Manifestação

Mulheres protestam contra uso do véu islâmico no Irã

Em gesto simbólico, iranianas tiram o hijab em ruas movimentadas de Teerã e, com os cabelos à mostra, erguem-no na ponta de um galho. Pelo menos seis já foram presas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

TEERÃ - ​Uma série de mulheres voltou às ruas do Irã em protesto contra a lei que obriga o uso do véu islâmico no país, segundo mostram imagens publicadas em redes sociais ontem. Pelo menos seis delas foram detidas após, num gesto simbólico, tirarem o hijab e segurá-lo na ponta de um galho, com o cabelo à mostra.

No Twitter, jornalistas iranianas compartilharam ao longo do dia uma série de fotos de mulheres em cima de bancos ou caixas de fiação, erguendo seus véus como se fossem bandeiras.

"Essas mulheres são realmente corajosas. Tirar seu hijab em uma rua movimentada para fazer uma manifestação política desse tipo pode levá-las ao pagamento de multa ou mesmo à cadeia", escreveu a jornalista Negar Mortazavi.

As mulheres detidas ontem, ainda não identificadas, repetiram o gesto de Vida Movahed, detida em 27 de dezembro passado, em manifestação contra o uso compulsório da vestimenta islâmica, um dia antes de se alastrarem os protestos contra o governo de Hassan Rohani em todo o país.

Imagens que circularam à época nas redes sociais mostravam Movahed erguendo o hijab também no centro de Teerã, sendo posteriormente detida pela polícia iraniana. O uso do véu para cobrir os cabelos de mulheres é obrigatório no Irã desde a Revolução Islâmica, em 1979.

Símbolo

Movahed acabou se tornando símbolo das marchas posteriores contra o governo, que tiveram inicialmente como alvo a inflação e o desemprego, mas logo se voltaram contra Rohani e o regime como um todo. Confrontos violentos durante os dez dias de protestos deixaram cerca de 25 mortos.

Ontem, após longo mistério sobre o paradeiro de Movahed depois de sua detenção, a advogada Nasrin Sotoudeh, conhecida no país por defender os direitos humanos, informou que a manifestante iraniana foi solta pelas autoridades.

À agência de notícias AFP, Sotoudeh declarou ter tido acesso ao caso de Movahed na Justiça e ter sido informada por uma autoridade judicial que a mulher foi "libertada".

"Muitas meninas e mulheres estão fartas dessa violência. Deixem as mulheres assumirem o controle de seus próprios corpos", escreveu a advogada em publicação no Facebook, referindo-se ao uso obrigatório do véu islâmico no Irã.

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