Transparência turva

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34

Criada em 2015, com pompa e circunstância pelo governo Flávio Dino (PCdoB), como a solução para todos os males éticos e morais da administração pública, a Secretaria da Transparência foi vendida como um marco no controle dos processos de gestão.
Mas logo na nomeação do seu titular, a desconfiança tomou conta da classe política e dos observadores públicos do Maranhão. O escolhido para tocar a pasta foi o advogado Rodrigo Lago. Filho do ex-deputado Aderson Lago, Rodrigo cresceu com o sentimento de vingança a tudo que representasse contrariedade ao pensamento político do pai.
No comando da Secretaria, Lago parece ter acabado por somar ao próprio sentimento às determinações autoritárias e persecutórias do seu chefe, o governador comunista Flávio Dino. O resultado foi uma espécie de Gestapo contemporânea, perseguindo adversários do governo e com notória vista grossa aos malfeitos do próprio governo.
Logo de cara, no primeiro ano do mandato, a Transparência comunista se viu às voltas com dois casos graves de corrupção, envolvendo as auxiliares do governador Simone Limeira, acusada de cobrar propina de tribos indígenas, e Rosângela Curado, afastada do governo de forma abrupta e sem explicações.
Não se tem notícia nesses três anos de nenhuma ação, abertura de processo ou de simples investigação da Transparência de Rodrigo Lago contra as duas mulheres. Nesse mesmo termo, a pasta produziu relatórios contra os ex-secretários Ricardo Murad e Cláudio Trinchão, e até contra a ex-governadora Roseana Sarney. Todos mandados para o arquivo morto na Justiça. De qualquer forma, no entanto, provaram que a transparência no governo comunista é turva.

E os contratos?
Solta por decisão do desembargador federal Ney Bello, a ex-secretária Rosângela Curado (PDT) deve ficar baseada em Imperatriz.
O governo Flávio Dino não disse, no entanto, como ficará o contrato de uma das empresas de Curado com a Secretaria de Saúde.
De acordo com a Polícia Federal, essa empresa era um dos escoadouros de dinheiro público desviado pelo esquema desbaratado na Operação Pegadores.

Royalties
Os municípios maranhenses que sofrem influências das ferrovias e do Porto do Itaqui terão incremento na receita de royalties dessas atividades.
Emenda do senador Roberto Rocha (PSDB) a uma Medida Provisória que trata do assunto aumenta de 10% para 15% o valor do repasse no quesito “compensação financeira”.
Pelo menos 23 municípios maranhenses serão beneficiados pela medida, que abrange também cidades de outros três estados.

Insistente
Envolvido indiretamente no esquema dos pegadores por intermédio de duas mulheres citadas na investigação da PF, o secretário Márcio Jerry insiste no discurso de perseguição.
Para a polícia, a enfermeira Keilane Silva, ligada a Jerry, foi o pivô da investigação, por apresentar contracheque de R$ 13 mil em Imperatriz.
A outra mulher é a cunhada do “perseguido” secretário, Jane Rodrigues, que teve R$ 50 mil bloqueados em sua conta pela Justiça Federal.

Dino sente
É complicada a situação do PDT na Região Tocantina, após a prisão da ex-candidata a prefeita Rosângela Curado por corrupção e desvios na Saúde do Estado.
Elevada à condição de principal nome da sigla em Imperatriz no pleito de 2016, Curado era a aposta do Palácio dos Leões para o Executivo Municipal.
Com a Operação Pegadores, o partido acabou abalado. Mas, os efeitos também poderão ser sentidos, de uma forma ou de outra, por Flávio Dino na eleição de 2018.

Cortesia?
Apontado pela superintendente da PF no Maranhão, Cassandra Ferreira Alvez Parazi, como sabedor do esquema de desvios na SES, o secretário Carlos Lula adotou uma postura incomum.
Resolveu, ao lado da cúpula do Governo, realizar uma “visita de cortesia” à sede da PF. A justificativa: colocar-se à disposição da autoridade policial.
Ele foi ontem à sede da PF acompanhado dos também secretários Marcelo Tavares, da Casa Civil, e Rodrigo Lago, da Transparência.

Pela saúde
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), segue em tratamento de saúde e afastado de suas atividades.
Em Caixas, a sua terra natal, Coutinho recebe cuidados médicos para tratar de um grave quadro infeccioso. Ele luta contra um câncer desde 2014.
Num quadro delicado, segundo a própria família, Humberto tem visitas restritas por orientação médica.

DE OLHO

R$ 7 milhões Era o valor de apenas um dos contratos da empresa de Rosângela Curado com o centro de saúde que ela própria geria em Imperatriz

E MAIS

• Os bastidores da Assembleia Legislativa foram movimentados, ontem, por uma especulação segundo a qual o presidente da Casa, Humberto Coutinho, renunciaria ao mandato.

• O comunista Márcio Jerry é tão perseguido no Maranhão que faz até aposta com aliados de que será o deputado federal mais votado em 2018.

• Tirado do comando do PSDB maranhense, o vice-governador Carlos Brandão insiste em criar confusão na legenda, sob a orientação do governo Flávio Dino.

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