Violência

Mulheres estão sendo mortas na Região Metropolitana de São Luís

Vinte e oito já foram assassinadas este ano na Ilha, segundo dados da SSP; somente neste mês ocorreram quatro casos, com requintes de crueldades; uma média de três assassinatos por mês; fevereiro teve mais registros

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
No decorrer deste mês, quatro mulheres já foram assassinadas, com requintes de crueldades
No decorrer deste mês, quatro mulheres já foram assassinadas, com requintes de crueldades (morta)

SÃO LUÍS - Um número considerado alto e alarmante. Vinte e oito mulheres já foram assassinadas este ano na Região Metropolitana de São Luís, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Uma média de três assassinatos por mês e fevereiro foi o mês com o maior número de registro deste tipo de crime na Ilha, com sete casos. No decorrer deste mês, quatro mulheres já foram assassinadas, com requintes de crueldades.

A equipe da Delegacia Especial da Mulher (DEM), na sexta-feira, 17, tentava identificar o autor do assassinato de Maria do Nascimento Góes Freitas, de 49 anos, cujo corpo foi encontrado pendurado por uma corda, dentro de sua residência, na Cidade Olímpica. A vítima apresentava uma perfuração de faca no pescoço e marcas de violência nas costas.

No quintal foram encontradas marcas de sangue da vítima. “O acusado simulou que a vítima teria se suicidado, mas isso já foi descartado pelos peritos do Icrim”, explicou a delegada Viviane Azumbuja, chefe do Departamento de Feminicídio, órgão ligado a Superintendência Estadual de Homicídios e Proteção a Pessoas (SHPP).

A delegada também informou que o caso está sendo investigado pela Polícia Civil como homicídio. Ainda ontem, o esposo de Maria do Nascimento, que não teve a identidade revelada, prestou esclarecimento sobre o caso na sede da SHPP, no Centro. “O marido da vítima teria encontrado o corpo e chamou um vizinho. No primeiro momento, há informações de que o casal vivia sem ter a ocorrência de brigas diárias”, declarou Viviane Azambuja.

Buscas

A equipe da DEM e policiais militares continuavam, também na sexta-feira, realizando buscas na Grande Ilha e no interior do estado, para prender o agente de segurança privada, identificado como Batista, acusado do assassinato, a golpes de faca, de sua ex-companheira, a técnica de enfermagem Domingas Ladiele Sousa Maciel, de 33 anos. O crime ocorreu na manhã de quinta-feira, 16, e na residência da vítima, no Bom Jesus, área do Coroadinho.

O corpo da técnica de enfermagem foi achado pelos vizinhos em cima de uma poça de sangue e havia várias marcas de golpes de faca, principalmente, no abdômen e tórax. A delegada Viviane Azambuja contou que vizinhos disseram, aos policiais que estiveram no local do crime, que o casal teve um relacionamento matrimonial durante 16 anos, mas haviam se separado havia três meses. Na manhã da última quinta-feira, 16, o suspeito, que não aceitava o fim do relacionamento, teria discutido com a técnica de enfermagem, cometido a ação criminosa e, em seguida, tomado rumo ignorado.

Também nessa área do Coroadinho ocorreu o assassinato da funcionária terceirizada do Fórum Desembargador Sarney Costa, Andréia Miranda Teixeira, de 36 anos. De acordo com as informações da polícia, o crime ocorreu na tarde do dia 21 de junho deste ano e a vítima levou vários golpes de faca desferidos pelo ex-marido, Ivar de Matos, que não aceitava o fim do relacionamento. Ele foi preso em flagrante e ainda estava com a arma utilizada no crime.

Crueldade

Outro caso relatado pela delegada Viviane Azambuja foi o de Rosangela de Jesus Gonçalves, de 43 anos, assassinada com requintes de crueldades. A vítima tinha sido vista com vida em uma seresta, na noite do dia 4 deste mês, na área da Cidade Operária, e somente no dia 7 foi encontrada morta.

O corpo estava sepultado em uma cova rasa no quintal de uma residência na Vila Riod, despedido e havia um short cobrindo seu rosto. Ainda segundo a delegada, há possibilidade da vítima ter sido estrangulada e violentada sexualmente. O principal acusado do crime é um homem, de nome não revelado, com quem a vítima teria começado um relacionamento amoroso, havia pouco menos de três meses.

Caso Alanna

O assassinato da filha de um cadete do Corpo de Bombeiros Militar, Alanna Ludmilla Borges Pereira, de 10 anos, também chamou a atenção da população, dos profissionais da área de Segurança Pública e da mídia este mês. A criança desapareceu de sua residência, no Maiobão, no último dia 1º, e estava sozinha, pois, sua mãe, Jaciane Borges Pereira, teria saído à procura de emprego.

O corpo foi encontrado no quintal de sua própria casa, no dia 3, por um vizinho e apresentava sinais de violência. Ela estava sob entulhos, com as mãos amarradas e tinha um saco na cabeça. O principal suspeito é ex- padrasto, Robert Serejo Oliveira, de 31 anos, que está preso desde o último dia 4.

O corpo da vítima foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), no Bacanga, onde os peritos da Polícia Técnica realizaram o exame de necropsia e coletaram material genético, vestígios e amostras de sangue para serem analisados. Segundo o superintendente da Polícia Técnica e Científica, Miguel Neto, esses exames vão identificar a causa morte da criança e se houve violência sexual.

A cúpula da Secretaria de Segurança Pública (SSP) determinou a formação de uma comissão de delegados, composta por Lúcio Rogério Reis, Viviane Azambuja, Henrique Mesquita, Paulo Arthur Franco e Cláudio Barros, para investigar o caso.l

SAIBA MAIS

Mulheres mortas durante este ano na Ilha

Janeiro: Rosilda Serra Arouche, 60 anos; e Lucilene dos Santos Lima, 41 anos
Fevereiro: Maria do Socorro dos Santos Leite, 46 anos; Carmelita Yeda Santos Amon, de 33 anos; Maria Madalena Costa, de 44 anos; Rosiane Rodrigues da Silva, idade não revelada; Iran Cerqueira Santos, de 52 anos; Ana Beatriz Santos Rodrigues, de 16 anos; e Rafaela Cutrim Viana dos Santos, de 18 anos
Março: Maria Madalena da Silva, 52 anos
Abril: Luciana de Assunção Silva, de 70 anos
Maio: Maria Julia Gomes, de 41 anos
Junho: Rosineia Braga Martins, de 40 anos; Andrea Teixeira, de 36 anos; Cezarina Ferreira Cardoso, de 61 anos
Julho: Neytiele de Jesus Galvão, de 30 anos; Ana Márcia de Amon, de 23 anos; Ledeane Moura, de 35 anos; Dilma Maria Chagas, de 47 anos; Maria Lucimar Andrade da Silva, de 53 anos
Agosto: Dalziza Maria da Conceição Feitosa, de 53 anos; e Adriele Santiago Cardoso, de 27 anos
Setembro: Carla Dayane Sousa Batista, de 25 anos
Outubro: Nathalia Costa Oliveira, de 22 anos
Novembro: Alanna Ludmilla Borges Pereira, de 10 anos; Rosangela de Jesus Gonçalves, de 43 anos; Domingas Ladiele Sousa Maciel, de 33 anos; e Maria do Nascimento Góes Freitas, de 49 anos.

Fonte: Secretaria de Segurança Pública (SSP)

NÚMEROS

28 mulheres foram assassinadas durante este ano na Ilha
4 mortes de mulheres neste mês na Região Metropolitana de São Luís

Feminicídio: termo de crime de ódio baseado no gênero, amplamente definido como o assassinato de mulheres, mas as definições variam dependendo do contexto cultural.

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