Literatura

A vida inquieta de Torquato

Livro “Risco do Berro “Torquato, neto Morte e Loucura”, de autoria de Isis Rost, será lançado hoje, às 19h, no Chico Discos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33
Torquato Neto é relembrado em livro
Torquato Neto é relembrado em livro (Torquato Neto)

SÃO LUÍS- Contar a vida e a obra do agente cultural e polemista defensor das manifestações artísticas de vanguarda, como a Tropicália, o cinema marginal e a poesia concreta, é a proposta do livro “O Risco do Berro - Torquato, neto Morte e Loucura”, de autoria da gaúcha Isis Rost, a ser lançado hoje, às 19h, no Chico Discos (Centro). A obra acompanha a trajetória do poeta piauense, figura fundamental do tropicalismo, que cometeu suicídio aos 28 anos, em 1972, utilizando explicitamente as falas do autor com poemas, letras, artigos, entrevistas e correspondências, além de farto material iconográfico.

Isis Rost narra a história conturbada e visceral desse que é um nome central da contracultura no Brasil. Torquato se matou no dia de seu aniversário, em 9 de novembro de 1972. O livro é uma produção independente dividida em três capítulos: “Tropical Melancolia” (destacando a participação de Torquato na Tropicália), “As horas do fim” e “Razão da Loucura Subterrânea”, que tratam da relação profunda, mas ambígua, do artista com as temáticas da morte e da loucura, além de três curtos adendos.

“Torquato não era o cara das concessões, das concordâncias. Sua loucura tinha um caráter criativo, transformador. Ele não posava de radical, era radical. Hoje, o que mais se vê é o radical politicamente correto”, diz a autora.

Versão

A primeira versão do livro de Isis Rost, gaúcha radicada em São Luís, foi a monografia que ela escreveu para conclusão do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão, defendida no início de 2017. Em seguida, mergulhou noutro processo: reescreveu o livro e fez, ela mesma, a diagramação e o projeto gráfico.

“Já venho trabalhando nisso faz alguns anos. Quando a monografia ficou pronta, acabou circulando por algumas mãos, e isso rendeu muitos estímulos interessantes. Mas radicalizei no projeto gráfico quando aprendi a mexer no programa InDesign, pois as opções foram ampliadas rumo à experimentação, aprofundando a fusão entre os textos e as imagens”.

O livro foi lançado primeiramente em São Paulo, em novembro, na programação da Balada Literária, organizada pelo escritor e agitador cultural Marcelino Freire. “Na verdade, o livro começou a ser literalmente lançado no dia em que chegamos a Sampa, direto nas mãos de algumas figuras, entre elas, o compositor e parceiro de Torquato, Jards Macalé, e o diretor de teatro, Zé Celso Martinez. Até Thiago, filho de Torquato, se amarrou”, lembra Isis.

Na segunda semana de dezembro, o lançamento foi em Teresina, no Theatro 4 de setembro, numa balada antiliterária, onde tudo girou em torno do poeta, que completaria 73 anos em 2017. Na ocasião, foi exibido o documentário “Torquato Neto – Todas as Horas do Fim”, de Eduardo Ades e Marcus Fernando, além de uma mostra com mais de 160 caricaturas, assinadas por grandes caricaturistas de todo o mundo.

“O livro ficou lindo, com todas aquelas imagens e textos do Torquato. O seu texto está me parecendo muito singular, um pouco beatnik, que convida o fluxo de consciência a ir escorregando pelas palavras sem paralisias. Tem uma liberdade nada acadêmica, sem deixar vários conteúdos importantes de fora. Nem trabalho acadêmico, nem biografia, esse seu livro parece ser uma obra de arte sobre outra obra de arte, que é a do Torquato. Você não só me deu uma bela chance de correr os olhos e a cabeça sobre temas mil, como me deu também uma ótima chance de conhecer esse figurão a fundo”, escreveu o escritor Marlon Cardoso sobre a obra.

Isis Rost é de Porto Alegre, mas mora em São Luís há vários anos. Gosta de livros, filmes e discos. A primeira versão do texto foi sua monografia de conclusão do Curso de Ciências Sociais na UFMA, no início do ano, embora ela afirme que “O Risco do Berro” aconteceu apesar da universidade. Este é o seu primeiro livro, mas ela tem na mira uma pesquisa sobre a “Navilouca”, revista em única edição, projeto ousado de Torquato Neto, lançado em 1974, por Waly Salomão.

Serviço

O quê

Lançamento do livro “Risco do Berro - Torquato, neto Morte e Loucura”

Quando

Hoje, às 19h

Onde

No Chico Discos (Centro)

Entrada franca

“Acompanhei a trajetória deste livro, que recomendo a leitura. Ficou sensacional, uma proposta intersemiótica alvissareira, uma ousadia pouco vista em trabalhos de pesquisa acadêmica”.

Feliciano Bezerra, doutor em literatura, professor da Uespi

“Eis que surge um livro de respeito, de tutano, de vergonha, em que Torquato Neto é trabalhado em toda a sua alta voltagem cultural e artística. Com uma programação visual da própria autora, que o deixou lindo, divino, maravilho”.

Kenard Kruel Fagundes, escritor e biógrafo de Torquato Neto

“Tive uma grata surpresa. Além da ousada diagramação, a riqueza de imagens que acompanham uma pesquisa exaustiva e a bonita capa – todos resultante de um trabalho pessoal da autora – o livro segue uma narrativa de colagens da escrita de Torquato (em itálico), que imbricadas ao texto da pesquisadora ganham um se­­­­­­­­­ntido de cumplicidade, como se o que fala a autora fosse complementado pelo o personagem – quase como se os dois fossem um só narrador. Não consegui parar de ler. Acabei as duzentas e tantas páginas em menos de 24 horas. Porque ao retratar Torquato a narradora põe o personagem para conduzir a narrativa. E apóia suas suposições na condução da narrativa feita pelo personagem. Maravilhoso exercício literário. Isso sem perder o fio da meada pesquisada. Trabalho admirável”.

Edmar Oliveira, psiquiatra, escritor, blogueiro e amigo de Torquato

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