Pegadores

Presidente do Idac diz em depoimento que cúpula da Saúde sabia do esquema de fantasmas

Antônio Aragão disse que já a Secretaria de Saúde encaminhava os nomes e o valor a ser pago para cada pessoa; ele também afirmou ter reclamado para o secretário

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Carlos Lula sabia de esquema, diz Antônio Aragão em depoimento à PF
Carlos Lula sabia de esquema, diz Antônio Aragão em depoimento à PF (Carlos Lula)

O presidente do Instituto de Desenvolvimento e Apoio à Cidadania (Idac), Antônio Aragão, que cumpre prisão domiciliar por envolvimento em esquema de desvios de dinheiro público da Saúde, afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) no bojo da Operação Pegadores, que o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, sabia do pagamento a ‘funcionários fantasmas’ da pasta.

De acordo com Aragão, Lula também havia acertado, junto ao Idac e ao operador do esquema criminoso, Mariano de Castro e Silva, a contratação de empresas indicadas para a prestação de serviços para a SES.

O depoimento de Aragão, que teve teor revelado ontem pelo blog do Neto Ferreira, está no relatório da PF que dá sustentação às investigações contra a organização criminosa que atuava na pasta. De acordo com a polícia, mais de R$ 18 milhões foram desviados dos cofres públicos.

“Que a secretaria de Saúde encaminhava os nomes de tais pessoas e o valor a ser pago; que tais pessoas não eram contratadas pelo Idac; que por diversas vezes reclamou de tal situação com o secretário Carlos Lula e com os titulares da Superintendência da Rede, com a secretária adjunta da Rede de Serviços, doutora Larissa [...]”, destaca trecho do relatório.

“Que a partir daí ficou acertado com Carlos Lula e Mariano que o Idac deveria contratar as empresas que seriam indicadas”, informa outro trecho.

Lula sabia – No dia deflagração da Operação Pegadores, a superintende da Polícia Federal no Maranhão, Cassandra Ferreira Alves Parazi, assegurou que o secretário Carlos Lula tinha conhecimento dos esquemas na Saúde.

Ela também afirmou que o secretário nada fez para evitar a continuidade da fraude na SES.

“Especialmente o secretário de Saúde. Ele, especialmente, tinha conhecimento disso e infelizmente não soube tratar da melhor forma, não soube bloquear isso e as fraudes continuaram”, disse em entrevista à TV Mirante na ocasião.

Além da declaração da superintende da PF, a decisão judicial que determinou as 18 prisões na oportunidade, assinada pela juíza federal Paula Sousa Moraes, substituta da 1ª Vara Criminal no Maranhão, transcreve um diálogo entre o secretário Carlos Lula e Benedito Carvalho, diretor do Instituto Cidadania e Natureza (ICN), que administrava unidades hospitalares no Maranhão.

No diálogo, gravado por meio de interceptação telefônica autorizada pela Justiça, Benedito Silva explica ao secretário o que é a folha complementar de R$ 400 mil. O diálogo interceptado pela polícia ocorreu em setembro de 2015.

“O que é essa folha complementar?”, pergunta Carlos Lula.

“Pois é, eu vou lhe ligar agora, que nela tá incluso uma relação de pessoas aí da Secretaria que mandavam a gente pagar também, como folha extra...”, responde Benedito.

“Ahhhh... aí não tem quem aguente! Tá, entendi! Tá tudo bem, pode mandar. Pode mandar, por favor”, diz o secretário.

OUTRO LADO

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) esclarece que o secretário não é investigado no processo. A SES informa que a decisão judicial aponta para o fim do procedimento tido como ilícito em 2015, com a chegada de Carlos Lula à subsecretaria desta pasta.

Mariano é exonerado de cargo em Coroatá

O operador de esquemas na estrutura da Saúde do Maranhão, apontado pela Polícia Federal como um dos articuladores dos desvios de mais de R$ 18 milhões dos cofres públicos, Mariano de Castro e Silva, foi exonerado da Prefeitura de Coroatá.

Lá, ele exercia a função de diretor do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), vinculado à Secretaria Municipal de Saúde.

A exoneração é assinada pelo prefeito Luiz da Amovelar Filho (PT) e se deu por meio de decreto. O ato somente ocorreu 15 dias após a prisão de Mariano pela PF.

Na ocasião da prisão, dia 16 deste mês, Mariano foi também demitido da Secretaria Estadual de Saúde (SES), onde exercia o cargo de assessor especial na pasta.

Num cofre de uma das residências do operador, a PF apreendeu 59 das 89 folhas de cheques encontradas durante a Operação Pegadores.

As 59 folhas de cheques eram da empresa Márcio V. P. Santos ME, no valor de R$ 20 mil, cada.

A empresa pertence a Márcio Vinícius Portugal Santos, filho do atual secretário de Saúde de Coroatá, Vinicius Araújo.

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