Ameaça

Trump corta ajuda a palestinos se não buscarem a paz com Israel

Presidente americano afirmou ''buscar a paz no Oriente Médio''; para os palestinos, presidente Trump demonstrou sua posição pró-israelense e deslegitimou os Estados Unidos no papel de mediadores de um processo de paz

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33
Presidente Donald Trump acena após chegar ontem a Zurique, na Suíça
Presidente Donald Trump acena após chegar ontem a Zurique, na Suíça (Presidente Donald Trump acena após chegar ontem a Zurique, na Suíça)

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou retirar o auxílio aos palestinos se eles não buscarem a paz com Israel. A declaração foi dada após um encontro com o o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no Fórum Econômico Mundial, em Davos.

Há uma semana, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, optou por não se reunir com o vice-presidente americano, Mike Pence, que visitava o Oriente Médio. A decisão foi uma resposta ao fato de Trump ter reconhecido Jerusalém como capital de Israel.

"Quando eles (palestinos) nos desrespeitaram há uma semana por não permitir que nosso grande vice-presidente os visse, e nós damos a eles centenas de milhões de dólares em ajuda e apoio, números tremendos - esse dinheiro está na mesa e não vai para eles, a menos que negociem a paz", disse Trump.

Para os palestinos, Trump demonstrou sua posição pró-israelense e deslegitimou os Estados Unidos no papel de mediadores de um processo de paz.

Expectativa

Primeiro presidente americano a ir ao Fórum desde Bill Clinton, em 2000, Trump provoca reações contraditórias entre os cerca de 2.500 delegados e 70 chefes de Estado e de governo que estão em Davos.

De um lado, estão os grandes empresários que comemoram sua recente reforma tributária, a qual reduz a carga de impostos para empresas, e que celebram ainda a alta da Bolsa nos Estados Unidos e o crescimento econômico do país.

Do outro, seu discurso protecionista e suas declarações intempestivas sobre questões geopolíticas não agradam em Davos, onde muitos dos seminários estão dedicados a explicar os benefícios do livre-comércio e da globalização.

"Não é um público especialmente bem predisposto", comentou William Allein Reinsch, do Center for International and Security Studies. Segundo ele, dizer que Trump "se mete na boca do lobo é uma boa metáfora".

"Não vamos ficar com a ideia de que há um enfrentamento entre Europa e Estados Unidos. Não é possível, não é desejável (...) mas está claro que há duas vias", afirmou o comissário europeu de Assuntos Econômicos da União Europeia, Pierre Moscovici, em conversa com a AFP.

A acolhida a Trump pode ser muito mais fria do que a cálida recepção que tiveram líderes como o presidente francês, Emmanuel Macron, ou o premiê canadense, Justin Trudeau. No discurso de ambos está o pedido por uma globalização mais justa, capaz de reduzir as crescentes desigualdades no mundo.

"Falei com ele [Trump] por telefone e lhe recomendei vivamente que viesse a Davos para explicar sua estratégia e mergulhar neste ambiente, confrontar-se com essas ideias, estar conosco nesse multilateralismo um tanto informal", declarou Macron em entrevista à emissora suíça de rádio e televisão RTS.

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