Artigo

O saber cuidar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

Na atualidade o contato direto com as pessoas está ficando cada vez mais raro, sendo substituído pelas imagens do mundo virtual que provoca uma espécie de hipnose nas pessoas aprofundando seu isolamento. Em plena era da comunicação, contraditoriamente, cada vez menos se dialoga presencialmente com os iguais. As pessoas ainda não se deram conta, mas à medida que o tempo corre, na comunidade do conhecimento e da informação um mundo virtual vai se constituindo para as pessoas que permanecem a maior parte do tempo conectadas a internet, fetichizadas com as ofertas que as tecnologias da informação disponibilizam. Alguns rápidos comandos substituem o contato com humanos e com a natureza.

O médico francês, Henri Wallon (1879-1962), afirmou que, os humanos são geneticamente sociais, o indivíduo é essencialmente e intrinsecamente social, segundo ele, o que significa dizer que nós, humanos, necessitamos de cuidados permanente, mas nos dias atuais com as novas relações do homem com a tecnologia a falta do cuidado entre nós é dominante e os danos aliados a essa ausência é um drama para o homem. Basta verificar as estatísticas do aumento da mortalidade infantil nas regiões e países mais pobres. De acordo com a organização internacional dos Médicos Sem Fronteiras, mais de 8 mil crianças com menos de 5 anos morrem por causa da fome e da subnutrição, estamos perdendo vidas na mais tenra idade, a cada minuto seis crianças morrem no mundo e são mortes que têm como causa, a pobreza extrema e a estupidez das guerras, questões que refletem a falta de cuidado de quem pode mais com quem pode menos.

Na contradição dessa realidade, amplia-se a necessidade do Saber Cuidar e o ato de cuidar bem das pessoas relaciona-se com os cuidados com a Educação, com o meio ambiente, segurança alimentar e nutricional. Cuidar bem conduz à redução de crimes contra a infância através do trabalho infantil, da violência e da crueldade. Um certo professor desabafa: “economizar com pobres é economizar migalhas, o gasto mais pesado no Brasil é com os mais ricos”. Na mesma linha de pensar encontra-se o teólogo e filósofo Leonardo Boff, quando afirma que há descuido e descaso com vidas de inocentes crianças, assim como há descuido e descaso na salvaguarda de nossa casa comum, o planeta Terra.

Por isso, é necessário que os governantes e empresários encontrem alternativas para evitar indústrias poluentes, a contaminação do solo e dos alimentos com produtos químicos, por que são estes que atingem as indefesas camadas sociais mais pobres que são penalizadas com a perda da saúde e da vida.

A formação para o saber cuidar precisa ser reaprendida, no contexto familiar, para a troca do afeto, do cuidado com carinho, na escola, com o trabalho para além da transmissão do conhecimento, recriar o conteúdo e as formas de relações interpessoais professor e aluno, aluno e aluno, e do conjunto de pessoas envolvidas no ato educativo. Ambos espaços sociais que se tornaram frios, como inúmeros outros, com a falta do toque e do contato humano, sendo urgente o resgate do geneticamente social, do conviver fraterno. Quanto ao mundo em geral, a urgência é a de uma nova ética, com o humano, com a natureza, pela paz do planeta e do universo.

Marise Piedade Carvalho

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, é professora de educação do Instituto Federal do Maranhão IFMA, Campus Monte Castelo

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