Lançamento

Raridades musicais em disco

José Staneck, Ricardo Santoro e Sheila Zaugy regravam, em formação inusitada, raridades e obras consagradas do músico Astor Piazzolla, como “Adiós Nonino”, “Libertango”, “La Muerte del Ángel”, “Deus Xango” e “Retrato de Milton”

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Trio Harmonitango homenageia Piazzolla
Trio Harmonitango homenageia Piazzolla (Trio Harmonitango)

SÃO LUÍS - Já está circulando o primeiro CD do Harmonitango, que reúne os músicos cameristas José Staneck (harmônica), Ricardo Santoro (violoncelo) e Sheila Zagury (piano). O disco, última produção de Sergio Roberto de Oliveira, morto em julho deste ano, é uma homenagem à obra de Astor Piazzolla, com um tempero brasileiro.

O disco traz inclusive duas das maiores criações de Piazzolla, as canções “Adiós Nonino”, dedicada ao seu pai que acabara de perder, em 1959, e “Libertango”, tema consagrado pelas interpretações do compositor e das várias releituras mundo afora. A “Libertango” juntam-se, nessa gravação, “Meditando” e “Violentango”, que pertencem a uma série de sete tangos, lançados em único disco, de 1974.

Em “Fuga y Misterio”, o compositor resgata suas influências eruditas, onde encontramos uma fuga que integra, originalmente, María de Buenos Aires, uma “ópera tango” denominada pelo compositor como “operita”. Essa mesma forma reaparece em “La Muerte Del Ángel”, com momentos líricos.

Ainda dentro da série “Ángel”, “Milonga del Ángel e Resurrección del Ángel”, e “Oblivion”, escrita em 1982 para o filme “Enrico IV”, do cineasta Marco Bellocchio. “Deus Xango” é um dos frutos dos encontros de Piazzolla com o saxofonista Gerry Mulligan: o disco “Summit” (Reunión Cumbre), de 1974. Já “Retrato de Milton” é dedicada a Milton Nascimento, que Piazzolla considerava como o grande representante da então nova geração de grandes compositores do Brasil.

“Acredito que o público está gostando desse trabalho e este ano já nos apresentamos no Rio de Janeiro e temos outras apresentações”, disse Sheila Zaugy, acrescentando que o trio planeja novos shows para 2018.

Na fonte

A música de Piazzolla também bebeu na fonte brasileira. No início da carreira, o portenho foi ter aulas com a legendária Nadia Boulanger, mestre de alguns dos maiores criadores do século XX, como Igor Stravinsky, Leonard Bernstein, Aaron Copland, os brasileiros Claudio Santoro, Camargo Guarnieri e Almeida Prado. Foi a própria Boulanger quem lhe incentivou a desistir da carreira erudita e mergulhar de verdade no tango, ritmo que tanto o fascinava.

Por meio da fusão de seus estilos, o trio encontra na obra de Astor Piazzolla uma maneira de se expressar, valorizada pela riqueza tímbrica da harmônica, do violoncelo e do piano. A similitude da sonoridade da harmônica com o bandoneon transfere à música de Piazzolla a energia de um dos mais importantes compositores do século XX, numa poderosa usina de sons valorizada pelos arranjos e pela execução do Harmonitango.

Criado em 2010, o Harmonitango já se apresentou em diversas salas de concerto do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Brasília, Goiânia, Maringá, Londrina, entre outras cidades, sempre com grande receptividade.

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