Doença

Apenas 56% dos jovens com o vírus HIV iniciam o tratamento

Jovens voltaram a ser preocupação quando o assunto é o HIV; a falta do uso da camisinha é apontado por especialistas como fator determinante para o aumento da circulação do vírus

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Por meio do exame de sangue é possível detectar doenças sexualmente transmissíveis
Por meio do exame de sangue é possível detectar doenças sexualmente transmissíveis (Por meio do exame de sangue é possível detectar doenças sexualmente transmissíveis)

BRASÍLIA - Depois do aumento de caso de Aids em idosos, os jovens voltaram a ser a preocupação quando o assunto é HIV. A falta do uso da camisinha é apontado por especialistas como fator determinante para o aumento da circulação do vírus. Além disso, os jovens são os que menos aderem ao tratamento e que possuem maior proporção de carga viral no sangue.

Os dados do Ministério da Saúde indicam que, em 2016, aproximadamente 830 mil pessoas viviam com o vírus no Brasil. Dessas, 694 mil (84%) foram diagnosticadas, 655 mil (79%) estão vinculadas a algum serviço de saúde e 563 mil (68%) seguem o tratamento.

Os jovens apresentam os piores resultados: apenas 56% dos diagnosticados de 18 a 24 anos iniciaram tratamento com terapia antirretroviral. Destes, menos da metade apresenta supressão viral. Entre todos em tratamento há pelo menos seis meses, 91% atingiram supressão viral –quanto menor a carga viral, menor a possibilidade de transmissão do vírus.

Camisinha é coisa do passado?

De cada 10 jovens entre 15 e 25 anos, seis não usaram preservativo durante o sexo no ano passado, aponta outra pesquisa do Ministério.

“As pessoas estão simplesmente usando menos preservativo. Principalmente, as mais jovens. Elas se expõem muito mais às DSTs e nem estão se dando conta disso. Tanto é que o número de casos entre quem é mais velho permanece estável e até diminui um pouco, mas nos jovens ele dispara”, relatou o médico Sergio Podgaec, ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

E não estamos falando só de Aids. Os números de infectados com sífilis também são assustadores. Já a gonorreia e a clamídia também estão atingindo mais pessoas, embora não seja possível precisar quantas porque elas não possuem notificação obrigatória pelo Ministério da Saúde.

Liberdade sexual

Para a médica Ruth Khalili, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), vários motivos estão levando ao aumento das DSTs no Brasil. Segundo ela, há, hoje, uma maior liberdade sexual que facilita a rotatividade nas parcerias sexuais.

Além disso, a desinformação é grande. Para Khalili, nunca houve um trabalho de conscientização de forma organizada, abrangente e continuada. A isso, soma-se o fato de que o medo da população em relação ao HIV parece ser menor do que nas décadas anteriores.

“Eu estava na faculdade em 1988 quando apareceram os primeiros casos de HIV. E virou o terror. As pessoas tinham um medo absoluto de se contaminar com o HIV. Foi feita uma campanha intensa do uso de preservativo por conta do HIV. E obviamente que as outras doenças foram afetadas”, disse. “Como os tratamentos para o HIV foram melhorando ao longo dos anos, esse medo foi diminuindo”, completa.

Preconceito e julgamento

Os tempos não são mais os de Cazuza, mas a imagem que cerca a convivência com o HIV ainda é a do cantor. Se o tratamento atualmente já é eficiente para garantir a qualidade de vida da pessoa infectada, quem vive com a doença diz que a maior dificuldade encarada mesmo é o preconceito.

E se viver com HIV já traz muitos estigmas, para as mulheres eles ainda se somam ao machismo. “Ser mulher já é complicado, né? Em um país machista, ser mulher com HIV complica ainda mais. Porque as pessoas ainda têm a visão do HIV ligado à promiscuidade”, diz Heliana Moura, secretária política do Movimento das Cidadãs Posithivas.

Ela, que trabalha com prevenção, conta também que o machismo aumenta os riscos do contágio. “Elas questionam: o que ele vai pensar se eu pedir para usar camisinha?”, explica, mencionando que sempre cabe à mulher a tarefa de ‘negociar’ o uso do preservativo nas relações. Atualmente, elas são 51% das pessoas vivendo com o vírus no mundo.

Correlata

Maranhão possui quase 18 mil

casos confirmados de Aids

O Maranhão possui atualmente 17.773 casos confirmados de pacientes com Aids em todo o seu território. A informação é da Secretaria Estadual de Saúde (SES). De acordo com a pasta, houve um aumento significativo no número de casos de pessoas entre 15 e 24 anos infectadas com o vírus HIV. Para especialistas, a prevenção ainda é o melhor caminho para diminuir a quantidade de casos.

Ainda de acordo com a SES, somente no primeiro semestre deste ano, foram 103 casos novos da doença no estado. Somente no Hospital Presidente Vargas, unidade de saúde considerada referência no tratamento de pacientes infectados, estão catalogados 4.690 pessoas que estão sendo submetidas ao tratamento da doença.

Em coletiva realizada na tarde de sexta-feira (1º), em Curitiba (PR), o Ministério da Saúde informou ainda que a taxa de mortalidade nos casos de Aids apresentou uma queda de 7,2%. Segundo a pasta federal, em um ano (de 2015 a 2016), a média de óbitos passou de 5,7 por 100 mil habitantes para 5,2. "O Ministério da Saúde quer diminuir o número de pessoas que desenvolvem a doença. E é isso que estamos fazendo, ofertando os medicamentos mais modernos e investindo mais", disse o ministro da Saúde, Ricardo Barros.

Camisinha

De acordo com o Ministério da Saúde, a camisinha ainda é a forma de prevenção mais eficaz para a prevenção contra a Aids. A recomendação é que o uso do acessório seja feito obedecendo a algumas técnicas, para evitar a infecção indesejada.

Onde são feitos os testes?

Em São Luís, de acordo com dados da Prefeitura, existem dois locais onde são feitos os testes de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Um deles é o Centro de Testagem e Acolhimento (CTA) do Lira, na Praça São Roque, no bairro. O outro local é o CTA do bairro Anil, situado na avenida São Sebastião. O atendimento nestes locais é feito de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h.

Como funcionam os testes?

De acordo com o Ministério da Saúde, os testes rápidos e oferecidos nos CTAs são realizados a partir da coleta de uma gota de sangue da ponta do dedo. Após o procedimento, o sangue é colocado em dispositivos de testagem. Caso em ambos haja o mesmo resultado, o diagnóstico é fechado. Vale lembrar que o anonimato é preservado durante o teste.

Tratamento?

O tratamento da AIDS é feito com medicamentos antirretrovirais que são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Onde são feitos os testes em São Luís

- Centro de Testagem e Aconselhamento - CTA

Atendimento com orientação e informação sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis DST/HIV/Aids, com aconselhamento coletivo e individual e testes gratuitos para HIV, Sífilis e Hepatites B e C.

CTA - LIRA
Endereço: Praça São Roque, s/n - Lira
Segunda a quinta, das 8h às 12h das 14h às 18h
Fone: (98) 32128379

CTA - ANIL
Endereço: Av. São Sebastião, s/n - Anil
Segunda a sexta, das 8h às 12h das 14h às 18h
Fone: (98) 3245-9853

Fonte: Prefeitura de São Luís

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