A pequena comunidade rural de Inhaúma, zona rural de São Luís, tem dado passos pequenos, porém firmes, para conquistar a atenção em torno de um projeto sustentável, que vem mudando a vida de 17 famílias. Depois de fundarem, no ano passado, o Núcleo Produtivo Inhaúma Sustentável, eles colocaram em prática a ideia de produzir vassouras artesanais com garrafas PET. Em uma pequena fábrica que está em pleno funcionamento, há cerca de três meses, em espaço cedido pela União de Moradores de Inhaúma, a produção das vassouras pode chegar a 200 unidades por mês, que são vendidas a R$ 10,00 cada. Numa bancada, os equipamentos utilizados são uma desfiadeira com motor, cortadeira, guilhotina e prensa de montagem.

No processo de produção, o grupo utiliza 10 garrafas para produzir uma vassoura. O primeiro passo é a coleta da matéria-prima, o que acontece a partir de doações dos parceiros que atuam em bares e restaurantes. Após a limpeza e a coleta das garrafas, retira-se o fundo para, em seguida, ser levada para uma desfiadeira, para que seja transformada em vários fios. Na sequência, os fios passam por um forno, que torna o material mais enrijecido, e depois é feito o corte numa guilhotina, para que todos os fios fiquem com o mesmo tamanho. Por fim, a montagem da vassoura é concluída com o encaixe do cabo, feito com madeira de reflorestamento.

"Quando começamos a produzir, eu mostrei uma vassoura pronta a um dono de bar aqui da comunidade e ele reparou que o nome da comunidade estava impresso no adesivo colado na vassoura. Ele ficou orgulhoso em ver que as pessoas que comprariam a vassoura saberiam que o produto é feito em Inhaúma. Ele brincou dizendo que iríamos conquistar o mundo", lembra a representante do Núcleo Produtivo, Glória Mendonça.

Orgulho e autoestima
Além do trabalho de conscientização que todos os envolvidos têm ao recolher o que na maioria das vezes é descartado nas ruas, as vassouras artesanais ainda estão contribuindo para aumentar a autoestima da comunidade. Os equipamentos utilizados facilitam o processo, mas tudo é feito de forma artesanal. Por essa razão, o produto foi batizado de Eco-Vassouras Artesanais.

O projeto, que conta com o apoio da Vale e do Grupo de Apoio às Comunidades Carentes do Maranhão (GAAC-MA), tem ambição de ampliar sua produção e aumentar as vendas. O trabalho de "formiguinha" acontece por meio das participações que o grupo tem feito em feiras e eventos voltados para a temática da sustentabilidade. "Vamos intensificar a divulgação das vassouras, pois acreditamos que temos um produto que, se comparado às vassouras de piaçava, pode durar até três anos, isto sem falar que é uma atividade que valoriza a preservação ambiental", explica outra integrante do Núcleo, Katia Cilene.

As palavras de Kátia Cilene estão de acordo com o que pensa o gerente de Relações com Comunidade da Vale em São Luís, Daniel Florenzano. "O projeto Inhaúma Sustentável traz muito orgulho para nós, pois vai além de uma simples vassoura. Ele representa sonhos, tem uma pegada sustentável e gera renda para os envolvidos. A cada vassoura produzida, são pelo menos dez garrafas pets, que poderiam estar poluindo a comunidade. Hoje, a comunidade comemora a conquista e o protagonismo do grupo e sonha grande com o projeto", atesta ele.

A ideia de criar uma fábrica de vassouras na comunidade partiu das reuniões que costumam acontecer entre a Vale e seus moradores, quando foi identificado o desejo de criar um projeto que contribuísse no desenvolvimento econômico local. A partir de en­tão, a criação da fábrica de vassouras passou a integrar o projeto Qualificar para Transformar, que reúne uma série de iniciativas que busca ajudar diversas comunidades que se relacionam com a Vale e gerar renda para seus moradores e promover a melhoria na qualidade de vida. Por meio do GAAC-MA, todos os envolvidos receberam capacitação que incluiu conhecimentos em empreendedorismo ambiental e disciplinas para saber operar o maquinário.

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