Tensão

Exercício militar na Coreia do Sul inclui caças furtivos dos EUA

Modelos F-22 Raptor e F-35, capazes de se esconder dos radares, foram deslocados para a Península Coreana; EUA e Coreia do Sul começam maior exercício aéreo conjunto já feito entre os dois países

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Caça F-35 exposto em Dayton, nos EUA, que participa de manobras na Coreia do Sul
Caça F-35 exposto em Dayton, nos EUA, que participa de manobras na Coreia do Sul (Caça F-35 exposto em Dayton, nos Estados Unidos, que participa de manobras na Coreia do Sul)

SEUL - Os exercícios militares conjuntos de larga escala entre EUA e Coreia do Sul,iniciados ontem, incluem caças furtivos (com tecnologia "stealth", que os deixa praticamente ocultos nos radares inimigos) dos modelos F-22 Raptor, F35-A e F35-B, modernos aviões de guerra de quinta geração.

Segundo a Coreia do Norte, o treinamento deixa a Península Coreana "à beira da guerra nuclear". As manobras do exercício “Ás Vigilante” acontecem uma semana depois de Pyongyang dizer que testou seu míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) mais avançado e capaz de alcançar os EUA, parte de um programa de armas que vem desenvolvendo em desafio a sanções e críticas internacionais.

O exercício de EUA e Coreia do Sul, segundo a agência sul-coreana Yonhap, já é a maior combinação de aeronaves dos dois aliados, pois envolve mais de 230 aviões de guerra e cerca de 12 mil tropas.

Entre eles estão seis F-22 Raptor e seis F-35As, trazidos temporariamente à Coreia para o treinamento. As aeronaves F-22 e F-35 são consideradas pela fabricante Lockheed Martin como ferramentas para possibilitar a "dominância" aérea americana.

Como reporta a rede americana CNN, a ideia é que a capacidade de combate ar-ar do Raptor funcione em conjunto com as múltiplas funções dos sensores de longo alcance dos F-35 para garantir uma vantagem sobre a concorrência de outras potências militares, como China e Rússia.

Os dois modelos já fizeram missões de treinamento sobre a península coreana nos últimos meses.

Cobertos com o revestimento "stealth" mais avançado do mundo, o F-22 e o F-35 provavelmente seriam convocados para liderar uma eventual campanha aérea contra a Coreia do Norte, caso a situação na região chegue às vias de fato.

No exercício desta semana, que segue até sexta-feira, atuam ainda uma dúzia de aviões F-35B operados pelo Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, voando a partir de sua base no Japão, informa a Yonhap.

Outras aeronaves envolvidas são dois bombardeiros B-1B Lancer, seis jatos EA-18G Growler e dezenas de aviões de combate F-15C e F-16.

Ameaça

A tensão voltou a aumentar na península coreana. Desta vez, por causa de manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul ontem poucos dias depois de a Coreia do Norte realizar o lançamento de seu míssil balístico mais avançado.

Segundo Paul Adams, correspondente da BBC em Washington, o teste de combate aéreo chamado Vigilant ACE é um dos mais sofisticados e completos exercícios militares.

Tanto os Estados Unidos quanto a Coreia do Sul insistem que as manobras buscam testar a capacidade dos dois exércitos de trabalharem juntos, mas o governo norte-coreano considera essas práticas uma ameaça direta.

O regime de Kim Jong-un condenou duramente as manobras, inclusive antes de começarem, por meio de um comunicado divulgado pela agência estatal, a KCNA.

O presidente americano, Donald Trump, está "pedindo uma guerra nuclear", advertiu Pyongyang, utilizando a mesma retórica adotada em setembro pela embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley - que afirmou então que as ações do governo norte-coreano trouxeram o mundo mais perto de uma guerra.

Os exercícios militares, que duraram cinco dias, tiveram a participação de 230 aviões de combate e 12 mil militares.

Entre os aparatos usados, estão seis caças F-22 de quinta geração, com tecnologia furtiva - ou seja, que dificilmente são detectados por radares.

A manobra também teria incluído bombardeiros estratégicos B-1B, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

Resposta de Pyongyang

Embora os exercícios militares estivessem programados há um tempo, foram iniciados poucos dias depois de o regime norte-coreano lançar um míssil que, segundo o governo de Kim Jong-un, seria capaz de atingir qualquer parte do território dos Estados Unidos.

O Hwasong-15 voou a uma altitude maior que os mísseis lançados anteriormente, antes de cair nas águas do Japão - um resultado que os especialistas consideraram como um "avanço significativo" para a corrida armamentista da Coreia do Norte.

"Os cálculos iniciais indicam que o novo míssil poderia lançar uma arma nuclear de tamanho moderado em qualquer cidade dos Estados Unidos", escreveu Michael Elleman, especialista em mísseis do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, no portal especializado 38 North.

Mas ele destacou também que o regime norte-coreano ainda precisa levar a cabo mais testes com esse míssil para verificar sua verdadeira capacidade e eficácia.

'Uma corrida'

O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, H.R McMaster, afirmou no fim de semana que há formas de resolver a crise com a Coreia do Norte para além de um conflito militar, mas advertiu que é uma "corrida, porque (Kim Jong-un) está se aproximando cada vez mais e não resta muito tempo".

Em um fórum na Califórnia, o assessor fez um apelo à China para que promova um embargo total de petróleo à Coreia do Norte, com a finalidade de dificultar os avanços militares do regime.

"É do interesse urgente da China fazer mais", destacou. "Não é possível lançar um míssil sem combustível."

Pequim, por sua vez, argumenta que está cumprindo as sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) contra Pyongyang e insiste na necessidade de reduzir a tensão e voltar à mesa de negociações - uma possibilidade que aparenta ser cada vez mais remota.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.