STF

Gilmar Mendes e Roberto Barroso batem-boca no plenário do STF

Ministros discordam da investigação feita pelo ex-procurador Rodrigo Janot no caso envolvendo o ex-presidente Michel Temer

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Gilmar Mendes e Roberto Barroso voltaram a bater boca
Gilmar Mendes e Roberto Barroso voltaram a bater boca (Ministros Gilamr Mendes e Roberto Barroso)

BRASÍLIA - Os ministros do STF Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes protagonizaram nesta terça-feira, 19, mais um embate no plenário da Corte em torno de questões relativas a investigações contra políticos. Após Mendes repetir críticas contra o trabalho da Procuradoria-Geral da República (PGR) nas denúncias contra o presidente Michel Temer, Barroso ergueu o tom de voz para afirmar que "vivemos uma tragédia brasileira, a tragédia da corrupção que se espalhou de alto a baixo sem cerimônia".

Barroso recorreu aos elementos de prova anexados à denúncia para defender o trabalho da PGR. “Eu gostaria de dizer que eu ouvi o áudio ‘tem que manter isso aí, viu’. Eu quero dizer que eu vi a fita, eu vi a mala de dinheiro, eu vi a corridinha na televisão. Eu li o depoimento de Youssef. Eu li o depoimento de Funaro”, disse o ministro ao citar episódios recentes.

“Eu não acho que há uma investigação irresponsável. Há um país que se perdeu pelo caminho, naturalizou as coisas erradas, e nós temos o dever de enfrentar isso e de fazer um novo país, de ensinar as novas gerações de que vale a pena fazer honesto, sem punitivismo, sem vingadores mascarados, mas também sem achar que ricos criminosos têm imunidade”, acrescentou o ministro.

Antes, Gilmar Mendes havia classificado a investigação conduzida, no caso pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de caótica, contraditória e mal feita, representando “vexame institucional completo de gente que não sabe investigar. O que nós estamos vendo aqui na verdade é um grande caos. Uma grande bagunça. Serviço mal feito, apressado, de corta e cola”.

“As pessoas ficam entusiasmadas, havia aqui inclusive no plenário uns poucos janozistas”, disse Gilmar Mendes.

Um dos principais pontos de discordância entre os ministros diz respeito a uma gravação feita pelo empresário Joesley Batista, da JBS, de uma conversa com Temer, na qual o presidente diz a frase “tem que manter isso aí”, que, para Janot configura anuência para a compra de silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O áudio foi anexado por Janot a uma denúncia de obstrução das investigações contra Temer, mas depois teve sua autenticidade questionada por não ter sido alvo de uma perícia prévia pela Polícia Federal (PF).

A discussão entre Mendes e Barroso se deu durante o julgamento, na manhã de terça-feira, sobre a continuidade das investigações contra os denunciados sem foro privilegiado no STF, após a Câmara ter decidido, em outubro, barrar o prosseguimento da denúncia por organização criminosa contra o presidente Michel Temer.

Não é a primeira vez que os dois ministros batem boca no plenário do STF. Em outubro, eles voltaram a divergir sobre o entendimento a respeito da operação Lava Jato. Na ocasião, trocaram, inclusive, acusações mútuas.

A discussão entre os dois gerou, inclusive, reação de outros ministros. Para Marco Aurélio Melo esses bate-bocas geram desgaste do próprio Supremo Tribunal Federal.

“[O bate-boca entre ministros] Não é bom, sempre implica desgaste para a instituição. Não é positivo. É ruim por isso, porque fragiliza a instituição aos olhos da sociedade, num momento em que o STF está sendo convocado para se pronunciar sobre fatos relevantes para a República”, disse Marco Aurélio à reportagem.

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