Estado Maior

Xadrez eleitoral

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

Conta a lenda que os principais líderes políticos da história só conseguiram se manter no topo porque, do alto do comando político em suas regiões, conseguiam observar com uma visão de alcance maior seus adversários. Do alto, esses líderes poderiam mexer as peças do xadrez eleitoral com maior perspicácia do que seus adversários, antevendo gestos e projetando cenários para além da eleição que viviam.
Nesse processo eleitoral do Maranhão, o dogma da visão além alcance está mais vivo do que nunca. Sairá vencedor do embate de outubro aquele que puder traçar cenários para além de 2018, estimando consequências não apenas para 2020, mas para 22, 26 e até 2030.
No governo desde 2015, Flávio Dino sabe que seus gestos de hoje - tanto na montagem da chapa quanto em seus desdobramentos futuros - terão muita influência no futuro do seu grupo político, nas próximas eleições municipais, na sua sucessão, caso se eleja.
Seus adversários certamente usarão a experiência para antever cenários. O senador Roberto Rocha, por exemplo, tem o PSDB em mãos, partido com força política nacional, mas que precisa encaminhar cenários para além de 2018. Mais experiente do que Rocha e do que Dino, a ex-governadora Roseana também sabe que suas decisões de agora influenciarão o seu grupo nas eleições municipais e estaduais vindouras.
Sem a capacidade de agir com os olhos voltados para frente, o líder de agora dificilmente conseguirá ir além das convenções de julho. Sequer chegará forte em outubro.

Tavares fora I
A cúpula do governo Flávio Dino (PCdoB) já decidiu: não quer mesmo o ex-governador José Reinaldo Tavares (sem partido) como candidato a senador.
E para isso vai usar até o que chama de “uma correção histórica” no discurso de suposto sacrifício, usado por ele para justificar sua unção como candidato.
Os que decidem no grupo dinista entendem que o posicionamento de Tavares nas eleições de 2006, 2008, 2010, 2012 e 2016 não aponta para esse tal “sacrifício”.

Tavares fora II
Outro ponto histórico que a cúpula do Palácio dos Leões usa para desqualificar o discurso de sacrifício de José Reinaldo é a eleição para o Senado, em 2010.
Para eles, não condiz com a verdade o discurso de que o ex-governador abriu mão de duas eleições certas de senador - em 2006 e 2014 - em nome do projeto oposicionista.
- Ele omite que foi candidato a senador em 2010. E se é verdade que tinha eleição garantida, por que não se elegeu em 2010, na chapa do próprio Flávio Dino? - perguntou um dos comunistas que decidem.

Bombardeio
O grupo do senador Roberto Rocha, de uma para outra, passou a bombardear o projeto do deputado Eduardo Braide (PMN) para o governo.
Motivo? Aliados do parlamentar cometeram o “absurdo” de insinuar uma aliança entre o PMN e o PSDB de Rocha.
O senador sequer admite ficar fora da disputa eleitoral, ainda que seja um objetivo mais amplo.

Erro tático
Eduardo Braide, no entanto, deve ter consciência de que esse bombardeio é resultado direto de um erro tático dele nas eleições de 2016.
Esnobado no primeiro turno por todos os partidos, o parlamentar, mesmo assim, chegou a um surpreendente segundo turno, mas resolveu dar o troco, negando a classe política.
O resultado é que acabou despertando o desprezo dos partidos, perdendo o segundo turno para o pedetista Edivaldo Júnior.

DE OLHO
R$5 milhões

Foi o valor liberado pelo governo Flávio Dino ao município de Codó durante o ano de 2017

Questão pessoal
O Palácio dos Leões decidiu centrar suas baterias de bombardeio na campanha pela reeleição do deputado federal Hildo Rocha (MDB).
É questão pessoal do próprio governador Flávio Dino impedir que o parlamentar volte à Câmara Federal em 2019.
Dino não suporta os discursos, as investigações, e as denúncias de Rocha contra ele e seu governo.


E MAIS

• Os secretários de Estado e da Prefeitura têm até o dia 7 de abril para se desincompatibilizar do cargo, se quiserem disputar as eleições de outubro.

• Já surgiu no grupo do ex-secretário Ricardo Murad quem defenda que ele opte pela disputa de uma vaga no Senado, em uma das chapas de governador da oposição.

• Engana-se quem pensa que José Reinaldo Tavares - quase rejeitado no grupo governista - não esteja conversando com outros candidatos a governador.

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