Inseguros

Motoristas de Uber se preocupam com a falta de segurança à noite

Apreensivos, condutores do aplicativo não aceitam viagens para alguns bairros e em determinados horários; criminosos se passam por clientes e roubam carros

Daniel Júnior

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h33
Motoristas de Uber estão evitando viagens para bairros perigosos.
Motoristas de Uber estão evitando viagens para bairros perigosos. (Uber)

SÃO LUÍS - Com medo de se tornar vítimas de assaltos e de outros crimes piores, motoristas do aplicativo Uber cancelam viagens para determinados bairros da Grande Ilha à noite. Criminosos se passam por passageiros e usam até outras artimanhas para atraí-los e roubar veículos, dinheiro e outros objetos pessoais. Devido ao impasse, clientes encontram, em alguns casos, dificuldades para conseguir um meio de transporte dessa modalidade.

De acordo com Wellington Sal, representante da comissão dos Motoristas Parceiros Privados de Aplicativos de São Luís (MPPA), o aplicativo Uber passa a viagem para o motorista. Porém, se for um local perigoso, ele não é obrigado a aceitar. “Normalmente, quando é cancelada uma viagem em área perigosa, o motorista entra em contato com o passageiro por ligação ou mensagem. A Uber passa a viagem para o motorista. Ele não é obri­gado a aceitar, mas o aplicativo ressalta que deve haver uma comunicação entre o motorista e o passageiro. Quando o passageiro estiver em uma área de risco, ele também pode entrar em contato e conversar com o motorista”, explicou.

Wellington Sal revelou que já foi vítima de uma ação criminosa durante um percurso. “Recebi uma chamada no bairro Liberdade, no dia 25 de dezembro do ano passado, por volta das 7h15. Quatro pessoas, duas mulheres e dois homens, vieram no carro. Quando estava trafegando no bairro Areinha, um dos passageiros colocou um revólver no meu rosto e anunciou o assalto. Graças a Deus não levaram nada meu, porque perceberam uma viatura da Polícia Militar (PM). Evito trabalhar em alguns bairros, mas não vou dizer quais são”, disse Sal.

Áreas de risco

O motorista Alex, que preferiu se identificar apenas por seu primeiro nome, contou a O Estado um caso que ocorreu com ele nos 11 meses em que atua no Uber. Recebi uma chamada para a Praia Grande, no centro de São Luís. Chegando lá, peguei os passageiros e segui para o Bairro de Fátima. Quando chego ao destino, era uma boca de fumo, onde os passageiros compraram drogas. Fiquei assustado com a situação. Certa vez, tentaram me assaltar. Por questões de segurança, eu evito certos bairros tarde da noite, como Coroadinho, Liberdade, Cafeteira, Sacavém e Vila Luizão”, relatou.

O chefe de fila Joenderson Ferreira Costa encontrou dificuldades para encontrar um motorista do Uber que pudesse levá-lo em casa. “Eu trabalho até tarde à noite e, às vezes, tenho muita dificuldade para conseguir um carro e voltar para casa. Teve uma vez que três motoristas cancelaram a viagem. Só consegui na quarta tentativa. Percebo que eles têm um certo receio por causa da violência e já ouvi relatos de casos de assaltos, mas complica para nós, trabalhadores de bem, que temos que aguardar por mais tempo”, ressaltou.

Prevenção

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) informou que todos os batalhões da Região Metropolitana desenvolvem trabalhos preventivos e ostensivos de forma ininterrupta, com o objetivo de coibir crimes desta natureza. As ações são realizadas por meio de barreiras de segurança e abordagens a veículos e pedestres suspeitos, nos principais corredores de circulação veicular, e sempre em pontos estratégicos.
Em 2017, essas operações desarticularam várias quadrilhas especializadas em assaltar e cometer sequestros relâmpagos em taxistas e motoristas de aplicativos de transporte privado urbano.

Por fim, a SSP recomendou que a vítima não reaja a nenhum tipo de ato criminoso e procure uma delegacia de Polícia Civil ou Batalhão da Polícia Militar para solicitar apoio e registrar o Boletim de Ocorrência, para que sejam mapeados os pontos com maior número de ocorrência. Além disso, as vítimas contam com o número 190 para fazer a denúncia.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.