Falência

Atrasos em salários e ausência de serviços expõem caos na saúde

Sindicato de técnicos de enfermagem e enfermeiros do estado denunciou demora no pagamento; unidades referências negam procedimentos básicos

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

[e-s001]Atrasos nos salários e ausência de serviços básicos expõem o caos na saúde estadual. Enquanto o Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem e Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde do Estado do Maranhão (Sindsaúde) denuncia que 10 mil servidores ainda não receberam, até o fechamento desta edição, o pagamento referente ao último mês de dezembro, pacientes informam que em unidades consideradas referências no atendimento no Maranhão, como o Hospital de Câncer, não há a oferta de procedimentos básicos, como tomografia, por exemplo. Em outros locais, medicamentos estão em falta.

Sobre a falta de pagamento de funcionários, segundo o Sindsaúde, o problema estaria atingindo diretamente trabalhadores lotados em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), em São Luís, do Hospital Carlos Macieira, e em hospitais de pelo menos sete cidades do interior do Estado (Timbiras, Codó, Coroatá, Timon, Caxias, Alto Alegre do Maranhão e Colinas). Por causa do problema, representantes do Sindsaúde estiveram, na manhã de ontem, 17, em frente à sede da Secretaria Estadual de Saúde (SES) para protestar.

No início da noite, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que quitou todas as pendências com os funcionários da rede pública. No entanto, a direção do Sindsaúde confirmou que, até as 19h, apenas os trabalhadores do Hospital Carlos Macieira haviam recebido os pagamentos. Uma reunião entre representantes da entidade que defende os trabalhadores e a SES acontecerá hoje, às 9h, na sede da Procuradoria Geral de Justiça, no Calhau.

Segundo a presidente do Sindsaúde, Dulce Mary Sarmento, além de técnicos de enfermagem e enfermeiros, os médicos também estão com dificuldades para receber salários em dia há vários meses. “Infelizmente, é um problema que atinge todas as categorias e vêm se repetindo mês após mês”, disse. Ainda de acordo com ela, além do atraso nos vencimentos, os funcionários lotados em unidades administradas pelo Governo do Maranhão convivem, por exemplo, com a falta de insumos para o tratamento de pacientes. “Este é apenas um dos problemas enfrentados por enfermeiros e médicos. Como vai se exigir qualidade no atendimento se nem mesmo há respeito com os trabalhadores?”, questionou Sarmento.

A ausência de materiais nas unidades é confirmada por funcionários vinculados à folha de unidades da rede pública estadual. “Não temos itens básicos para trabalhar, ou mesmo para tratar pacientes”, disse Marisol Araújo, técnica de Enfermagem. Alguns funcionários ligados à saúde e ouvidos por O Estado (que preferiram ter as identidades preservadas) informaram que, em alguns locais, faltam medicamentos básicos, como dipirona por exemplo (usado comumente para o controle da temperatura corporal).

Devido aos constantes atrasos nos salários, trabalhadores da área da saúde ameaçam organizar uma paralisação. O movimento, segundo a direção do sindicato, ainda não teria data definida e está condicionado a futuros problemas nos salários.

[e-s001]Pacientes sem exames
Pacientes e acompanhantes de pessoas internadas no Hospital de Câncer (Tarquínio Lopes Filho ou Hospital Geral), apontado quando foi entregue em agosto de 2014 como um dos polos principais de atendimento no estado, denunciam que não há acesso aos serviços de tomografia. Segundo fontes ouvidas por O Estado (funcionários e pessoas com parentes internados no hospital), o problema persiste há pelo menos dois meses.

Questionado, o Governo do Maranhão não emitiu parecer sobre o assunto. Um dos familiares de pacientes que confirmou a ausência do serviço foi o autônomo Valdenor Ribeiro Tavares, cuja mãe (diagnosticada com câncer de pulmão, há quatro meses) necessita ter acesso ao exame.

De acordo com o autônomo, a falta do chamado contraste (aplicado em alguns pacientes para facilitar a visualização por parte do médico dos órgãos frisados na tomografia) é a causa da suspensão do procedimento. “Enquanto isso, eu não sei por quanto tempo vou ter a minha mãe viva”, disse.

Ele informou ainda que já ofereceu o custeio, por conta própria, do contraste. No entanto, a ajuda foi negada pela direção do hospital. “Segundo eles, tem que ser via fornecedor da unidade”, afirmou.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que garante o exame de tomografia aos pacientes da unidade por meio de encaminhamento para realização do procedimento no Hospital Carlos Macieira e no Centro de Especialidades Médicas do Diamante, mas não explicou como ficará a situação da paciente citada.

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