O ex-presidente afirmou ainda que mais ou menos violência está ligado à capacidade de desenvolvimento do estado. "E o Rio de Janeiro está muito empobrecido", disse Lula, se referindo aos milhões de desempregados no estado.

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