Editorial

A tentação de ir às compras

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34

Não basta ter muita, muita vontade de comprar. Afinal de contas, as festas de Natal e Ano Novo estão associadas ao consumo e muitas pessoas, ávidas em comprar aquele presente, por mais simples que seja, não resistem à tentação de ir às lojas.

Uma coisa é certa e se repete sempre a cada ano: muitos consumidores tomam decisões financeiras impensadas nesta época e acabam comprometendo o orçamento, gastando mais do que podem e se endividando.

São muitos os argumentos dos consumidores. Tradição, demonstração de afeto, merecimento, pressão dos filhos e familiares - motivos não faltam para justificar as despesas com a compra de presentes no Natal.

Recente pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que três em cada dez consumidores que têm intenção de presentear este ano possuem contas em atraso (34%) e 32% estão com o nome sujo no momento (queda de 6,9% em relação ao ano passado).

O levantamento mostra que 16% costumam gastar mais do que podem nas compras do Natal, 7% pretendem deixar de pagar alguma conta para poder comprar presentes, 5% para conseguir participar das comemorações de Natal e 6% das comemorações de ano novo.

Muitas pessoas impulsionadas pelas atrações - as mais diversas possíveis - nas vitrines das lojas (e bote shoppings nisso) se seduzem com o parcelamento, que não deixa de ser uma forma de descontrole financeiro durante vários meses do ano que está chegando. Ainda conforme levantamento, cerca de 52% dos consumidores costumam dividir as compras de Natal em várias prestações, principalmente para que tenham condições de comprar todos os presentes (22%).

Aí que vem o alerta. Especialistas em economia ressaltam a importância de resistir aos excessos de consumo e, ao mesmo tempo, ficar atento ao parcelamento. Segundo eles, "dividir as compras pode ser uma boa alternativa, desde que sejam respeitados os limites do orçamento doméstico. De nada adianta parcelar se a prestação vai comprometer o pagamento de outras despesas importantes no dia a dia".

E vem mais dados da pesquisa: 18% dos que vão presentear este ano ficaram com o nome sujo por causa das dívidas pendentes com as compras de fim de ano em 2016, sendo que 11% ainda estão negativados e 6% já limparam o nome. Entre os que souberam informar, o valor médio das dívidas responsáveis pela negativação foi de R$ 961.

Para educadores financeiros, chega a ser compreensível o apelo ao consumo nesta época, mas a pessoa deve gastar de acordo com sua realidade financeira. Se há dívidas a pagar, assumir novos compromissos poderá piorar ainda mais este quadro. O ideal é restringir os gastos e equacionar as contas em atraso em primeiro lugar. Mas o que poucas pessoas é planejamento antes de sair de casa. Não avaliam que junto com janeiro chegam com impostos a pagar, matrícula e livros escolares, entre outras despesas que já estão inseridas no cotidiano do cidadão.

Portando, é muito importante, avaliar o orçamento disponível para os presentes, elaborar uma lista com as pessoas a serem presenteadas e evitar que a empolgação do momento interfira nas decisões financeiras.

Afinal de contas, esta é a melhor data de todo o ano para o comércio. Os lojistas sonham com o Natal e Ano Novo, pois para muitos o faturamento do período chega a compensar as perdas financeiras que ocorreram ao longo do ano.

Se nada disso impede o descontrole financeiro, um Feliz Natal e boas compras.

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