Flávio Dino chega ao fim do terceiro ano de mandato com desgaste político e popular
Governador já não é mais visto nas redes sociais como infalível, sofre críticas de entidades da sociedade civil e enfrenta denúncias de corrupção em todos os setores do governo
O governador Flávio Dino (PCdoB) completa em 31 de dezembro – daqui 15 dias, portanto – o seu terceiro ano à frente dos destinos do Maranhão. E tem o mandato marcado por um crescente desgaste popular e político. Nas redes sociais, que o comunista teve como trunfo para se eleger governador, ele já não é a unanimidade dos primeiros dias de governo, e tem sido cada vez mais questionado por seguidores no Twitter e “amigos” do Facebook.
Dino registra também uma série de denúncias de corrupção, que põem sua imagem de ex-juiz no chão. Foram ao menos cinco operações da Polícia Federal – e da própria Polícia Civil - nos mais diferentes setores do governo, o que gerou prisões de gente bem próxima do comunista.
Além do desgaste administrativo e da queda ética, o governador enfrenta ruptura com ex-aliados. Senador eleito em sua chapa, o agora tucano Roberto Rocha é um dos mais duros críticos do governo. O governador mantém relação difícil também com a deputada Eliziane Gama (PPS) e hoje é bem mais distante do seu principal aliado, o ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), tido como seu criador político.
Tanto Eliziane quanto Tavares ainda esperam de Dino um posicionamento sobre suas candidaturas ao Senado.
O desgaste de Flávio Dino pode se visto acessando seu perfil nas redes sociais e nas declarações de aliados a jornais, blogs e rádios, embora seu principal auxiliar, o chefe da Articulação Política Márcio Jerry, tudo continua como na lua de mel.
Os pontos de tensão do governo, nos três anos de mandato, estão postos. E já apresentam reflexos claros nos números das pesquisas de intenção de votos, como a do Instituto Vox Populi, que revelou um governador, mesmo à frente da máquina administrativa, empatado tecnicamente com a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), que só agora manifestou o desejo de ser candidata a governadora.
Se o governo os reconhece ou não esses pontos de desgaste em sua gestão, eles, ainda assim, continuam a existir. E tendem a dar problemas futuros. Sobretudo no pleito de 2018.
Cinco fatores do desgaste de Flávio Dino
- Crises constantes com entidades da sociedade civil, como a Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos, a Pastoral Carcerária e a Comissão Justiça e Paz;
- Relação conturbada com a maior parte das representações dos servidores públicos como o Sindicato dos Trabalhadores Estaduais (Sintsep) e Sindicato do Judiciário (Sindjus);
- Pelo menos quatro operações da Polícia Federal com prisões de auxiliares próximos do próprio governador e aliados políticos de peso em sua campanha
- Tensão constante em sua base aliada na Assembleia, com ameaças e retaliações a deputados que se posicionam de forma mais independente;
- Críticas cada vez mais duras de formadores de opinião nas redes sociais de internet, antes o principal espaço público favorável a Dino.
Força de Roseana na capital pode ser trunfo
Pré-candidata do PMDB supera seu adversário do PCdoB nas pesquisas de intenção de votos, fruto da vitória de 2010, quando ela venceu Dino e Jackson juntos em São Luís
A governadora Roseana Sarney (PMDB) tem aceitação consolidada e histórica na capital maranhense. Ela venceu as eleições de 2010 contra o atual governador Flávio Dino (PCdoB) e o ex-prefeito Jackson Lago (PDT), garantindo vitória em primeiro turno. Ela saiu das urnas daquele ano com índices superiores a 43% dos votos ludovicenes, índice nunca registrado por um candidato ligado ao grupo.
Hoje, de acordo com a última pesquisa do Instituto Vox Populi, Roseana está novamente à frente de Flávio Dino, mesmo quatro anos distante do poder. E fica em condição de empate técnico com o deputado Eduardo Braide (PMN), recém-saído de uma eleição municipal realizada em dois turnos.
O desempenho de Roseana em 2010 pode abrir caminho automático para uma vitória do grupo nas eleições de 2014.
Desgaste
O governador Flávio Dino nunca foi popular em São Luís, apesar de ter disputado a prefeitura em 2008 – perdendo em segundo turno para o tucano João Castelo, já falecido. Os ludovicenses o vêem como uma figura sem carisma. Seu desempenho eleitoral na capital maranhense sempre se deu muito mais pela falta de opção do que pela sua empatia com a população.
O desgaste da gestão do prefeito Edivaldo Júnior (PDT), só agora começando a dar andamento à máquina da prefeitura, após cinco anos ruins de mandato, também prejudica a imagem do comunista.
Todas essas nuances, somadas ao fato de que outros atores com base em São Luís devem participar do pleito de 2018 mostram que a disputa entre os líderes peemedebista e comunista será uma das mais fortes do próximo pleito eleitoral.
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