Artigo

Doutor Sebastião Ferreira - “In memoriam”

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34

Graduado pela Faculdade Nacional de Medicina da Praia Vermelha, Rio de Janeiro, o jovem maranhense Sebastião José Ferreira vestiu o jaleco de médico, em definitivo, aos 23 anos de idade. Transferiu-se, então, para o Estado de Santa Catarina, onde atuou, como ginecologista e cirurgião, durante algum tempo. Exerceu, também, função administrativa num grande hospital.

O futuro lhe acenava com louros e vivas em plagas catarinenses, mas a atração pela terra berço era forte e Sebastião Ferreira não resistiu. Retornou a São Luís, onde a sua adaptação ao meio médico aconteceu naturalmente. Ele estava em casa. Diz a velha máxima que o sucesso depende de competência e oportunidade, e parece que essa feliz combinação aconteceu, então, na trilha do notável médico: além de conquistar respeito por sua atuação em consultórios e salas de cirurgia, o prestigioso Hospital Português chamou-o para o cargo de diretor. Foi lá que ele demonstrou, mais uma vez, a sua versatilidade como administrador hospitalar.

Sebastião Ferreira era um homem estudioso e portador de uma energia inesgotável. O seu caminho natural foi, então, o ingresso no magistério superior: tornou-se professor da disciplina Higiene Social, na antiga Faculdade de Farmácia e Odontologia de São Luís.

Permaneceu, porém, fiel ao exercício da clínica. Clementino Moura conta que, em meado da década de 1950, ele e Sebastião Ferreira realizaram, num trabalho de equipe, uma salpingectomia de emergência, isto é, a retirada cirúrgica da trompa de Falópio, num caso de prenhez tubária rota. O estado da paciente era para lá de crítico, e a operação envolveu muito risco. Considerando o nível evolutivo da medicina naquela época, esse foi, sem dúvida, um feito espantoso.

Outra atividade de que Sebastião Ferreira fez parte foi a Sociedade Internacional de Lions. Integrou-se ao Clube São Luís-Centro, ao lado de figuras exponenciais da medicina, da política e do meio social de São Luís na época, como Pedro Neiva de Santana, Eloy Coelho Neto, José da Costa Ferreira Belchior e Clementino Moura.

Na área do magistério, além da faculdade citada, Sebastião Ferreira foi um dos fundadores da Faculdade de Ciências Médicas do Maranhão, ao lado de João Maranhão Aires, João Damasceno Figueiredo, o cônego José de Ribamar Carvalho e outros. Foi também um dos primeiros catedráticos da nova faculdade, tendo assumido, durante anos, a responsabilidade pelas disciplinas Higiene Social (Faculdade de Farmácia e Odontologia) e Higiene e Medicina Preventiva e do Trabalho, na Faculdade de Medicina. Era um trabalho penoso e solitário, em que ele realizava a pesquisa bibliográfica, elaborava relatórios e programas de cursos, e dava aulas. Os seus assistentes só foram nomeados muito tempo depois.

Quando a Universidade Federal foi criada, (primeiro sob a forma jurídica de Fundação), lá estava o incansável Sebastião Ferreira. Ocupou funções administrativas da nova Universidade e, como se não bastasse, foi o fundador do Departamento de Saúde Pública. Existe lá, atualmente, um auditório que leva o seu nome.

Em 2013, por iniciativa da Academia Maranhense de Medicina, Sebastião Ferreira foi homenageado postumamente, ao lado de outro ícone da medicina maranhense do passado, o dr. Achilles Lisboa. Na oportunidade, o governo do Maranhão os homenageou com a Medalha da Ordem do Mérito da Saúde Pública.

ALDIR PENHA COSTA FERREIRA

Médico, membro da Academia e da Sociedade Maranhense de História da Medicina

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.