Corrupção

Flávio Dino aposta em pauta política para tirar foco de escândalo na Saúde

Abalado pela Operação Rêmora, da Polícia Federal – que aponta desvios de pelo menos R$ 18 milhões na Saúde do Maranhão -, comunista intensifica agenda eleitoral

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Flávio Dino tenta reverter quadro de imagem negativa com pauta política
Flávio Dino tenta reverter quadro de imagem negativa com pauta política (Flávio Dino)

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), intensificou, a partir do último fim de semana, uma agenda com foco em atividades político-eleitorais – em detrimento das administrativas – e na divulgação maciça dos atos nos meios de comunicação ligados ao Palácio dos Leões.

O objetivo da guinada, mesmo que momentânea, é tentar desviar o foco da Operação Pegadores, desencadeada pela Polícia Federal no dia 16 de novembro e que pilhou a gestão comunista em desvios de, pelo menos, R$ 18 milhões em recursos da Saúde estadual.

Diante do desgaste do noticiário negativo, Dino partiu, inicialmente, para o interior do estado. No dia 25 de novembro, pouco mais de uma semana depois da deflagração da operação policial, esteve em Santa Inês, onde participou de um encontro do Partido Republicano (PR).

A sigla é comandada no Maranhão pelo deputado estadual Josimar de Maranhãozinho, o mesmo que viu três prefeituras sob seu controle – Centro do Guilherme, Marahãozinho e Zé Doca – recentemente agraciadas com convênios da ordem de R$ 5 milhões com o Governo do Estado.

A presença do comunista no evento republicano – aliada à notícia de liberação de altas somas em dinheiro para prefeitos aliados de Maranhãozinho – foi apontada pelos mais próximos do governador como um sinal claro de que PR estará no palanque do PCdoB em 2018.

Presenças – Para manter em voga temas políticos, Flávio Dino reforçou as agendas com aliados nos últimos dias.

Na sexta-feira, 1º, por exemplo, esteve no encontro estadual do Partido Trabalhista Cristão (PTC), comandado pelo deputado estadual Edivaldo Holanda – pai do prefeito de São Luís, Holanda Júnior (PDT).

Na ocasião, reforçou o discurso sobre parcerias com a gestão pedetista e destacou os investimentos em asfalto na capital.

Já neste sábado, 2, deve marcar presença em evento do PDT, quando é esperado que confirme apoio à pré-candidatura do deputado Weverton Rocha ao Senado.

Enquanto isso, os trabalhos de investigação da Operação Pegadores seguem na Polícia Federal. Dos 17 inicialmente presos, apenas dois ainda estão na cadeia: os ex-assessores da Secretaria de Estado da Saúde (SES) Mariano de Castro Silva e Luiz Marques Barbosa Júnior. Junto com a pedetista Rosângela Curado, eles são apontados como os “cabeças” do esquema desvendado pelos federais.

MAIS

Depois de passar uma semana atacando a PF ao cobrar a “folha complementar” de pagamentos extras efetuados pela SES, o governador Flávio Dino silenciou ante a revelação do secretário de Saúde, Carlos Lula, de que já está de posse da lista, na qual realiza uma “pente fino” para identificar “fantasmas”.

Principal auxiliar, Jerry também age para desviar foco

O secretário de Estado da Comunicação e Articulação Política, Márcio Jerry (PCdoB) – principal auxiliar do governador Flávio Dino (PCdoB) – também atuou nesta semana para desviar da Operação Pegadores o foco do noticiário.

Para isso, disseminou nas redes sociais a informação de que uma reunião de apoio ao deputado federal Weverton Rocha, pré-candidato do PDT ao Senado, seria um encontro para reforçar aliança com o PCdoB.

Participaram da agenda líderes de oito partidos: do PCdoB, Márcio Jerry; do PSB, Luciano Leitoa; do PP, André Fufuca; do PEN, representando por Júnior Marreca; do DEM, Juscelino Filho; do PTB, Pedro Fernandes; e do PRB, Cleber Verde.

Jerry anunciou que todos haviam fechado questão em torno da reeleição de Flávio Dino. Alguns deles negaram de pronto. Mas coube ao próprio Weverton, no seu site pessoal, destacar o objetivo do encontro: confirmar a presença dos aliados na Convenção do PDT, no sábado (2).

Comunista defende escolha de Brandão como vice

Numa terceira frente para tentar diminuir a repercussão da Operação Pegadores no Maranhão, o secretário de Estado da Comunicação e Articulação Política, Márcio Jerry (PCdoB), concedeu entrevistas a veículos ligados ao Palácio dos Leões pelo interior.

Numa delas, à Rádio Guanabara FM, de Colinas, comentou a possibilidade de reedição da aliança Flávio Dino/Carlos Brandão como cabeças de chapa para as eleições de 2018, novamente como governador e vice-governador.

Brandão está de saída do PSDB – agora controlado pelo senador Roberto Rocha -, mas, de acordo com Jerry, segue tendo a confiança do Palácio para ser o companheiro de chapa do governador.

“Em time que está ganhando a gente não mexe. A parceria do governador Flávio Dino com o vice-governador Carlos Brandão se mostrou muito correta. É uma parceria que serviu para ganhar a eleição, que serviu para governar o Maranhão até agora e que servirá para o futuro. Então, eu, particularmente, não vejo hoje nenhum nome mais adequado para ser vice do que o próprio atual vice-governador Carlos Brandão”, declarou.

Segundo ele, essa não é uma opinião pessoal, mas do PCdoB e, também, do próprio governador Flávio Dino.

“Falo isso não apenas em meu nome, em nome do nosso partido, mas também essa é a visão que tem o governador, de que essa chapa deu resultados, há harmonia muito grande. A gemente não tem essa história de vice que conspira contra o governador”, comentou.

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