Danos

Projeto de revitalização do Rangedor terá impactos ambientais

Espécies animais e vegetais podem ser dizimadas de área ambiental com obra do Governo do Maranhão, que prevê espaços esportivos e de convivência

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35
Projeto a ser realizado na área da Reserva do Rangedor pode causar danos ao meio ambiente no local
Projeto a ser realizado na área da Reserva do Rangedor pode causar danos ao meio ambiente no local (Rangedor)

O projeto divulgado no início deste mês pelo Governo do Maranhão e que prevê a inclusão de praças e estacionamentos na área do Parque Estadual Sítio do Rangedor, em São Luís, é um risco para a manutenção de espécies animais e vegetais ali existentes. A preocupação de ambientalistas e de representantes de entidades de proteção é com o impacto, a partir do início das obras, em um dos considerados últimos resquícios de floresta pré-amazônica em São Luís.

Em um espaço de pouco mais de 126 hectares do Parque do Rangedor, é possível por exemplo encontrar representante de espécies como o macaco capijuba e o tamanduá-mirim. Com as obras, a manutenção destes animais na área seria impossível, já que eles dependem do espaço para sobreviver. “São espécies consideradas importantes e que, com as obras, estariam seriamente ameaçadas”, disse o advogado Diogo Guagliardo, que chamou a atenção para o problema por meio das redes sociais.

De acordo com o advogado, a promessa do Governo de que a área florestal não seria afetada não procede, já que o projeto - cuja ordem de serviço foi assinada pelo governador do Estado, Flávio Dino (PCdoB) em 23 de setembro deste ano - aponta que as intervenções seriam feitas em áreas consideradas “intactas” e que, por essa razão, deveriam ser preservadas. “Não há garantia alguma do Governo do Maranhão de que este projeto não trará danos à natureza. Pelo contrário, há mais sinais claros de que várias espécies serão prejudicadas em uma das poucas áreas verdes da cidade”, disse Guagliardo.

Ele afirmou ainda que está mobilizando, via redes sociais, outros cidadãos para que protocolem na Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) um pedido de audiência pública, com o objetivo de discutir de forma aprofundada o projeto do Parque do Rangedor. “Como um Governo que se diz democrático não discute uma questão tão séria como esta com a sociedade?”, frisou o advogado.

Projeto
De acordo com o Governo, o projeto de revitalização do Rangedor custará aos cofres públicos R$ 19 milhões e prevê a inclusão de estacionamentos, pistas de caminhada, ciclovia, quadras poliesportivas e espaços de convivência. Segundo o Governo, as obras deveriam ter sido iniciadas no dia 2 deste mês, no entanto, até o momento, nenhuma máquina foi observada na área de proteção ambiental.

Outro lado
Sobre as obras de construção do Parque Rangedor, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) informou que “o Sítio do Rangedor foi uma Estação Ecológica, mas devido à quantidade de áreas que sofriam ataques com queimadas criminosas, despejo de lixo e prática ilegal de caça, o Governo do Maranhão, por meio da Lei Estadual nº10.455/2016, aprovada pela Assembleia Legislativa, estabeleceu uma nova categoria ao local: a de Parque Ambiental, que agora pode receber as intervenções nas áreas identificadas como degradadas”.

De acordo com a Sema, “a estratégia de resgate ambiental do Sítio Rangedor iniciou em outubro e a fase executada neste primeiro momento é de medição topográfica de toda a área. Com a finalidade de recuperar partes degradadas, com o plantio de árvores nativas, e priorizar o uso do espaço pela população”. A pasta informou que, “no estudo referente aos recursos hídricos, foram mapeadas oito nascentes na área, em dois lados, que serão preservadas com a futura obra. Pelos estudos, foram identificados ainda mais de dez quilômetros de trilhas que proporcionarão opções de passeios aos visitantes”. Por fim, a Sema esclarece que será mantida uma faixa de proteção permanente (APP) em volta dos riachos existentes.


SAIBA MAIS

Além de espécies animais, o Sítio do Rangedor também possuí palmeiras protegidas por lei, dentre elas, o ariri (arecaceae), o buriti e o babaçu. Antes do projeto, o Governo cercou toda a área do Sítio do Rangedor e, em agosto deste ano, entregou esta etapa em ato solene no local. Em 2013, mais de 43 mil mudas de plantas foram fixadas na área do Rangedor como uma contrapartida ambiental após a retirada de boa parte de área verde para a construção das instalações atuais da Assembleia Legislativa do Maranhão. Mesmo assim, especialistas em preservação ambiental afirmaram, à época, que mesmo com a plantação de mudas, o prejuízo ao meio ambiente a partir da construção da nova sede do Legislativo Estadual seria “irreversível”.
Por meio da Lei Estadual nº 10.455/2016, aprovada na própria Assembleia, o Rangedor passou a configurar na categoria de parque ambiental, que, de acordo com o texto, poderia receber qualquer tipo de “intervenção”.

NÚMEROS

136 hectares é a área total do Parque Estadual Sítio do Rangedor

R$ 19 milhões será o custo total da revitalização do Rangedor

Fonte: Governo do Maranhão

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