Transporte e política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

Em janeiro deste ano, todas as capitais sofreram reajuste das tarifas do transporte público, recebidas às vezes com protestos e indiferenças. No caso de São Luís, o que se observa é diferente: há um debate intenso nos bastidores - com forte viés político - que só agora começa a chegar ao público.
O sistema de transporte de São Luís foi licitado em agosto de 2016 com promessas de melhorias do serviço e um grande salto de qualidade, mudanças, de fato, perceptíveis, constatação da própria população como avaliadora dessas implementações.
Em setembro de 2017 seria a data-base para o realinhamento tarifário, segundo o Edital de Licitação. O Sindicato das Empresas de Transporte apresentou estudos em busca de um valor para a chamada Tarifa de Remuneração do Contrato de Concessão. Essa tarifa pode ser repassada integralmente ao passageiro ou parcialmente subsidiada, como consta no edital - estudo aponta, hoje, para valor na casa dos R$ 4,00.
O prefeito Edivaldo Júnior segurou o reajuste do ano passado - já que havia prometido em debate de campanha - e recusou-se a debater os custos de investimentos, insumos e equipamentos - diesel, salários etc...
Neste início de 2018, as empresas voltaram a cobrar pelo reajuste, e o prefeito se vê obrigado a ceder, diante de quase dois anos sem nenhum acréscimo nas tarifas. As empresas entendem que, sem essa correção na tarifa, haverá retrocesso no sistema, cuja promessa de modernização ficou estabelecida na licitação.
Mas agora entra o fator eleitoral, envolvendo ninguém menos que o governador Flávio Dino (PCdoB) - em tese, sem qualquer relação com o transporte público em São Luís. E Dino já avisou a Edivaldo: um reajuste, agora, acarretará prejuízos à sua campanha. O prefeito está, portanto, entre o comunista e os empresários.

Retaliação
As demissões de gente ligada a ele estão sendo tratadas como retaliação pelo próprio ex-governador José Reinaldo Tavares (sem partido).
Curiosamente, no entanto, Tavares evita qualquer expressão em relação ao assunto, como faz com qualquer tema relacionado a Dino.
Publicadas no Diário Oficial do Estado no dia 3 de janeiro, as demissões têm assinatura do próprio sobrinho do ex-governador, o chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares.

Lavagem?
O TCE-MA determinou, cautelarmente, a suspensão de um contrato de R$ 120 mil mensais entre a Prefeitura de Zé Doca e a TV Record na cidade.
Se o contrato estiver em vigor, a decisão é pela suspensão dos pagamentos. A Corte de Contas, no entanto, indeferiu pedido de afastamento da prefeita Josinha Cunha (PR).
Além dos R$ 120 mil por mês, chama atenção no contrato o fato de que o endereço da TV é o mesmo de uma empresa que teve Josinha como sócia até 2015.

Baixo nível
A deselegância e a falta de respeito parecem fazer parte da rotina de boa parte daqueles que compõem o Governo Flávio Dino.
Secretários de Estado, militantes partidários, assessores do governador e até membros da base governista na Assembleia Legislativa vez ou outra protagonizam cenas lamentáveis.
A baixaria que marcou a inauguração de obra na BR-135 foi só mais um episódio de tantos outros. E basta acessar as redes sociais dos comunistas para tirar a prova.

Pequeno
O próprio governador Flávio Dino, que costumeiramente utiliza expressões chulas para referir-se a adversários políticos, além de arrogante, é também um ator.
Feroz no teclado, o chefe do governo dá ataques em redes sociais e desafia até o Judiciário, quando é contrariado.
Mas bastam uma câmera, microfone ou entrevista a um veículo de circulação nacional para ele posar de democrata, republicano.

Futebol e TV
O presidente da Federação Maranhense de Futebol (FMF), Antônio Américo, voltou a tratar do polêmico repasse de verba para uma emissora de TV transmitir o Campeonato Maranhense de 2017.
A emissora dividiu R$ 900 mil com a própria FMF, com o compromisso de transmitir os jogos do estadual, mas acabou levando à TV apenas uma partida.
Em entrevista a O Imparcial, Américo garantiu que, por conta disso, em 2018 será diferente: “A emissora que for transmitir só vai receber o valor após a transmissão dos jogos”.

Motenses
Em 2017, o governo Flávio Dino impôs ao Moto Club a eleição de aliados seus para o comando do futebol, como condição para liberação de recursos ao time em 2018.
Recentemente, também por obra dos comunistas, dirigentes motenses foram levados a recuar de uma ação contra a FMF, exatamente por conta do campeonato de 2017.
A ação no tradicional clube maranhense é mais uma mostra de que os comunistas que ora ocupam o Palácio dos Leões estão mesmo dispostos a se envolver em todas as áreas.

DE OLHO
R$ 10 milhões é o valor de emendas parlamentares encaminhadas ao Distrito Sanitário Indígena do Maranhão, suspeito de desvios da ordem de R$ 3,6 milhões

E MAIS

• Apesar dos sinais externos que dizem o contrário, aliados do ex-governador José Reinaldo apostam que ainda será ele o candidato número 2 do Palácio dos Leões ao Senado.

• A CGU está monitorando com lupa a atuação do Distrito Sanitário Indígena no Maranhão, cuja direção já foi alvo de suspeitas em suas atuações no Amazonas.

• O DEM ainda não confirmou nem a filiação de José Reinaldo, muito menos a de Felipe Camarão, mesmo após negociação de apoio ao governo Flávio Dino.

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