Artigo

Formação de professores

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33

As críticas aos cursos de preparação para o magistério, a programas e projetos de capacitação de professores para os diferentes níveis de ensino são frequentes, contudo, nem sempre são feitas sobre bases científicas, ocultando variáveis para além da formação e desempenho profissional do professor.

Observando-se o conteúdo das críticas, percebe-se que a maioria delas vinculam os problemas do rendimento escolar e/ou acadêmico dos estudantes à forma e conteúdo do trabalho docente, como se o sucesso da aprendizagem dependesse unicamente do processo pedagógico do ensino, protagonizado pelo professor. A aprendizagem envolve inúmeros fatores e atores. Fatores que implicam as estruturas cognitivas do aprendiz, a mediação pedagógica no processo do ensino por parte dos professores e complementarmente as condições ambientais e materiais disponibilizadas para o desenvolvimento das atividades curriculares que contribuirão para a construção do conhecimento pelos alunos. Portanto, faz-se necessário considerar o trabalho docente no contexto institucional, cuja estrutura, organização, funcionamento e política educacional impactam diretamente os resultados dessa aprendizagem.

É necessário no mínimo um olhar mais cuidadoso sobre o que está sendo produzido ou falado acerca desse tema. No entanto, não admitir que temos desafios a enfrentar com a formação de professores em nosso país seria uma postura ingênua que em nada ajudaria a superar o problema. No centro dessa questão, situa-se a formação inicial de professores. Do ponto de vista acadêmico, processo básico de construção da identidade profissional que, apesar de ter acumulado alguns avanços, ainda apresenta limitações suscetíveis de aperfeiçoamentos.

Outro ponto a ser considerado, seria o da cultura de isolar o problema do baixo rendimento da aprendizagem do aluno, admitindo como causa o despreparo do professor. Antes de tudo é necessário compreender que essa questão tem implicações diretas com a política educacional que é praticada no país, passar ao largo da educação escolar, somando-se às questões de ordem estruturantes que afetam os sistemas de ensino, impactando diretamente as instituições e os resultados da aprendizagem dos alunos, exigindo urgentes intervenções. Assim, fica claro que não se trata de buscar culpado, mas enfrentar os desafios que a realidade dispõe.

Na questão específica da formação do professor é inadiável o redimensionamento dos currículos dos cursos de formação dos futuros profissionais e a garantia de políticas de formação continuada, entendida como um processo permanente, mediado por reflexões, investigações da prática pedagógica, devendo prosseguir durante toda a carreira do profissional.

Portanto, considero essas questões como o que de mais fundamental e urgente se necessita reverter e realizar no contexto abordado até aqui. O momento, como se pode notar, não é o de buscar culpados e inocentes, mas, de enfrentar os desafios e investir numa educação básica de qualidade para os alunos, bem como, implementar políticas e diretrizes formativas para professores, a fim de que esses possam exercer com competência a função de educador e construtor do futuro das sociedades, na pessoa de seus alunos, mediado pela atividade da docência.

Marise Piedade Carvalho

Mestre em Educação e doutoranda em Educação e Ciências e Matemática pela REAMEC

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