Crítica

Trump é ''desastre'' para direitos humanos, diz Human Rights Watch

Chefe de organização internacional diz que Trump encoraja atos de repressão de países como China e Rússia e age como racista. Ele ainda afirmou que francês Macron precisa preencher vazio deixado por EUA e Reino Unido

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

PARIS - A atuação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na área de direitos humanos tem sido um “desastre” em seu primeiro ano no cargo, e tem encorajado atos de opressão por líderes autoritários da China à Rússia, disse o chefe da organização não governamental Human Rights Watch (HRW) em entrevista.

Kenneth Roth fez a declaração na quarta-feira,17, véspera do lançamento, ontem, do relatório anual da HRW em Paris, onde ele disse que o presidente francês, Emmanuel Macron, precisa preencher um vazio deixado por países como o Reino Unido, que foi distraído pelo Brexit, e os Estados Unidos, que têm ficado amplamente ausentes do panorama de direitos humanos.

“Trump tem sido um desastre para o movimento de direitos humanos, em parte porque parece ter este desejo insaciável de abraçar pessoas que conseguem governar sem os pesos e contrapesos da democracia”, disse Roth em entrevista.

“Trump parece desejar poder fazer isto. Isto torna muito mais difícil para o movimento dos direitos humanos defender os direitos humanos, porque nós ganhamos nosso poder por meio da nossa capacidade de envergonhar governos abusivos”.

Roth citou a Rússia e a China por realizaram uma “intensa repressão” contra adversários e, após Trump ter descrito, segundo fontes, países africanos e o Haiti como “países de merda”, disse que o presidente dos EUA havia “encontrado vantagem política em agir como um racista”.

A HRW, com sede em Nova York, apresentou seu relatório em Paris para ressaltar o papel de Macron em conter o crescimento da extrema-direita na Europa, disse Roth, mas também para mandar ao líder francês um sinal de que o mundo está esperando mais dele em direitos humanos.

Alerta

Desde que assumiu, em maio, Macron tem sido criticado por somente alertar sobre direitos humanos em países onde há pouco em jogo para a França, e se esquivar quando interesses nacionais podem ser prejudicados.

Embora Macron tenha sido contundente com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ele mostrou fraquezas em outros lugares, disse Roth.

O presidente da HRW citou a visita de Macron à China, onde ele quase não falou sobre direitos humanos, seu fracasso em apoiar uma investigação de ações sauditas no Iêmen e sua fala ao presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, de que não poderia ensiná-lo sobre direitos humanos.

“É fácil defender direitos humanos quando é de graça, quando não há custo real em fazê-lo. Mas quando você está lidando com contratos (comerciais) chineses ou sauditas, ou você está lidando com a possível ajuda egípcia na luta contra o terrorismo... Macron tem sido mais resistente em se levantar pelos direitos humanos”.

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