BRASÍLIA - Em declaração por escrito assinada e registrada em cartório, o contador João Muniz Leite afirmou que recebeu comprovantes de pagamento dos aluguéis, do período entre 2011 e 2015, do apartamento 121 do edifício Hill House, em São Bernardo do Campo, que é utilizado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A afirmação contradiz o que declarou o engenheiro Glaucos da Costamarques, proprietário do imóvel. Ao depor ao juiz Sérgio Moro, Glaucos disse que não recebeu pagamentos referentes aos aluguéis deste período. Os advogados de Lula informaram que vão entregar os originais dos documentos apresentados em setembro para comprovar o pagamento dos aluguéis - o contrato de locação e 26 recibos. Além disso, outros seis comprovantes de 2011 também foram localizados e colocados à disposição para que passem por uma perícia.
Os originais foram exigidos por Moro, atendendo ao pedido do Ministério Público, que considerou as cópias dos recibos "ideologicamente falsas". Os procuradores apontaram que os recibos tinham datas inexistentes, como 31 de novembro, e erros de português. A defesa de Lula também pediu a Moro que, "por cautela", seja designada audiência formal para a entrega desses documentos na presença de perito habilitado.
Outro documento entregue a Moro contraria a informação fornecida por Glaucos de que os aluguéis só passaram a ser pagos após visitas do advogado e compadre de Lula, Roberto Teixeira, e do contador. A visita do advogado teria ocorrido, segundo ele, em novembro de 2015, e a do contador no mês seguinte. O hospital Sírio-Libanês afirmou ontem não ter registros da entrada de Teixeira no período citado e informou que apenas o contador fez três visitas a Glaucos, em 3 de dezembro de 2015 e nos dois dias seguintes.
Recibos
Na declaração, Muniz afirmou que prestou serviços contábeis para Glaucos entre 2010 e 2015, incluindo a "elaboração das guias do carnê-leão referentes ao recebimento de aluguéis auferidos pelo mesmo em relação à locação de um apartamento para dona Marisa Letícia Lula da Silva". O contador disse que recebia do engenheiro, "periodicamente, os recibos relativos aos pagamentos dos aluguéis por parte da sra. Marisa Letícia Lula da Silva, de 2011 a 2015, os quais serviam também para dar lastro à declaração de Imposto de Renda".
Muniz confirmou que esteve no hospital em 2015. "Não corresponde à verdade que naquela oportunidade eu teria colhido do sr. Glaucos as assinaturas em todos os recibos relativos à locação para a sra. Marisa Letícia Lula da Silva, e sim em apenas alguns meses, que embora tivéssemos os recibos, os mesmos não estavam assinados."
O contador disse ainda que, de 2011 a 2015 também elaborou "as guias relativas ao 'carnê-leão' que eram recolhidos mensalmente pelo sr. Glaucos em relação aos recebimentos de locação". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Secretaria afasta delegado que entrou em casa de filho de Lula
SÃO PAULO - A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo determinou quarta-feira, 11, o afastamento do delegado da Polícia Civil Rodrigo Galazzo que fez buscas na residência do filho adotivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marcos Cláudio, para verificar denúncias de suposto uso de drogas no local. Por ordem do secretário Mágino Alves Barbosa, foi aberto procedimento administrativo "para apurar em que condições ocorreu a diligência de buscas".
Segundo o comando da Polícia, "para preservação das investigações" o delegado Rodrigo Galazzo, responsável pela operação, vai ficar fora das funções até conclusão da apuração.
As buscas foram realizadas na terça-feira, 10, com autorização judicial - em cumprimento ao mandado expedido pela juíza Marta Brandão Pistelli. A polícia alegou ter recebido denúncias de suposto uso de drogas na casa. Os agentes não encontraram entorpecente no local, mas apreenderam computador e mídias na residência de Marcos Cláudio. Uma juíza de Paulínia mandou devolver o material.
Marcos Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente, foi diretor do Departamento de Turismo e Eventos da prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), com salário de R$ 5,7 mil. Ele foi nomeado pelo ex-prefeito Luiz Marinho (PT).
Marcos já tentou se eleger vereador na cidade pelo PT, em 2008, mas teve a candidatura indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral. Ele é filho do primeiro casamento da primeira-dama Marisa Letícia, e depois foi adotado por Lula.
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