Segurança Pública

Governo Flávio Dino herdou R$ 85 milhões para construção e reforma de presídios no MA

Recursos deixados pelo governo anterior compunham o programa de investimentos do BNDES; em meio ao escândalo da jaula de Barra do Corda, não há registro de obra nessas unidades

Marco Aurélio D'Eça - Editor de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35
Gaiolão de Barra do Corda causa morte de um empresário
Gaiolão de Barra do Corda causa morte de um empresário

SÃO LUÍS - Alvo de mais um escândalo no setor de Segurança Pública – com a descoberta de uma jaula ao ar livre, nos fundos da delegacia de Barra do Corda, que resultou na morte de um cidadão preso por infração de trânsito – o comunista Flávio Dino tinha à disposição, desde o início do seu governo, pouco mais de R$ 85 milhões para reforma e construção de presídios no Maranhão.

De acordo com documentos da própria Secretaria de Administração Penitenciária são R$ 62.800.222,36 para construção de presídios nos municípios de Pinheiro, Santa Inês, Timon, São Luís e Coroatá, e outros R$ 22.968.319,58 para reforma e ampliação dos presídios de Balsas, Pedreiras, Açailândia, Codó e a unidade São Luís III, no Complexo Penitenciário de Pedrinhas.

Documento mostra recursos liberados para presídios
Documento mostra recursos liberados para presídios

Não há registros de que Flávio Dino tenha concluído ou mantido qualquer uma dessas obras, muitas delas recebidas com até 75% de serviços já feitos. Esta semana, descobriu-se que, em Barra do Corda, o governo comunista mantém um “gaiolão” ao ar livre, nos fundos da delegacia, para abrigar presos provisórios que, pela lei, nem devem mais ficar em delegacias. O resultado dessa jaula humana foi a morte do empresário Francisco Edinei Lima Silva, 40, por picos de pressão, provavelmente causados pela exposição ao sol.

Descaso

Os recursos disponibilizados para Flávio Dino melhorar a infraestrutura do sistema de Segurança Pública compõem o programa de investimentos do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), celebrado ainda no governo Roseana Sarney (PMDB), e que garantiu recursos da ordem de R$ 4 bilhões ao Maranhão, para serem investidos, além da segurança pública, em Infraestrutura, mobilidade urbana, Saúde, Educação, turismo e habitação.

Esta semana, a secretária de Planejamento do governo comunista, Cynthia Mota, encaminhou à Assembleia Legislativa, relatório em que revela a exclusão da maioria desses projetos da lista de prioridades de investimentos dos recursos do BNDES, entre eles alguns programas de Segurança Pública – como o sistema de videomonitoramento de São Luís, também iniciado no governo Roseana Sarney.

A Secretária Cynthia Mota não informou se as obras dos presídios foram ou não retiradas da lista. Já o governador Flávio Dino, em nota encaminhada ao programa Bom Dia Brasil, da Rede Globo, preferiu justificar que a gaiola de Barra do Corda foi deixada pelo governo anterior. Não soube dizer, porém, porque, em três anos, ele não conseguiu acabar com jaula humana.

Mais

O programa “Viva Maranhão”, que resultou na linha de crédito do BNDES no valor de R$ 4 bilhões, no governo Roseana Sarney, foi pensado para o desenvolvimento econômico e social do Maranhão nos próximos 50 anos. Para o setor da Segurança Pública, os projetos começaram a ser implantados ainda no ano de 2014 – entrega de duas novas unidades prisionais, mais 700 vagas nos presídios, tecnologia de acesso e vigilância nas penitenciárias - e resultaram na acomodação das crises que vinham sendo registradas no Complexo de Pedrinhas desde o início daquele ano. A partir de 2015, no governo comunista, não se teve mais notícias de investimentos desses recursos, que hoje estão sendo realocados para obras de asfaltamento e tapa buracos do Governo do Estado no interior.

Deputado denuncia “barbárie

comunista na Câmara Federal

Hildo Rocha lembrou também caso do mecânico Irialdo Batalha, executado em praça pública por homem a serviço de Policiais Militares

O deputado federal Hildo Rocha fez nesta quarta-feira duro pronunciamento sobre a ação policial que culminou na morte do empresário Francisco Edinei Lima Silva. Conduzido para a delegacia em consequência do seu envolvimento num acidente de trânsito, o empresário não resistiu às condições degradantes do gaiolão onde ficou trancafiado por mais de 18 horas. “É mais uma barbárie praticada pela segurança pública do Estado do Maranhão”, enfatizou Hildo Rocha.

Hildo Rocha denunciou Flávio Dino mais uma vez em Brasília
Hildo Rocha denunciou Flávio Dino mais uma vez em Brasília

O parlamentar lembrou que não é a primeira vez que utiliza a tribuna da Câmara para denunciar atos bárbaros praticados pelo aparelho de segurança pública do Estado. “Todos lembram do caso Irialdo Batalha que também foi vítima do sistema policial comandado pelo governador Flávio Dino. Agora, outro cidadão de bem teve a vida tirada de forma cruel. O empresário foi colocado num gaiolão, ficou exposto ao sol que neste período chega até 40 graus. Ednei teve um pico de pressão alta e veio a falecer em função dessa barbárie praticada pelo Estado”, disse Hildo Rocha.

Governador omisso

De acordo com o deputado, as mazelas acontecem porque o governador só faz política partidária. “Até hoje ele não assumiu o comando do governo. Ele não consegue comandar a segurança pública, é desrespeitado porque só vive fazendo política partidária, não governa o Estado, não sabe os problemas da segurança pública; não organiza a educação e a saúde pública do Maranhão é só viajando para fazer política partidária pensando na reeleição”, enfatizou.

“Fica aqui o meu protesto em relação a esse episódio. Espero que o Ministério Público mande apurar e encaminhe para o judiciário aqueles que estão envolvidos nessa morte bárbara. Espero que o procurador-geral do Estado, senhor Luis Gonzaga, tome as providencias. Não é admissível que um cidadão de bem, que nunca teve nenhum problema policial seja assassinado pela segurança do Senhor Flávio Dino”, asseverou Hildo Rocha.

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