Pegadores

Operação da PF abalou estruturas do Governo Flávio Dino

Eleito sob o discurso de moralização no serviço público, transparência e aplicação correta de recursos públicos, Flávio Dino foi confrontado com desvios na SES

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Delegados de Polícia Federal durante a Operação Pegadores
Delegados de Polícia Federal durante a Operação Pegadores (PF pegadores)

A Operação Pegadores desencadeada pela Polícia Federal (PF), confirmou a existência de atos de corrupção na administração do governador Flávio Dino (PCdoB). Além da atuação de uma organização criminosa e de desvios de mais de R$ 18 milhões da Saúde, a PF identificou a prática do apadrinhamento político no preenchimento de cargos e a contratação de funcionários fantasmas.

A operação, contestada pelo governador em seu perfil, em rede social, foi comandada pela superintendente da PF no Maranhão, Cassandra Ferreira Alves Parazi e pelo delegado de Polícia Federal, Wedson Cajé Lopes.

De acordo com a PF, as investigações começaram em junho de 2015, após a imprensa ter divulgado imagens de contracheques da enfermeira Keilane Silva, em Imperatriz, que apresentava cifras de um ‘supersalário’.

Ao todo, 17 pessoas foram presas. Dentre elas, a ex-secretária adjunto de Saúde Rosângela Curado (PDT) e Mariano de Castro Silva, apontado como operador de esquemas na Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Curado, demitida da pasta em 2015, segundo a PF, continuou a comandar desvios até 2017, uma vez que atuava, supostamente, como coordenadora do Cemesp/Imperatriz, mesmo sem exercer cargo público, ao mesmo tempo que prestava serviço àquela unidade, como proprietária de uma empresa.

“Identificamos que na nova gestão, no ano de 2015, uma série de ilícitos praticados por meio das OCIPs IOSs continuaram a ocorrer. Por essa razão em junho de 2015 foi instaurado um novo inquérito policial para investigar crimes que estavam ocorrendo na atual gestão. Parte desses crimes envolviam uma série de apadrinhados políticos. Eram listas confeccionadas na superintendência de acompanhamento na rede de serviços e determinava às organizações sociais que contratasse tais pessoas. E ainda tinha mais: as listas determinavam os salários que deveriam ser pagos a tais pessoas”, disse o delegado Wedson durante a entrevista coletiva, realizada no dia 16.

“Foram crimes cometidos em 2015, em 2016 e que continuam em 2017. Todos na atual gestão”, completou.

Na ocasião da deflagração da Operação Pegadores, o superintendente da Controladoria Regional da União no Maranhão, Francisco Alves Moreira, falou da atuação da organização criminosa na atual gestão.

“[...] A terceira é a desfaçatez, aliada a certeza de impunidade desses fraudadores que, como foi lembrado aqui, estamos na quinta fase da Sermão aos Peixes, e conforme demonstrado nas auditorias até agora realizadas pela CGU, parte dos recursos do Fundo Estadual de Saúde não estão se revestindo em serviços de saúde para a população em função desses desvios. No caso concreto apontado na Operação Pegadores, é a falta de profissionais para atendimento e estrutura condizentes com a necessidade da comunidade. Exemplificando. Cada profissional fantasma e o apadrinhado que recebe indevidamente da Saúde, impede que haja profissional nas unidades hospitalares prestando serviços à população”, disse Francisco Alves Moreira, superintendente da Controladoria Regional da União no Maranhão.

PF apontou para a contratação de mais de 400 ‘fantasmas’ na Saúde

Durante as investigações que resultaram na deflagração da Operação Pegadores, a Polícia Federal identificou a criação de cargos fantasmas como modalidade de desvio de recursos públicos da Saúde.

Ao todo, segundo a PF, mais de 400 cargos foram criados com a finalidade de desviar dinheiro público. O esquema foi identificado após apuração sobre o supersalário pago à enfermeira Keilane Silva, em Imperatriz.

“Identificamos cerca de 424 pessoas que foram inseridas nas folhas de pagamento das unidades hospitalares mas que não exerciam suas funções”, disse o delegado Wedson Cajé Lopes.

De acordo com o delegado, os crimes se davam por nomeação de supostos profissionais por indicação política.

“Era um desvio direto de recursos públicos das unidades para estas pessoas”, pontuou.

Perguntado sobre o período em que foram identificados os crimes, o delegado afirmou que todos se tratam da atual gestão.

“Foram crimes cometidos em 2015, em 2016 e que continuam em 2017. Todos na atual gestão”, ressaltou.

OUTRO LADO

O governador Flávio Dino (PCdoB) tem cobrado, da Polícia Federal, a divulgação da lista com os nomes dos mais de 400 funcionários fantasmas da Saúde. “Uma semana e nada da lista dos tais 400 fantasmas na saúde em 2015”, disse, no twitter.

Por meio de nota, a SES, informou, na semana passada, que tem se colocado à disposição da Justiça e que espera pela lista dos “fantasmas”.

“A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que, desde o início, se coloca à disposição da Polícia Federal para quaisquer esclarecimentos, e aguarda a lista de quem seriam os funcionários envolvidos. Rosângela Curado atuava como prestadora de serviços no Centro de Medicina Especializada (Cemesp), em Imperatriz, e recebia a contraprestação decorrente desta tarefa”.

O Governo também afirmou que desconhece “a existência de pessoas contratadas por Organizações Sociais que não trabalhavam em hospitais” “[...] somos totalmente contrários a essa prática, caso realmente existente”.

Na última quinta-feira, o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, o secretário-chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares, o procurador Rodrigo Maia e o secretário de Estado da Transparência Pública, Rodrigo Lago, fizeram visita de cortesia à PF e declararam que o Executivo estava à disposição para esclarecimentos.

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