Saúde na Folia

Casos de infecção alimentar aumentam durante o pré-Carnaval

Prevenção passa por escolher bem os alimentos e o local onde são vendidos, além de observar o acondicionamento e como são manuseados e feitos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

Imagine a cena: no meio da folia, no pré-Carnaval, amigos se divertem no bloco. Depois, chega a fome e há opções por todos os lados: churrasquinho, cachorro-quente, sanduíches naturais, salgados, suco, refrigerante, etc. Nesse momento, a escolha deve levar em consideração não só o que a fome pede, mas, principalmente, as condições do local onde o alimento é vendido. O risco é de se contrair uma infecção alimentar, segundo o médico clínico geral, Paulo Sampaio, do Hapvida Saúde.

Foi exatamente isso o que a publicitária Amanda Baldez viveu no fim de semana passado, quando decidiu comer um milho cozido na banquinha armada na rua, depois do bloco de Carnaval. “Fiquei vários dias me sentindo muito mal e tenho certeza que foi o milho, porque a água do cozimento estava com uma cor diferente, mas na hora a gente nem repara os detalhes”, comentou a foliã. Casos como o de Amanda Baldez têm sido relatados com frequência nos hospitais. Os pacientes com quadros semelhantes muitas vezes precisam ficar em observação.

Para se desenvolver a infecção, basta que os alimentos, incluindo ou não as bebidas, estejam contaminados com micróbios patogênicos, que incluem uma variedade de bactérias, vírus e parasitas. Os micróbios entram no organismo por meio do trato gastrointestinal. “Muitos micróbios podem se espalhar de diferentes formas. Por isso, não é possível sempre saber se a doença foi de origem alimentar”, ressalta o especialista.

Tratamento
A orientação do especialista é que o médico deve ser consultado quando os sintomas da infecção alimentar vierem acompanhados por febre alta; sangue nas fezes; vômito prolongado que impede a manutenção de líquidos no organismo; sinais de desidratação, como diminuição da frequência de urinar, boca ou garganta seca, tontura ao levantar e diarreia.

Se a infecção alimentar for diagnosticada como bacteriana, haverá a prescrição de antibiótico. Porém, muitos casos de diarreia são causados por vírus e melhoram em 2 ou 3 dias, de forma natural. “Antibióticos não têm efeito em vírus e podem causar mais mal do que bem se usados sem necessidade”, avalia Paulo Sampaio.

No mais, o tratamento geralmente é para aliviar sintomas como a febre, náuseas e vômitos. Mas a prevenção é sempre o melhor caminho, como lavar bem as mãos, para evitar que a doença se espalhe para outras pessoas.

SAIBA MAIS

Bactérias
As infecções alimentares mais comuns são aquelas causadas pelas bactérias Campylobacter, E. coli O157:H7 e Salmonella e também por um grupo de vírus chamado calicivírus.
Campylobacter – É uma bactéria patogênica, que causa febre, diarreia e dor abdominal. É a bactéria mais comumente identificada como causa de diarreia no mundo. “Essa bactéria vive no intestino de pássaros saudáveis, e a maioria das carnes de frango cruas tem a Campylobacter. Comer frango sem cozinhá-lo é a causa mais comum dessa infecção”, salienta Paulo Sampaio.
Salmonella – Também é uma bactéria que vive no intestino de pássaros, répteis e mamíferos. Ela pode infectar humanos por vários tipos diferentes de alimentos de origem animal. A doença causa febre, diarreia e dor abdominal. “Se a pessoa tiver o sistema imunológico fraco, a bactéria pode invadir a corrente sanguínea e causar infecção, que precisa de tratamento por toda a vida”, alerta.
E. coli O157:H7 – é uma bactéria patogênica que tem como hospedeiros gado e animais similares. A infecção em humanos geralmente se segue ao consumo de alimentos ou água que foi contaminada com quantidades microscópicas de fezes de gado. Os sintomas da doença são, geralmente, diarréia grave com sangue e cólicas abdominais fortes, sem muita febre. “Em 3 a 5% dos casos, há uma complicação chamada síndrome hemolítica urêmica, que pode ocorrer várias semanas depois dos sintomas iniciais. Essa complicação grave inclui anemia temporária, sangramento forte e falha renal”, explica o médico.

Folião deve ter cuidados durante festas de Momo

Os meses de janeiro e fevereiro são tomados por fortes chuvas, propícios para a proliferação de doenças infectocontagiosas, como resfriado. Assim, as grandes aglomerações durante a folia facilitam a transmissão do vírus da gripe, visto que o mesmo é passado por via oral.

A desidratação durante o Carnaval é algo frequente de acontecer, devido ao alto consumo de bebidas ingeridas por parte dos foliões, que esquecem a hidratação. Nesses casos, o médico emergentista, Khalil Feitosa de Oliveira, indica a ingestão de bastante água entre uma bebida alcoólica e outra. “É essencial que o folião não esqueça de se hidratar, seja com suco ou água”, disse Khalil Feitosa de Oliveira.

A exposição ao sol em horário inadequado, durante a folia, também prejudica a saúde do folião, gerando problemas graves de pele. “O essencial nesses casos é procurar uma sombra. Caso isso não ocorra, o uso de protetor solar é o mais indicado”, acrescentou o médico. Os cuidados com acidentes nas ruas onde ocorre a fes­ta carnavalesca também devem ser tomados, evitando os exageros. Ele destacou ainda que o descanso é muito importante para as energias do corpo. “O folião deve respeitar o limite do corpo”, frisou.

A maquiagem como complemento das fantasias é normal nesse período. Entretanto, o uso em grande quantidade de produtos impróprios para pele, como tintas e glitter, pode causar irritações graves. “O folião deve ficar atento aos materiais utilizados no corpo e se são próprios para aque­la situação. Caso faça uso, é ideal não esquecer de retirar ao final da folia”, complementou Khalil Feitosa de Oliveira.

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