Festa de momo

Folia nas ruas e beleza na passarela marcam segunda-feira Gorda de Carnaval

Seja nos principais circuitos da cidade ou no espaço de apresentação das agremiações, a festa foi com muita animação, alegria e, principalmente, criatividade

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

Samba no pé, sorriso no rosto e descontração. Com estas virtudes, milhares de foliões tomaram conta das ruas e da passarela do samba na segunda-feira Gorda de Carnaval (12) em São Luís. Nos principais circuitos da cidade e no espaço de apresentação das agremiações, a festa foi com muita animação, alegria e, principalmente, criatividade. Na Passarela do Samba, no Anel Viário, uma exuberância de cores nos mais diferentes enredos, que foram desde homenagens a temas históricos, passando por religiosidade e diversidade sexual.

A programação na Passarela do Samba foi aberta com apresentações de grupos de tambor de crioula e desfile de blocos organizados (Unidos do Porto Grande, Canto Quente, Beatos do Samba, Mocidade do Samba e Turma do Saco). Em seguida, houve a apresentação de grupos de Turmas de Samba (Ritmistas de São José de Ribamar e Vinagreira do Samba).

Por volta das 21h30 desta segunda-feira (12), começou a sequência de desfile das agremiações que concorrem ao prêmio máximo oferecido pela Liga Independente das Escolas de Samba. Debaixo de forte chuva, a primeira a se apresentar foi a Unidos de Fátima. A escola originária do tradicional Bairro de Fátima, em São Luís, trouxe para a pista o enredo oriundo de 1998, que tratou da diversidade sexual.

Além de abusar das cores em virtude da bandeira alusiva à comunidade LGBT, as alas e alegorias trouxeram ao público e convidados em geral uma reflexão sobre a importância do respeito à variedade de gêneros. Representantes do grupo Gayvota vieram no abre-alas da escola.

A segunda escola a se apresentar foi a Túnel do Sacavém, que abordou a diversidade religiosa como tema. O enredo – “A festa da cultura popular na terra dos orixás” – levou uma reflexão acerca da origem das crenças no território maranhense, levando-se em conta a origem histórica da população local. Na comissão de frente, uma referência a temas como exorcismo e relação entre os diferentes santos. Em uma das alegorias, foi feita menção à Festa do Divino Espírito Santo.

Em seguida, foi a vez da Império Serrano, xará da agremiação mais famosa do carnaval carioca e representando o bairro do Monte Castelo. A escola maranhense contou a história de Ana Jansen (“Histórias e lendas de um Império”). Nascida no século 18, Ana Jansen foi uma figura considerada marcante no cenário socioeconômico do Brasil Imperial. De família rica, ela perdeu boa parte do dinheiro que tinha e se tornou líder do Partido Liberal.

A personalidade forte e a tendência em causar polêmicas foram mencionadas. Uma das lendas mais marcantes, a que faz menção à saída de Ana Jansen, após a sua morte, em uma carruagem encantada e puxada por cavalos sem-cabeça não foi esquecida pela agremiação e lembrada na comissão de frente e em uma das alegorias.

A Flor do Samba – tradicional escola do bairro do Desterro – foi a penúltima escola a se apresentar. Com o enredo “Hoje tem festança e cantoria: é a flor em Balsas! No centenário da cidade querida!” a escola não esqueceu do centenário da cidade maranhense situada no sul do estado e conhecida por sua importância econômica, em especial, no agronegócio.

A suntuosidade das alas e alegorias chamou a atenção do público, que vibrou com a passagem da escola. Nas arquibancadas, os torcedores tremularam bandeiras com o símbolo e as cores da Flor. “Além de citar a história e a economia, a escola mostrou na passarela uma Balsas que o Maranhão precisa conhecer”, disse o presidente da escola, Luís César Maia. Ano passado, a Flor do Samba conquistou a 4ª colocação no carnaval, abordando a história do Grupo Grita – produtor do espetáculo Via Sacra, no Anjo da Guarda. Em 2016, após questionar o resultado oficial do carnaval de passarela, a Flor do Samba recorreu judicialmente.

Por fim, a Madre Deus mais uma vez foi representada pela Turma do Quinto, escola que encerrou os desfiles das escolas de samba do carnaval maranhense. Com o tema “Dos versos do Guriatã, a Turma do Quinto canta as 27 Aldeias de Upaon-Açu”, a escola – além de fazer uma homenagem ao saudoso cantador Humberto de Maracanã – também destacou a existência de cerca de 27 tribos indígenas que se distribuíam por várias partes da Grande Ilha de Upaon-Açu – que mais tarde foi chamada de Ilha de São Luís.

De acordo com Gersinho Silva, representante da diretoria da escola, o objetivo foi resgatar a memória dos povos tradicionais. “Vale destacar a importância dos nossos antepassados, enaltecendo a resistência da cultura dos descendentes desta terra”, disse. A escola passou animada e levantou o público na passarela que vibrou com cada verso da agremiação, ansiosa por mais um título que não vem de forma soberana desde 2014.

VEJA AS IMAGENS FEITAS PELO REPÓRTER FOTOGRÁFICO PAULO SOARES

Carnaval 2018 Segunda Gorda

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