Dado preocupante

8 em cada 10 domicílios não têm acesso à rede de esgoto no MA

Dados são referentes a levantamento feito pela Fundação Abrinq; pesquisa feita pela entidade serve para traçar um perfil educacional de jovens no estado; percentual de imóveis sem água canalizada no Maranhão é de 44,2%

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Sem esgoto domiciliar, água suja escorre pela sarjeta e pode contaminar as pessoas
Sem esgoto domiciliar, água suja escorre pela sarjeta e pode contaminar as pessoas (Esgoto)

A cada 10 domicílios registrados no território maranhense, oito não têm acesso à rede coletora de esgoto. Este e outros dados - que analisam o cenário social do estado dos últimos dois anos (entre 2015 e 2017) - constam no relatório divulgado ontem pela Fundação Abrinq (organização sem fins lucrativos que promove o direito de crianças e adolescentes) e fazem parte da terceira publicação da série “A Criança e o Adolescente nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”. De acordo com a entidade, as informações serão relevantes para traçar um perfil educacional de jovens no estado.

Ainda de acordo com o levantamento, o Maranhão - no que diz respeito à ausência de condições de saneamento básico à população - é superado por Amapá (95,4% dos domicílios sem condições), Piauí (91,7%), Rondônia (86,6%) e Pará (84,5%). Ainda neste quesito, o território maranhense está bem acima da média nacional de domicílios sem rede de esgoto. De acordo com o levantamento, 34,7% dos lares não têm as condições mínimas de saneamento.

Segundo a Fundação Abrinq, a proporção de domicílios sem água canalizada no Maranhão é de 44,2%, índice acima do percentual registrado no país (que é de 15,4%). Nesse quesito, o estado é superado apenas por Rondônia (52,6%), Acre (50,3%), Pará (49,4%) e Amapá (48,2%). O levantamento da Abrinq aproveitou os dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos últimos censos no país.

Outro dado da pesquisa da Abrinq tem como base as condições de moradia dos mais jovens. Segundo o estudo, no Maranhão, 26,6% da população de 0 a 17 anos vive em favelas, ou seja, sem as condições físicas mínimas. A formação irregular de unidades habitacionais e as condições educacionais da população contribuem para o dado, segundo o elaborador do levantamento.

Mais do que uma mera agenda internacional, os ODS são uma grande oportunidade para a efetivação de políticas públicas, visando à qualidade de vida e da cidadania das crianças e dos adolescentes no Brasil”Heloisa Oliveira, administradora-executiva da Fundação Abrinq

Relação com doenças
A incidência alta de domicílios sem condições próprias de saneamento básico tem relação direta, segundo o levantamento, com a proliferação de doenças oriundas do mosquito Aedes aegypti (dengue, zika e chikungunya). Segundo o Instituto Trata Brasil (colaborador da Fundação Abrinq), houve um aumento significativo na quantidade de internações em unidades de saúde, em virtude de sintomas de diarreia causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados.
Recentemente, em levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde, São Luís foi classificada como uma das 12 capitais do país em estado de alerta contra o mosquito da dengue.

Como resposta, a Prefeitura de São Luís - por meio da Secretaria Municipal de Saúde - lança hoje o dia D de combate ao vetor transmissor da doença. O ato acontecerá a partir das 8h30 no Parque do Bom Menino e consistirá na intensificação das ações de prevenção, como elevação na quantidade de visitações aos lares da cidade e circulação dos carros-fumacê.

Em bairros da periferia da capital maranhense, é possível ver exemplos de lares sem a infraestrutura mínima.
Apesar de ações de intensificação de coleta de lixo, promovidas nos últimos meses pelo poder público, em especial pela Prefeitura de São Luís (com a fixação de ecopontos para o reaproveitamento seletivo de resíduos sólidos), a população ainda sofre com as más condições de higiene.

Objetivos
De acordo com a direção da Fundação Abrinq, o objetivo do estudo que analisa as condições de saneamento básico é construir uma política de ações que possibilitem melhores condições de saúde à população. “Mais do que uma mera agenda internacional, os ODS são uma grande oportunidade para a efetivação de políticas públicas visando à qualidade de vida e da cidadania das crianças e dos adolescentes no Brasil”, frisou a administradora-executiva da Fundação Abrinq, Heloisa Oliveira.

Mais dados
Ainda de acordo com a pesquisa da Abrinq, 17% da população brasileira não têm acesso, atualmente, à água potável. Segundo a pesquisa, a rede coletora de esgoto está disponível para apenas 65,3% dos lares no país. Os casos mais graves, neste quesito, estão nos estados das regiões Norte e Nordeste do país. No Nordeste, por exemplo, 19,6% da população entre zero e 17 anos vivem em condições consideradas indignas.

Em nota, o Governo do Maranhão, por meio da Caema, informou que executou, nos últimos meses, os programas Água para Todos e Mais Saneamento que visam garantir água tratada para os maranhenses. Além disso, de acordo com o Governo, foi posto em prática o Programa Mais Saneamento que objetiva elevar os índices de esgoto tratado na capital de 4% para 70% até 2018.

NÚMEROS

44,2% dos domicílios maranhenses não têm acesso à água canalizada
81,2% dos lares no estado não tem acesso à rede coletora de esgoto
26,6% da população entre zero e 17 anos de idade moram em favelas

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