Lava Jato

Lula critica passagem de presidente do TRF-4 por gabinetes de Brasília

Desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz pediu proteção ao STF e ao Gabinete militar e deu declarações favoráveis sobre a sentença do juiz Sérgio Moro

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

RIO DE JANEIRO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, na noite de terça-feira, 16, as visitas que o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, fez à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, e ao general Sérgio Westphalen Etchegoyen, ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

"Achei estranho que esse cidadão vá a Brasília pedir proteção da Suprema Corte e pro general Etchegoyen sem dizer quem está ameaçando", afirmou.

"Não vou falar mal dos juízes de Porto Alegre porque não os conheço e não posso julgar, mas estranhei o presidente do Tribunal não ter lido a sentença e ter falado que ela era irretocável", ressaltou, ao relembrar a entrevista de Flores em que admitiu não ter lido a peça.

As declarações foram dadas durante evento de apoio a Lula no Teatro Oi Casagrande, no Rio de Janeiro, que contou com a presença de artistas, intelectuais e políticos, e lotou o local. O recurso de Lula contra a condenação a nove anos e meio de prisão, determinado pelo juiz federal Sérgio Moro no caso do tríplex, será julgado no próximo dia 24, pelo TRF4.

O ex-presidente afirmou que Flores é bisneto do coronel que ordenou a invasão de Canudos, na Bahia, no final do século 19, e que resultou na morte do líder local Antônio Conselheiro. "Esse cidadão é bisneto do general que invadiu Canudos e matou Antônio Conselheiro. Talvez ele ache que eu seja cidadão de Canudos", disse Lula.

O ex-presidente afirmou ainda que seus opositores "querem transformar o Brasil no Caldeirão do Huck", numa referência ao apresentador da TV Globo Luciano Huck, apontado como possível candidato à presidência.

Lula voltou a dizer que a única coisa que espera dos juízes é que se atenham aos autos do processo. "Espero que os juízes do Tribunal leiam a sentença e, com base do que está escrito na minha defesa e nas provas, tomem a decisão. É a única coisa que eu peço. E que não tentem tomar decisões políticas para condenar um inocente", disse Lula em ato no Rio de Janeiro.

O ato, organizado por artistas e intelectuais do Rio de Janeiro, teve como eixo a defesa do direito de Lula ser candidato à Presidência."Eu já provei minha inocência. E agora desafio que provem alguma culpa minha", declarou Lula. "Minha honra vale muito. Se não tive coragem de roubar uma maçã que tinha vontade quando era pequeno, eu ia roubar um apartamento de R$ 500 mil?!", questionou.

Sobre o desejo de se candidatar novamente ao Planalto, Lula foi taxativo. "Não preciso ser presidente, eu já fui. Ninguém é obrigado a me apoiar para presidente, mas olha, agora quero ser. O dia que eles aprenderem a falar menos em corte e perceberem que uma nação não é construída por cotas de mercado e sim por homens e mulheres... E se é isso que incomoda eles, agora eu quero incomodar", avisou Lula.

O ato foi marcado pela solidariedade ao ex-presidente e pela defesa de sua candidatura. Artistas como o ator Gregório Duvivier lembraram o caráter do evento. "Não estou aqui em defesa de um ser humano e sim de um país inteiro e de todas as pessoas que são presas injustamente. Isso não quer dizer que vou votar nele, mas que eu quero poder decidir em quem eu vou votar", argumentou.

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O ato do Rio de Janeiro contou com a presença da cantora Beth Carvalho, de atores como Bemvindo Sequeira, Osmar Prado, Tonico Pereira, da escritora Conceição Evaristo, do diretor teatral Aderbal Freire-Filho, da filósofa Márcia Tiburi, do presidente do MTST, Guilherme Boulos, entre outros. Também está programado um ato nos mesmos moldes, dessa vez em São Paulo, nesta quinta-feira, 18. O evento vai ocorrer na Casa Portugal, às 19h.

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