Preconceito

Estudantes do IFMA são chamados de ''macacos'' durante congresso no RJ

Maranhenses também relatam que foram chamados de "macumbeiros" ao apresentarem uma aula de tambor de Criola.

O Estado MA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Em vídeo, estudantes relatam constrangimento em instituto fluminense.
Em vídeo, estudantes relatam constrangimento em instituto fluminense. (racismo ifma)

Um grupo de estudantes do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) relataram, nessa quarta-feira (8), que foram vítimas de preconceito ao participarem do III Encontro Nacional de Núcleo e Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI), que foi realizado no Instituto Federal Fluminense (IFF), no Rio de Janeiro. Na ocasião, o grupo de maranhenses apresentou uma aula de tambor de Criola e também o projeto de dança Afrodance. Ainda não há informações precisas sobre os alunos do IFF que estariam envolvidos no ato denunciado.

Em um vídeo publicado por portal de notícias da região, dois alunos do instituto maranhense explicam o ocorrido. "Passamos três dias dentro de um ônibus nos preparando para apresentar o nosso projeto e, quando chegamos no campus do Instituo Federal Fluminense, fomos recebidos com xingamentos, chamados de 'macacos' e 'macumbeiros'. Chegaram a perguntar se o Maranhão ficava dentro do Brasil", relatou um aluno identificado como Eric.

"Ontem, quando voltamos de um evento em outro campus, ao chegarmos no refeitório, 'eles' suspenderam a sopa e serviram pão para a gente. Várias pessoas já foram insultadas, chamadas de 'pretas' e 'fedidas'. Estavam criticando a gente por conta de nossos nomes. No refeitório, eles fizeram gestos imitando macacos, gorilas. Estamos nos manifestando para chamar a atenção da direção do campus", completou.

Reitor chora ao pedir desculpas

A manifestação que o aluno se refere foi realizada por maranhenses e estudantes de outros estados no campus da IFF. Em nota, o instituto se manifestou contra os "possíveis atos discriminatórios praticados contra estudantes e educadores do Instituto Federal do Maranhão" (veja a nota na íntegra abaixo). Em vídeo publicado nesta quinta-feira (9), o reitor do IFF, Jefferson Manhães, se desculpou pelo ocorrido e se emocionou ao repudiar tais atitudes.

“Quero, inicialmente, dirigir essas palavras aos nossos queridos estudantes do Instituto Federal do Maranhão. Quero pedir desculpas. Desculpas porque o que aconteceu não representa a comunidade de estudantes e de servidores do Instituto Federal Fluminense. A nossa comunidade está bradando em sons bem altos que não admitimos o desrespeito e a não valorização da riqueza, da diversidade, da possibilidade de crescimento conjunto e de mãos dadas”, diz trecho do depoimento de Jefferson Manhães.

Por conta da situação, a viagem do grupo de volta ao Maranhão teria sido adiantada para a noite desta quinta-feira (9). O Estado do Maranhão entrou em contato com o IFMA, que, por sua vez, afirmou que um posicionamento oficial será divulgado nas próximas horas.

Veja, abaixo, o posicionamento oficial do Instituto Federal Fluminence sobre o caso de racismo contra os maranhenses:

"O Instituto Federal Fluminense vem a público manifestar repúdio aos possíveis atos discriminatórios praticados contra estudantes e educadores do Instituto Federal do Maranhão, que estão alojados no Campus Campos Centro, para participação no Terceiro Encontro Nacional de Núcleos de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas e grupos correlatos da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica.

Tais atitudes não representam a comunidade de estudantes e servidores do IFFluminense. Não admitimos o desrespeito e a não-valorização da riqueza da diversidade dentro da instituição, e atitudes como as ocorridas maculam a reputação e a história de uma terra sofrida como Campos dos Goytacazes, marcada pela escravidão, pela pobreza, pela injustiça, mas também marcada por histórias de lutas e de brava gente.

Somos expressamente contra qualquer ato de violência. E reafirmamos que o IFFluminense é um espaço de transformação de vidas, uma instituição de oportunidades e onde todos são bem-vindos. O que aconteceu se coloca como um grande desafio para todos nós, de levar consciência e educação para nossos estudantes e servidores, mostrando que temos muito a caminhar enquanto sociedade."

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