Problema social

Realidade educacional no Maranhão é considerada grave

Avaliação é da organização social Todos pela Educação, entidade nacional que avaliou recentes dados divulgados pelo MEC no estado; menos de um terço (22,7%) dos alunos apresenta aprendizagem suficiente em leitura

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35
Apenas 40,1% dos estudantes têm aprendizagem suficiente  na escrita
Apenas 40,1% dos estudantes têm aprendizagem suficiente na escrita (aluno)

A realidade educacional do Maranhão é grave, conforme concluiu o “Todos pela Educação”, organização social sem fins lucrativos que analisou os últimos dados relativos ao setor no estado. Levantamento divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aponta problemas na formação acadêmica dos docentes e na estrutura das escolas da rede pública.

De acordo com o MEC, menos da metade (45,4%) dos professores do Ensino Fundamental do Maranhão possui ensino superior completo. Segundo o Governo Federal, o estado neste quesito está bem abaixo da média nacional, que estipula que oito em cada 10 docentes do país possuam formação acadêmica plena.

Ainda segundo o relatório, menos de um terço (22,7%) dos alunos do Maranhão apresenta aprendizagem suficiente em leitura. A média é bem inferior à nacional, que estipula que quase 31% dos jovens possuem avaliação satisfatória em leitura. “Não existe cidadania plena sem alfabetização. É necessário que os governos invistam de fato na educação e tornem o setor uma prioridade”, explicou a O Estado o coordenador de Projetos do Todos pela Educação, Caio Callegari.

Para o avaliador, a população também deveria se portar como ente fiscalizador das políticas do Governo relativas à educação. “Seria fundamental que a população também exercesse sua parte, ou seja, direcionando suas atenções para o que está sendo feito pelo poder público em investimentos nas escolas e na qualificação do corpo técnico”, frisou.

O coordenador do Todos pela Educação, com base nos dados educacionais do Maranhão, também fez críticas à atual gestão do estado. Para ele, a educação precisa ser vista como um investimento a médio e longo prazo. “O gestor precisa pensar em políticas públicas eficazes para que, com o passar dos anos, as soluções efetivas para a educação possam ser percebidas”, disse Callegari.

Mais informações
Outro dado do relatório do MEC e do Inep que chama a atenção é referente à escrita. Segundo o Ministério da Educação, apenas 40,1% dos estudantes registram “aprendizagem suficiente na escrita”. Do total de alunos do Maranhão, 22,7% possuem avaliação positiva em Matemática. Além dos índices relativos ao aprendizado, o estado também não é bem avaliado quanto à infraestrutura básica da rede de escolas. Segundo o levantamento, quase 33% das escolas do ensino fundamental não possuem requisitos, como rede de esgoto, banheiro e energia elétrica.

Além de apresentar percentuais negativos na infraestrutura, o estudo do MEC apontou ainda que apenas 17,2% das escolas do Ensino Fundamental possuem biblioteca ou sala de leitura. O percentual é bem abaixo da média do país, que, de acordo com o levantamento, é de 53,7%. “Estas crianças precisam de ajuda e assistência, para não ficarem ainda mais para trás em seus aprendizados”, frisou a presidente do Inep, Maria Inês Fini.

Para a secretária-executiva do MEC, Maria Helena de Castro, políticas precisam ser adotadas nos próximos anos. “Em 2016, mesmo não comparando com dados anteriores, observamos dados que foram analisados e revelam uma necessidade de adoção de medidas”, disse a dirigente.

Não existe cidadania plena sem alfabetização. É necessário que os governos invistam de fato na educação e tornem o setor uma prioridade”Caio Callegari, coordenador de Projetos do Todos pela Educação

Outro lado
A respeito dos resultados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), divulgados, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou que os dados refletem o descaso de décadas com educação pública nos municípios, com ausência de investimentos do Estado na aprendizagem dos estudantes.

De acordo com a pasta, nos últimos três anos a atual gestão do Governo do Estado instituiu o Programa Escola Digna para atuar em regime de colaboração com os municípios e reverter os baixos indicadores educacionais do Ensino Fundamental com ações que estão substituindo centenas de escolas de taipa, barro ou estruturas inadequadas por escolas de alvenaria e entregando aos municípios totalmente equipadas.

Além disso, assistência técnico-pedagógica e formação continuada em currículo, avaliação e gestão escolar e, para garantir o acesso e a permanência dos estudantes na escola, foram entregues 80 ônibus escolares aos municípios. Por fim, ressalta a Secretaria que essas ações são investimentos que a médio e longo prazo terão resultado na qualidade da aprendizagem dos estudantes.

Números

22,7% dos alunos do Maranhão possuem aprendizagem suficiente em leitura
40,1% com aprendizagem suficiente na escrita
22,7% com aprendizagem suficiente em Matemática
45,4% dos professores do Ensino Fundamental possuem Ensino Superior
17,2% das escolas do Ensino Fundamental possuem biblioteca ou sala de leitura
67% das escolas do Ensino Fundamental possuem infraestrutura básica, como esgoto, banheiro e energia
45,4% dos professores do Ensino Fundamental possuem Ensino Superior

Fonte: Ministério da Educação e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

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