Corrupção

Flávio Dino chega ao fim do terceiro ano de mandato com desgaste político e popular

Governador já não é mais visto nas redes sociais como infalível, sofre críticas de entidades da sociedade civil e enfrenta denúncias de corrupção em todos os setores do governo

Marco Aurélio D''Eça - Editor de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34

O governador Flávio Dino (PCdoB) completa em 31 de dezembro – daqui 15 dias, portanto – o seu terceiro ano à frente dos destinos do Maranhão. E tem o mandato marcado por um crescente desgaste popular e político. Nas redes sociais, que o comunista teve como trunfo para se eleger governador, ele já não é a unanimidade dos primeiros dias de governo, e tem sido cada vez mais questionado por seguidores no Twitter e “amigos” do Facebook.

Apenas Márcio Jerry ainda defende Flávio Dino nas redes sociais
Apenas Márcio Jerry ainda defende Flávio Dino nas redes sociais

Dino registra também uma série de denúncias de corrupção, que põem sua imagem de ex-juiz no chão. Foram ao menos cinco operações da Polícia Federal – e da própria Polícia Civil - nos mais diferentes setores do governo, o que gerou prisões de gente bem próxima do comunista.

Além do desgaste administrativo e da queda ética, o governador enfrenta ruptura com ex-aliados. Senador eleito em sua chapa, o agora tucano Roberto Rocha é um dos mais duros críticos do governo. O governador mantém relação difícil também com a deputada Eliziane Gama (PPS) e hoje é bem mais distante do seu principal aliado, o ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), tido como seu criador político.

Tanto Eliziane quanto Tavares ainda esperam de Dino um posicionamento sobre suas candidaturas ao Senado.

O desgaste de Flávio Dino pode se visto acessando seu perfil nas redes sociais e nas declarações de aliados a jornais, blogs e rádios, embora seu principal auxiliar, o chefe da Articulação Política Márcio Jerry, tudo continua como na lua de mel.

Os pontos de tensão do governo, nos três anos de mandato, estão postos. E já apresentam reflexos claros nos números das pesquisas de intenção de votos, como a do Instituto Vox Populi, que revelou um governador, mesmo à frente da máquina administrativa, empatado tecnicamente com a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), que só agora manifestou o desejo de ser candidata a governadora.

Se o governo os reconhece ou não esses pontos de desgaste em sua gestão, eles, ainda assim, continuam a existir. E tendem a dar problemas futuros. Sobretudo no pleito de 2018.

Cinco fatores do desgaste de Flávio Dino

- Crises constantes com entidades da sociedade civil, como a Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos, a Pastoral Carcerária e a Comissão Justiça e Paz;

- Relação conturbada com a maior parte das representações dos servidores públicos como o Sindicato dos Trabalhadores Estaduais (Sintsep) e Sindicato do Judiciário (Sindjus);

- Pelo menos quatro operações da Polícia Federal com prisões de auxiliares próximos do próprio governador e aliados políticos de peso em sua campanha

- Tensão constante em sua base aliada na Assembleia, com ameaças e retaliações a deputados que se posicionam de forma mais independente;

- Críticas cada vez mais duras de formadores de opinião nas redes sociais de internet, antes o principal espaço público favorável a Dino.

Força de Roseana na capital pode ser trunfo

Roseana recebe fortes manifestações de apoio quando sai às ruas de São Luís
Roseana recebe fortes manifestações de apoio quando sai às ruas de São Luís

Pré-candidata do PMDB supera seu adversário do PCdoB nas pesquisas de intenção de votos, fruto da vitória de 2010, quando ela venceu Dino e Jackson juntos em São Luís

A governadora Roseana Sarney (PMDB) tem aceitação consolidada e histórica na capital maranhense. Ela venceu as eleições de 2010 contra o atual governador Flávio Dino (PCdoB) e o ex-prefeito Jackson Lago (PDT), garantindo vitória em primeiro turno. Ela saiu das urnas daquele ano com índices superiores a 43% dos votos ludovicenes, índice nunca registrado por um candidato ligado ao grupo.

Hoje, de acordo com a última pesquisa do Instituto Vox Populi, Roseana está novamente à frente de Flávio Dino, mesmo quatro anos distante do poder. E fica em condição de empate técnico com o deputado Eduardo Braide (PMN), recém-saído de uma eleição municipal realizada em dois turnos.

O desempenho de Roseana em 2010 pode abrir caminho automático para uma vitória do grupo nas eleições de 2014.

Desgaste

O governador Flávio Dino nunca foi popular em São Luís, apesar de ter disputado a prefeitura em 2008 – perdendo em segundo turno para o tucano João Castelo, já falecido. Os ludovicenses o vêem como uma figura sem carisma. Seu desempenho eleitoral na capital maranhense sempre se deu muito mais pela falta de opção do que pela sua empatia com a população.

O desgaste da gestão do prefeito Edivaldo Júnior (PDT), só agora começando a dar andamento à máquina da prefeitura, após cinco anos ruins de mandato, também prejudica a imagem do comunista.

Todas essas nuances, somadas ao fato de que outros atores com base em São Luís devem participar do pleito de 2018 mostram que a disputa entre os líderes peemedebista e comunista será uma das mais fortes do próximo pleito eleitoral.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.