Na seca

Vazamento atrasa volta de fornecimento de água em São Luís

Mais de 190 bairros de São Luís permaneceram sem água no fim de semana por causa de vazamento na obra da adutora do Italuís; Caema havia dado a manhã de sábado como prazo, mas abastecimento só deve voltar nesta segunda, 11

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Moradores da Ilhinha carregam baldes e garrafões com água, na tarde deste domingo
Moradores da Ilhinha carregam baldes e garrafões com água, na tarde deste domingo

SÃO LUÍS - Uma espera sem fim. Assim está sendo considerada pela população o retorno da água às torneiras em São Luís após o anúncio do governo estadual sobre a suspensão no fornecimento por 72 horas devido à finalização das obras na adutora do Sistema Italuís. O fim da suspensão estava marcado para as 6h do sábado, mas vazamentos na tubulação da adutora na região de Periz de Baixo fizeram esse prazo se estender ainda mais.
Assim muitos bairros que estavam sem água desde a última quarta-feira, 7, continuaram sem abastecimento, tendo que recorrer a meios alternativos para o seu dia a dia para fazer comida, lavar roupas, tomar banho, entre outras atividades.
O vazamento pode ser notado a partir na madrugada deste domingo, 10, e foi registrado por várias pessoas que passavam pelo local. Segundo apurado por O Estado com as equipes da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) que estavam no local, erros na solda de uma conexão conhecida como “junta y” causaram o vazamento.
Os engenheiros da empresa que realizaram a obra estiveram no local e fizeram uma avaliação, após trabalho de secagem da área - que estava cheia de água, dificultando o acesso dos técnicos até o local do problema.
Dessa forma, o reestabelecimento da água a casas de mais de 190 bairros da capital teve que ser interrompido até que finalizassem os laudos do problema. Segundo Carlos Rogério Santos Araújo, presidente da Caema, os laudos serão desenvolvidos por uma empresa de São Paulo.
“Estamos trabalhando para que, na segunda, 11, a água já esteja chegando às casas dos ludovicenses. A Caema irá contratar uma empresa externa para apresentar um laudo sobre o ocorrido. Essa empresa possivelmente será o Instituto de Pesquisa do Estado de São Paulo (IPT)”, garantiu o presidente da Caema.

Marilene Sarmento e a filha, Natália, enchem garrafas e baldes na Madre Deus
Marilene Sarmento e a filha, Natália, enchem garrafas e baldes na Madre Deus


Prejuízo à população
A população surpreendida, já que esperava o restabelecimento para este sábado, 9, acabou apelando a outros meios para solucionar os seus problemas. Famílias buscaram aos restaurantes, que ficaram lotados.
Por causa do atraso no restabelecimento, foi disputada nos bairros e adquirida a preço de ouro. Na Ilhinha a disputa foi acirrada, assim no Monte Castelo, Madre de Deus, entre outros. Na tarde de sábado, 9, O Estado percorreu vários bairros de São Luís para apurar se o fornecimento de água já tinha sido restabelecido, como havia sido avisado previamente pela Caema que seria feito às 6h daquele dia.
A Caema tinha emitido nota afirmando que as obras já haviam sido concluídas na adutora Italuís. Ali, foram fizeram a substituição de 19 km de tubulação de 1.200 mm de diâmetro em ferro, por uma em aço patinável de 1.40 mm. A instalação da nova adutora garantiria, ou pelo menos deveria garantir a partir de sábado, 9, incremento de 500 litros por segundo a mais na vazão atual do sistema Italuís, beneficiando 600 mil pessoas.
Entretanto, notou-se que em muitos bairros, como o São Francisco, Centro, Madre Deus e Anjo da Guarda, alguns dos visitados, o fornecimento de água ainda não tinha sido normalizado.
É o caso do aposentado Antônio Pinheiro, de 83 anos, que mora no São Francisco. “Eu fiz uma cisterna na minha casa justamente para quando faltar água nós termos como nos manter até que ela volte. Agora, ela está vazia e a água não chegou na manhã de hoje (sábado), como avisado pela Caema”, reclamou.


Reclamação
Outro morador daquele bairro a recorrer a outros meios para ter água em casa foi o pedreiro Carlos Pinheiro, de 60 anos. “Eu cheguei agora há pouco do serviço e não tive água pra tirar os restos de cimento que ficaram na minha pele. O jeito foi eu ir na praia e pegar um pouco da água do mar para me limpar aqui”, reclamou, apontando para os pés dentro de um balde com água salgada.
Outra a ser prejudicada diretamente com a falta de água foi a doceira Elbina Rabelo, de 48 anos, que mora na região do Centro de São Luís. “Esses dias não estou podendo pegar encomendas porque estamos sem água. Resultado disso é que estamos sem poder trabalhar e sem receber dinheiro esses dias. E olha que já superou o prazo que eles nos deram para resolver isso”, disse.

Esses dias não estou podendo pegar encomendas porque estamos sem água. Resultado disso é que estamos sem poder trabalhar e sem receber dinheiro”Elbina Rabelo, doceira, que mora na região do Centro, sobre a falta de água em São Luís


Moradores de algumas ruas no centro tiveram que buscar baldes de água na Fonte do Bispo, que ajudou muitos a não ficarem sem tomar banho, já que a água não servia para beber nem para fazer comida.
Já na Madre Deus, muitos moradores tomaram banho e encheram seus baldes em um poço centenário que fica localizado na Rua Macapá. Aquela foi a única saída para eles, já que muitos não poderiam comprar água.
Francisco Santos, de 51 anos, é o principal morador a cuidar daquele poço. “Quem criou esse poço foi a minha mãe há muitos anos. Ele existe há mais de 100 anos. Hoje não podemos tomar água dele, mas serve para muita coisa, inclusive para tomar banho”, disse ele enquanto tomava banho no local.
A Caema informou por meio de nota que está sendo feito o restabelecimento emergencial, para permitir que as empresas privadas contratadas (Memps Engenharia, PB Construções, Edeconsil Construções e Locações e EIT Construções) encontrem a solução definitiva para o problema, de responsabilidade deles.

Estamos trabalhando para que, na segunda, 11, a água já esteja chegando às casas dos ludovicenses. A Caema irá contratar uma empresa externa para apresentar um laudo sobre o ocorrido. Essa empresa possivelmente será o Instituto de Pesquisa do Estado de São Paulo (IPT)”Carlos Rogério Santos Araújo, presidente da Caema

Nota da Caema

A Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) vem a público informar que:

1. Contratou as empresas privadas Memps Engenharia, PB Construções, Edeconsil Construções e Locações e EIT Construções para realizar a obra da nova adutora do Sistema Italuís.
2. Na tarde da última sexta-feira (8), foi finalizado o serviço de interligação da nova adutora, antes do prazo estabelecido.
3. Infelizmente, na noite de sábado (9), ocorreu vazamento de grande porte no começo do Campo de Perizes, na junta Y. A peça, fabricada pela empresa Memps Engenharia, não suportou a pressurização na linha de distribuição.
4. Desde o momento do rompimento, equipes da Caema e das empresas privadas trabalham no local, ininterruptamente, para a resolução do problema.
5. Nesse momento, está sendo feito restabelecimento emergencial, para permitir que as empresas privadas contratadas (Memps Engenharia, PB Construções, Edeconsil Construções e Locações e EIT Construções) encontrem a solução definitiva para o problema, de responsabilidade deles.
6. Novas informações serão repassadas à população nas próximas horas, à medida que os trabalhos de reparo avancem.

falta de água - obra no Italuis

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