Vida Ciência

Estamos sós?

Dentro deste imaginário uma pergunta persiste em nós e sempre permanece enquanto dúvida latente: existe vida fora da Terra?

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

[e-s001]Nesta edição, a página VidaCiência trouxe para reflexão um assunto muito instigante, que sempre foi motivo de especulações e povoa até hoje o imaginário de muitas culturas ao longo da história das civilizações: a vida extraterrestre.
Dentro deste imaginário, uma pergunta persiste em nós e sempre permanece enquanto dúvida latente: existe vida fora da Terra? A princípio, poderíamos afirmar que sim e por várias razões, especialmente considerando o número de estrelas que se tem no universo.
Estima-se que somente na nossa galáxia, a Via Láctea, existam cerca de 200 a 400 bilhões de estrelas, e se estabelecermos como referência o Sistema Solar, só na Via Láctea teremos cerca de um trilhão de planetas, luas e outros corpos rochosos. Outro parâmetro que amplia esta possibilidade é o fato de que o sistema solar tem em média 5 bilhões de anos e o universo, próximo de 14 bilhões. Fatos estes que nos levam a pensar em uma probabilidade bem realista, em especial quando se fala na possibilidade de vida em condições extremas.
Um exemplo que torna esta probabilidade factível, é a bactéria Deinococcus radiodurans, que se destaca por resistir a doses altíssimas de radiação, ao vácuo, à dessecação e à temperatura, o que a torna ideal para testar a viabilidade de seres vivos fazerem uma viagem interplanetária sem a proteção de uma aeronave.
Até o momento, estudos internacionais, feitos inclusive pela Nasa, vêm testando a expectativa de vida no espaço com bactérias que se protegem formando uma carapaça, como se fossem múmias (cistos). Também podemos afirmar que basta a proteção de um grão de poeira para que a bactéria sobreviva em condições espaciais. As primeiras descobertas de vida fora da Terra provavelmente estão mais perto do que imaginamos, mas não serão homenzinhos verdes (fig.1) em naves espaciais e, sim, alguma espécie de plâncton ou de alga.

[e-s001] Com a tecnologia de hoje, buscaremos vida em qual lugar? Inicialmente, precisamos procurar em zonas habitáveis com a presença de atmosfera, água e estabilidade para gerar vida, em especial para surgimento de vida complexa. Planetas com funções equivalentes a do nosso planeta.
Existe muita água no Sistema Solar e é quase certo que há oceanos de água salgada sob as conchas geladas das luas de Júpiter, Europa e Ganímedes, assim como na lua de Saturno, Enceladus. A água é mantida líquida pela gravidade intensa dos planetas gigantes.
Enceladus, a sexta maior lua de Saturno, com um oceano profundo de seis milhas, tem fontes hidrotérmicas na base, semelhantes as que abrigam vida na Terra.
Em Ganímedes, a maior lua de Júpiter (e do Sistema Solar), acredita-se que exista um grande oceano de água salgada. E Europa, sexta lua mais próxima de Júpiter, e a menor das cinco principais luas, têm nuvens de gelo no polo sul. Outros alvos promissores e fora do sistema solar estão de 30 e 50 anos-luz de distância da terra. Em fevereiro de 2016 um novo sistema com 7 planetas chamou a atenção da comunidade científica desde que foi descoberto, em fevereiro do ano passado, por todos terem dimensões parecidas com as da Terra. Os pesquisadores do Instituto de Ciência Planetária (PSI - Tucson, Arizona) montaram modelos matemáticos que indicam a possibilidade de seis deles possuírem água, líquida ou congelada, com um oceano global possível em um dos exoplanetas. O trabalho foi publicado na revista “Astronomy & Astrophysics”. Este sistema fica a 39 anos-luz da e recebeu o nome de TRAPPIST-1. Vasmos então esperar repostas dos Astrobiologistas.
O artigo desta edição, assinado pelo professor Sergio Brenha descreve como se estuda a distribuição do fenômeno Vida na astrobiologia, área da ciência que trata da origem, da evolução, do destino da vida, e nas últimas décadas, procura indícios de vida inteligente fora da Terra.
Sergio Brenha é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Maranhão e mestre em Geologia Ambiental pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é professor Adjunto I do Departamento de Biologia da UFMA atuando principalmente nos seguintes temas: Geologia Ambiental e Astrobiologia.

Astrobiologia - Sergio Brenha

[e-s001]O homem é uma espécie universal, povoamos todas as zonas habitáveis do nosso Cosmo, somos dominantes e estamos presentes em todas as galáxias, fomos disseminados e espalhados por todos os sistemas planetários, desde a vida microbiana até o Homo sapiens.
A Astrobiologia ou Biologia Astronômica estuda a distribuição do fenômeno chamado vida, desde a sua origem até a sua dispersão atual, com ênfase na Terra e em planetas vizinhos, mas destacando a importância dos cometas e asteroides na dispersão por litopanspermia de vida microscópica em todo o sistema solar. Esta metadisciplina utiliza toda a ciência útil produzida e descoberta em qualquer lugar deste planeta, essencialmente sob o ponto de vista prático e desenvolvendo pesquisas complexas de forma colaborativa, e se propõe a finalmente responder as questões: De onde viemos? Para onde vamos? Estamos sozinhos? Três questões fundamentais que a humanidade vem se fazendo há milênios.
Por que a nossa existência remete-nos a filósofos e teólogos? Se vamos sobreviver no futuro e certamente não somos o único planeta habitado em todo o Cosmo, a nossa história já existe no passado e não pode ser apagada. É só uma questão de tempo para sermos conscientes de tudo. Para explorar os outros mundos do nosso sistema solar estamos usando substitutos robóticos e a exploração está bastante avançada em Marte. Ptolomeu de Alexandria foi o primeiro astrônomo a estimar o tamanho do Universo com 130 milhões de quilômetros de raio, pouco menor que a órbita terrestre.
As reações termonucleares das estrelas, o seu brilho e a sua brutal força gravitacional, até os misteriosos buracos negros. A rota química desde as moléculas orgânicas pré-bióticas produzidas por abiogênese nas nebulosas, até o início do processo de evolução darwiniana por meio da seleção natural. As mesmas leis da física que conhecemos, a nossa química básica da formação dos elementos químicos até as moléculas orgânicas sobretudo as leis biológicas são comuns e aplicáveis em todo o Cosmo.
O filósofo italiano Giordano Bruno propôs em 1584 que as estrelas eram outros sóis distantes com seus planetas habitados por seres vivos como os terrestres, foi o primeiro astrobiólogo. Deixando de lado aspirações com os avistamentos dos OVNIs e realizando experimentos científicos sérios a Astrobiologia surge como uma ciência de vanguarda, acompanhada de descobertas científicas confiáveis mostrando o quanto já sabemos sobre o assunto. (Ref. “Astrobiologia uma ciência emergente”, 2016, IAG/USP – “Seres do Espaço”, Maria Guimarães, Pesquisa Fapesp, no 176, 2010.)

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