Senado

Jornal britânico vê caso Aécio como início do fim da Lava Jato

Financial Times diz que políticos agem para se proteger das investigações

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35

BRASÍLIA - Matéria publicada na sexta-feira, 20, pelo Financial Times fala sobre a segunda vitória do presidente Michel Temer, que conseguiu se livrar mais uma vez de um julgamento sobre acusações de corrupção, podendo até perder seu mandato.

Times aponta que a decisão aconteceu um dia depois que os senadores permitiram que o ex-líder do partido PSDB e candidato presidencial de 2014, Aécio Neves, continuasse em sua posição depois que ele também foi supostamente gravado em discussões sobre subornos com o empresário Joesley Batista da JBS.

"A fonte da indignação é que ouvimos a voz de um senador eleito e um ex-candidato presidencial que quase venceu as eleições, em conluio com o chefe da JBS tratando de negócios, então as pessoas se sentem idiotas. Aécio tornou-se o rosto do sistema político falho do Brasil", diz o analista político Matias Spektor da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo.

A crise política que Temer e Aécio Neves enfrentam começou em maio, quando o Joesley Batista, o ex-presidente da JBS, assinou um acordo de delação premiada no qual ele alegou ter gravado muitos políticos poderosos discutindo subornos, lembra o noticiário.

Os casos aconteceram quando o Brasil estava completando três anos da operação Lava Jato que investiga o caso de corrupção na Petrobras, na qual promotores independentes e policia federal descobriram uma série de esquemas entre empresários e políticos em troca de favores.

Os analistas dizem que o caso de Temer reflete bem o tipo de político obscuro, que age nos bastidores e lembra que ele foi três vezes presidente da Câmara dos Deputados.

O caso de Aécio Neves é um exemplo da classe política que é contra a investigação de corrupção, de acordo com o Sr. Spektor.

"Muitos dirão que esse é o começo do fim de Lava Jato", disse ele.

"Isso não foi tão terrível do ponto de vista moral, mas também foi politicamente uma onda de choque porque agora mostra que o Senado é intocável".

FT analisa que grande parte do Senado está sofrendo investigação por corrupção, então cada voto vale como uma forma de defesa.

Mais

O delegado da Lava Jato, Felipe Hayashi, fez uma solicitação à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para que se inclua com "urgência" a Polícia Federal (PF) nos acordos de delação premiada firmados pelo Ministério Público. De acordo com ele, convenções internacionais, a Constituição e a lei 12.850/2013, que institui as delações, preveem que delegados federais possam firmar acordo de colaboração premiada. "Essas leis conferiram poder aos delegados para firmarem acordo. Esperamos que esse entendimento seja confirmado pelo Supremo Tribunal Federal", destacou Hayashi, defendendo uma revisão no modelo de cooperação entre a PF e o MPF. O delegado defende que a ausência da PF nos acordos favorece o crime organizado também em casos como o tráfico de drogas e terrorismo. "Se nós jogarmos mal, só um lado perderá. E esse lado será a sociedade."

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