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Textos reunidos de Raimundo Lopes

Livro “Raimundo Lopes – Seleta de Dispersos” traz os mais importantes escritos avulsos do maranhense e tem pesquisa, estabelecimento de texto e notas de Sebastião Moreira Duarte

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Livro traz artigos de Raimundo Lopes
Livro traz artigos de Raimundo Lopes (Raimundo Lopes)

SÃO LUÍS- Com o objetivo de trazer à luz a obra de um dos grandes pesquisadores maranhenses, será lançado hoje, às 19h, no Espaço Cultural e Livraria Amei (São Luís Shopping, Jaracati), o livro “Raimundo Lopes – Seleta de Dispersos”. A obra reúne textos do autor de “O torrão maranhense” colhidos a partir de pesquisas em bibliotecas e arquivos do Rio de Janeiro e São Luís, bem como cópias guardadas por especialistas e outras publicadas em periódicos científicos, jornais e revistas de divulgação. A publicação tem pesquisa, estabelecimento de texto e notas do escritor, pesquisador, professor e membro da Academia Maranhense de Letras (AML), Sebastião Moreira Duarte.

“Raimundo Lopes – Seleta de Dispersos” tem o objetivo, conforme Moreira Duarte, de “não apenas restituir à publicidade afamados estudos seus sobre as ciências em que mais se distinguiu – a Geografia e a Etnografia -, mas escritos outros, de não menor interesse, que ampliem a percepção de outras áreas de saber a que ele aplicou os dotes de sua inteligência”, destaca o organizador da obra em texto de abertura.

Além da reunião de escritos, o livro traz ainda um acervo iconográfico que compõe algumas das quase 600 páginas da obra dividida em duas partes: “Antropogeografia e afins” e “Literatura, jornalismo e afins”. A primeira reúne textos como “As regiões brasileiras”, “Alcântara, uma cidade tradicional”, “Entre a Amazônia e o Sertão”, entre outros. A segunda aglutina escritos como “Gonçalves Dias, o poeta-sábio”, “O Salão dos Novos”, “O Tímon”, “Aluísio e o Maranhão”, entre outros.

Raimundo Lopes foi catedrático do Museu Nacional, precursor nos estudos e pesquisas de campo da arqueologia maranhense com trabalhos sobre os sambaquis e os achados das habitações lacustres pré-históricas da Baixada Maranhense, as chamadas “estearias”, ramo da arqueologia inaugurado por ele.

O arqueólogo Deusdédit Carneiro Leite Filho, que assina o prefácio da obra, destaca a importância e a grande contribuição de Raimundo Lopes para diversos ramos do conhecimento, bem como para o caráter precursor do estudo realizado por ele sobre cultura material e os vestígios observados em assentamentos dos antigos povos que habitaram o território maranhense a partir de uma abordagem cultural e social. “Raimundo Lopes foi um homem de sua época, embora em diversos aspectos, principalmente no que tange ao processo arqueológico, tenha transcendido as limitações então impostas, discutindo e propondo reflexões e abordagens inovadoras que concebiam a ciência sob diferentes enfoques conceituais”, pontua Deusdédit Carneiro.

Estudos

Raimundo Lopes faz ainda em sua obra uma análise das origens dos grupos indígenas, dos negros e dos brancos que povoaram o Maranhão. Entre seus trabalhos destacam-se “Os Fortes Coloniais de São Luís”, “As Regiões Brasileiras”, “Entre a Amazônia e o Sertão”, “O Homem em Face da Natureza”, “Ensaio Etnológico sobre o Povo Brasileiro”, “Pesquisa Etnológica sobre a Pesca Brasileira no Maranhão”, entre outros. O maranhense publicou ainda o romance “Peito de Moça”. Seu último livro foi “Antropogeografia”, publicado postumamente.

Natural do município de Viana, no Maranhão, nasceu em 28 de setembro de 1894. Aos seis anos de idade, mudou-se com a família para São Luís. Na capital, foi matriculado na Escola Modelo Benedito Leite, onde estudou até 1903. Seu pai, que havia sido eleito governador do Maranhão dois anos depois de transferir-se de Viana, resolveu mudar-se para o Rio de Janeiro, renunciando ao cargo.

Voltou ao Maranhão já adolescente quando escreveu, aos 17 anos, o livro “O torrão maranhense”. A obra causou de imediato grande surpresa entre o meio científico da época. Levado pela boa aceitação de seu primeiro livro publica, em capítulos, “Uma Região Tropical”, considerado um aprimoramento das ideias e análises apresentadas no seu livro de estreia.

Raimundo Lopes era bacharel em Letras e fez até o quarto ano de Direito, mas dedicou-se à pesquisa, de modo geral à etnografia, à etnologia, à arqueologia, à história e à sociologia. Foi membro da Academia Maranhense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Com o irmão, Antônio Lopes, Raimundo Lopes criou o primeiro decreto de proteção dos casarões de São Luís, proibindo sua demolição. Trata-se do Decreto n° 476 de 1º de julho de 1943. Criaram também a Comissão Municipal de Patrimônio Histórico, primeiro órgão de preservação ligado ao poder público.

Sob a orientação de Raimundo Lopes, o Instituto de Patrimônio Artístico Nacional (Iphan) fez o primeiro tombamento nacional no Maranhão. Trata-se do sítio arqueológico sambaqui do Pindaí. Raimundo Lopes faleceu no Rio de Janeiro, no dia 8 de setembro de 1941, dias antes de completar 47 anos.

Sobre “Raimundo Lopes – Seleta de Dispersos”, Sebastião Moreira Duarte frisa que o livro traz o que de mais importante o maranhense produziu de forma avulsa. “É um apanhado geral de seus escritos em áreas diversas e por diversos tempos e que torna possível uma visão de ‘corpo inteiro’ de seu trabalho intelectual”, sintetiza o organizador.

Serviço

O quê

Lançamento do livro “Raimundo Lopes – Seleta de Dispersos”

Quando

Hoje, às 19h

Onde

Espaço Cultural e Livraria Amei – São Luís Shopping, Jaracati

Preço

R$ 60,00

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