Merkel e social-democratas alcançam acordo de governo

Na Alemanha, conservadores e social-democratas formaram coalizão após mais de 4 meses de negociação; eles discordavam sobre a divisão do ministério, a reforma da saúde e a regulamentação dos contratos de trabalho temporários

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

Legenda/Reuters

Angela Merkel fecha acordo para formar um governo de coalizão na Alemanha

BERLIM - Os conservadores da chanceler alemã Angela Merkel e os social-democratas alcançaram um acordo para formar um governo de coalizão na Alemanha, mais de quatro meses após a eleição e depois de muitas horas de negociações ininterruptas em Berlim, anunciaram a imprensa do país e membros do parlamento ontem.

O canal de televisão público ARD, a revista "Der Spiegel" e o jornal "Bild" informaram que as duas partes resolveram suas divergências e assinarão um acordo.

Negociadores dos sociais-democratas (SPD) também publicaram em seus perfis nas redes sociais que o acordo foi fechado. "Cansados, mas contentes", escreveram os principais dirigentes do partido, ao lado de uma foto com o presidente da sigla, Martin Schulz. Segundo eles, o texto está pronto e agora estão sendo ajustados apenas os últimos detalhes.

Segundo o jornal “Bild”, Schulz deve se tornar o Ministro das Relações Exteriores.

O acordo foi fechado após mais de quatro meses de bloqueio político. Conservadores e social-democratas discordavam sobre a divisão do ministério, a reforma da saúde e a regulamentação dos contratos de trabalho temporários.

Segundo a imprensa alemã, os social-democratas estarão à frente de três importantes ministérios no futuro gabinete: Finanças, Relações Exteriores e Trabalho. A agência Reuters, citando uma fonte anônima, diz que o SPD ficou também com os ministérios da Justiça, da Família e do Meio Ambiente.

O acordo ainda precisa ser aprovado pelos 464 mil membros do SPD por meio de uma votação por correspondência, antes que o partido possa avançar e aderir a uma nova coalizão com Merkel.

Futuro de Merkel

Com a coalizão, Merkel assegura sua sobrevivência política, com um possível quarto mandato depois de 12 anos no poder. A incerteza política dos últimos quatro meses enfraqueceu o papel do país em assuntos internacionais e lenatou dúvidas sobre a permanência de Merkel no cargo de chanceler.

Depois do fracasso em novembro para alcançar o acordo, a chanceler ficou sem margem erros se quisesse conservar as rédeas do país. E havia se declarado disposta a "encontrar um compromisso construtivo" com o SPD, mas sem ultrapassar algumas linhas vermelhas.

No dia 12 de janeiro, Merkel conseguiu um pré-acordo, que depois foi submetido à aprovação das instâncias dirigentes dos três partidos envolvidos - especialmente o SPD, que entrou contrariado nas negociações depois de uma humilhante derrota nas legislativas de setembro do ano passado.

No último dia 22, o SPD exigiu dos conservadores concessões sobre imigração e assistência médica.

As negociações transcorreram em um contexto desfavorável tanto para os democrata-cristãos como para os social-democratas, ambos punidos pelos eleitores nas legislativas de setembro, que foram marcadas pela entrada no parlamento da extrema-direita do país.

Os dois somaram uma pequena maioria de votos e Merkel obteve uma vitória com um resultado historicamente baixo.

Na época, 56% dos alemães acreditava que a chanceler deixaria o cargo antes do final de seu mandato, segundo uma pesquis citada pela France Presse.

Concessões

Em uma medida que deve representar uma guinada na política alemã para a zona do euro, a mídia noticiou que o SPD ficará com o Ministério das Finanças, um posto até recentemente ocupado pelo conservador Wolfgang Schaeuble, amplamente criticado em países da zona do euro em dificuldades devido ao seu foco rígido na disciplina fiscal.

No começo da semana o líder do SPD, Martin Schulz, disse que seu partido conseguiu que um acordo com os conservadores encerre a "austeridade forçada" e estabeleça um orçamento de investimentos para a zona do euro.

Ceder o crucial Ministério das Finanças leva a crer que os conservadores tiveram que fazer grandes concessões ao SPD para acertar uma renovação da 'grande coalizão' que vem governando a Alemanha desde 2013 e garantir um quarto mandato para Merkel.

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