Tensão

Arábia Saudita acusa Irã de ter cometido ''ato de guerra''

Para Muhammad bin Salman, governo iraniano pode ter fornecido armas a milícias do Iêmen; as forças de defesa aérea sauditas interceptaram um míssil balístico que disseram ter sido disparado contra Riad pela milícia houthi

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
O príncipe herdeiro saudita Muhammad bin Salman, 32, que criticou o Irã
O príncipe herdeiro saudita Muhammad bin Salman, 32, que criticou o Irã ( O príncipe herdeiro saudita Muhammad bin Salman, 32, que criticou o Irã)

RIAD - O príncipe herdeiro da Arábia Saudita disse ontem que o Irã pode ter cometido um ato de guerra contra o país ao fornecer mísseis a milícias do Iêmen, em declaração que reflete o aumento das tensões entre Riad e Teerã.

Os comentários do príncipe Muhammad bin Salman foram divulgados pela imprensa local depois que as forças de defesa aérea sauditas interceptaram um míssil balístico que disseram ter sido disparado contra Riad no sábado pela milícia houthi, que é aliada do Irã e controla grandes porções do vizinho Iêmen.

Forças lideradas pelos sauditas, que apoiam o governo reconhecido internacionalmente, têm visado os houthis em uma guerra que já matou mais de 10 mil pessoas e provocou um desastre humanitário em um dos países mais pobres da região.

O fornecimento de foguetes ao movimento rebelde houthi pode "constituir um ato de guerra contra o Reino [saudita]", disse o príncipe em um telefonema ao ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, segundo relatou a agência de notícias estatal saudita SPA nesta terça-feira.

O Irã negou estar por trás do disparo do míssil, rejeitando as alegações sauditas e norte-americanas contra Teerã por serem "destruidoras e provocadoras" e "caluniadoras".

Em reação ao míssil, a coalizão militar liderada pelos sauditas disse na segunda-feira,6, que passaria a fechar todo o acesso terrestre, marítimo e aéreo ao Iêmen para impedir a entrada de armas no país.

Também ontem a entidade Human Rights Watch disse que o disparo do míssil foi "muito provavelmente um crime de guerra", mas pediu à Arábia Saudita que não restrinja o acesso ao vizinho da Península Arábica, onde a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que cerca de sete milhões de pessoas estão à beira da fome e quase 900 mil estão infectadas com cólera.

"A situação é catastrófica no Iêmen, é a pior crise de fome que temos hoje", disse Jens Laerke, porta-voz da ONU para Assuntos Humanitários. "Milhões de pessoas só estão sendo mantidas vivas graças as operações humanitárias."

A ONU disse que ainda estuda se o bloqueio saudita é uma violação do direito internacional, enquanto a Organização Mundial da Saúde afirmou que o bloqueio pode impedir o combate a epidemia de cólera.

Líbano

Na segunda, um ministro saudita criticou o Líbano e disse que Beirute declarou guerra contra a Arábia Saudita devido as ações do grupo xiita libanês Hizbullah, que é apoiado pelo Irã.

O ministro saudita para questões do Golfo, Thamer al-Sabhan, disse em entrevista à TV Al-Arabiya, que é controlado por Riad, que o governo libanês será "tratado como um governo declarando guerra à Arábia Saudita".

Os atos de "agressão" do Hizbullah contra o reino "foram considerados atos de uma declaração de guerra contra a Arábia Saudita pelo Líbano e pelo Partido Libanês do Diabo", acrescentou.

Sabhan afirmou que esta mensagem havia sido entregue ao político libanês aliado à Arábia Saudita Saad Hariri, que renunciou ao cargo de primeiro-ministro do país no sábado (4) em transmissão da Arábia Saudita.

Hariri citou um esquema de assassinato contra ele em comunicado anunciando sua renúncia e realizou um ataque mordaz contra o Irã e o Hizbullah por semearem conflitos no mundo árabe.

A saída do premiê mergulhou o Líbano em uma crise política e colocou o país no meio da queda de braço entre Riad e Teerã.

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