Viva! A vida é uma festa

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

O que faria um homem de 58 anos remarcar todos os seus compromissos de uma tarde de quinta-feira para ir assistir a um filme musical infantil em animação, e ainda por cima no insuportável sistema 3D!?

Os mais atentos poderiam pensar que isso seria coisa de neto, pois neto faz avô fazer coisas que até Deus duvida! Mas não foi neto. Fui assistir a esse filme porque minha filha pediu que eu fosse, e ela já fez 29 anos em dezembro passado.

Mas você se perguntaria o porquê de uma mulher pedir ao pai que vá assistir a um filme infantil!? Eu explico! É que ela resolveu que juntos deveríamos compartilhar com as pessoas, através de um blog criado por ela, as sensações que nos acomete ao assistir a alguns filmes.

Desde muito pequenina levei minha filha ao cinema. Transmiti a ela o vírus do audiovisual e ela, infectada, passou a trabalhar com fotografia, música e agora parece que vai se embrenhar também pelo cinema.

O primeiro filme que eu e Laila combinamos de comentar (na verdade foi ela quem exigiu que fosse este) foi a tal animação da quinta-feira passada, quando eu era o único adulto desacompanhado de crianças presente à sessão das 17 horas.

Dito isso, passemos ao filme... Mas antes me deixe explicar que eu assisto a qualquer tipo de filme, só não gosto muito de filmes de terror. Medo é algo que não me atrai. Adoro animação e não me acho infantilizado por isso. Dentre as técnicas que se apropriam da fantasia, a mais simples e completa é a animação infantil. O que é capaz de sensibilizar uma criança, um ser puro e ainda sem os preconceitos ou as limitações impostas pela sociedade, derrete o coração do mais impiedoso vilão da DC ou da Marvel.

O filme conta a história de Miguel, um mexicanozinho cuja família odiava música porque sua matriarca havia sido abandonada por um mariachi com quem fora casada.

A história narra a luta de Miguel para realizar o seu sonho de ser músico, menos pelo fato de seu avô ter sido um, mais pelo fato da música encher de prazer e alegria seu coração e sua mente.

A família tenta impedir a todo custo “Mig” de realizar o seu sonho.

No México, o feriado mais importante é o dia dos mortos. A celebração de origem indígena que honra os falecidos no dia 2 de novembro, começa na verdade no dia 31 de outubro, que coincide com o Dia das Bruxas, comemorado principalmente nos Estados Unidos. O dia dos mortos é uma data tradicional do calendário católico, conhecido como Dia dos Fiéis Defuntos ou Dia de Todos os Santos.

O certo é que o filme, no fundo no fundo, trata de diversos assuntos que eu não conseguiria aprofundar em uma crônica de jornal (leia o Blog www.paiefilha01filmepordia.tumblr.com para saber mais).

Em meio às idas e vindas e graças às crendices sobre o dia dos mortos, Miguel acaba desvendando o mistério que cercava a história do desgosto de sua família com a música e consegue fazer com que sejam superados os mal entendidos que muitas vezes distancia as pessoas.

“Viva” é uma elegia ao amor familiar, ao respeito aos mais velhos e às tradições, à busca da realização de nossos sonhos...

Mas há neste filme uma coisa que me comoveu profundamente. É o fato de que o ritual de colocar uma fotografia de um ente querido já falecido em um altar, no dia dos mortos, garante ao falecido a vida eterna, na lembrança daqueles que o amavam... O amam, pois o amor não morre com a morte física!

O fato de hoje eu trabalhar primordialmente com o resgate e a preservação da memória maranhense fez com que me sentisse, de certa forma, como um instrumento quase mexicano do dia dos mortos.

Ao sair do cinema alguém soprou esta frase ao meu ouvido: Lembrar me garante que vivi. Ter vivido me garante que serei lembrado.

PS: Vá ao cinema! Assista a filmes em casa! Essa atividade faz com que todos nós possamos crescer e melhorar.

Joaquim Haickel

Membro das Academias Maranhense e Imperatrizense de Letras e do IHGM

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