Balneabilidade

Praias impróprias reduzem expectativa dos hoteleiros em SL

Mas, mesmo com o mar poluído, a movimentação de pessoas foi grande no fim de semana na orla da Ilha; muitos aproveitaram para se divertir

Thiago Bastos e Daniel Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33
Embora poluídas, as praias da Ilha tiveram grande movimento no fim de semana de Carnaval
Embora poluídas, as praias da Ilha tiveram grande movimento no fim de semana de Carnaval (praia)

A condição negativa da orla da Região Metropolitana de São Luís que – pela segunda semana consecutiva, de acordo com o último laudo de balneabilidade emitido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) – está com 100% dos trechos impróprios para banho diminui a expectativa de boas ocupações por parte do setor hoteleiro. Levantamento feito pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Maranhão (ABIH) apontou que a taxa de ocupação da rede hoteleira na capital deveria aumentar 40% durante o Carnaval. No entanto, a própria entidade reconhece que o percentual seria maior, caso as condições das praias estivessem melhores. Na contramão do turismo, a população da Ilha não pareceu preocupada com a poluição e lotou as praias no fim de semana.

Segundo a ABIH, caso as condições da orla não melhorem, nos próximos meses, o setor sofrerá impactos diretos e indiretos. “O setor poderia ter uma arrecadação ainda maior, se as praias tivessem condições suficientes para receber os banhistas”, disse o presidente da ABIH, João Antônio Barros Filho.

De acordo com o dirigente, a situação das praias vai na contramão de outros aspectos positivos para o setor, nos últimos meses, entre eles, a entrega do primeiro trecho da duplicação da BR-135, entre Estiva e Bacabeira. “Com a entrega desta estrada ampliada, o visitante que antes se planejava com antecedência e que apresentava um perfil mais para o avião, atualmente prefere vir de carro e sem planejar, o que para o setor hoteleiro é positivo”, disse.

Nos próximos meses, representantes de entidades ligadas ao setor hoteleiro da cidade deverão requisitar reuniões com o poder público, em especial, com representantes do Governo do Maranhão, solicitando providências acerca da situação da orla da cidade.

O Estado já apontava, desde o fim do ano passado, para a possibilidade de queda nos níveis positivos de balneabilidade das praias, com a intensificação do período chuvoso. Segundo especialistas, com a elevação dos níveis pluviométricos, os detritos são transportados pelos afluentes que deságuam no mar com mais facilidade, contribuindo para a elevação dos índices de coliformes fecais.

Ainda no fim do ano passado, a chamada “língua negra” voltou a aparecer na orla da cidade, mais especificamente no trecho ao lado do parquinho, na praia do Calhau. Mesmo com os avisos sobre a impureza na orla da cidade, banhistas foram vistos, durante este fim de semana, em determinados trechos. Um dos mais frequentados era o da praia da Ponta d’Areia.

Movimento na praia
Mesmo com as praias impróprias para o banho, muita gente aproveitou o domingo de Carnaval para jogar uma partida de futebol na areia, caminhar no calçadão, tomar sol na orla, banho de mar, se bronzear ou apenas contemplar a natureza conversando com os amigos em um barzinho na areia.

O publicitário Edailton Silva, de 36 anos, aproveitou a folga para aproveitar a Praia do Caolho com a esposa e o filho. “Não curtimos Carnaval. Somos cristãos, mas a nossa igreja não teve retiro, aí preferimos vir para a praia. Sair um pouco de casa, tomar um sol e trazer nosso filho para se divertir”, explicou Silva. Ele também falou dos cuidados que têm devido a água do mar estar poluída. “Estamos sabendo da poluição nas praias de São Luís. Por isso, não ficamos muito no mar. Preferimos ficar mais na faixa de areia”, garantiu Silva.

“O movimento no dia de domingo é maior do que esse. Mas estou vendendo bem”, explicou Tiago Nascimento Marques, de 26 anos, vendedor de água de coco há 5 anos em praias da capital. O comerciante também aproveitou para criticar os esgotos expostos, que são recorrentes nas praias da Ilha.

“Os órgãos responsáveis deveriam tomar uma atitude em relação a esses esgotos a céu aberto nas praias. As pessoas, às vezes tomam banho nessas poças pensando que é água do mar, mas na verdade é água suja, que vem dos condomínios e bares daqui da Litorânea. Antes a água era bem limpa, mas agora está cada vez mais suja”, disse, indignado, Marques.

SAIBA MAIS

Segundo a Sema, para ser considerado impróprio, o trecho da orla deverá contar um valor (a partir das coletas feitas nos dias anteriores) superior a 2.00 coliformes fecais por 100 mililitros de água. De acordo com o órgão, para o recolhimento destes dados, foram usados métodos fixados na Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) nº 274. Conforme o último laudo de balneabilidade, divulgado na quinta-feira, 8, todas as praias de São Luís e de parte da Grande Ilha estão poluídas e, portanto, impróprias para banho. A constatação foi fruto de uma ação de monitoramento de amostras de água realizada em 21 trechos distribuídos nas praias da Ponta d’Areia, São Marcos, Calhau, Olho d’Água, na capital; e Praia do Meio e Araçagi, ambas em São José de Ribamar, pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) para verificar a balneabilidade das praias.

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