Educação

Após Estados Unidos, Israel decide sair da Unesco

Decisão foi anunciada após EUA informarem retirada na entidade por postura anti-israelense; país chamou a atuação da Unesco de ''teatro do absurdo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35
O premiê Benjamin Netanyahu anunciou a saída de Israel da Unesco
O premiê Benjamin Netanyahu anunciou a saída de Israel da Unesco (O premiê Benjamin Netanyahu anunciou a saída de Israel da Unesco)

NOVA YORK - Após os Estados Unidos anunciarem a saída da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Israel também informou, ontem, sua retirada da entidade. Segundo os dois países, o motivo foi a postura anti-israelense da entidade. Para Israel, a atuação da Unesco tornou-se um "teatro do absurdo".

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu "deu a instrução ao Ministério das Relações Exteriores para preparar a retirada de Israel da organização, paralelamente aos Estados Unidos", afirma uma nota de seu gabinete. "A Unesco se tornou o teatro do absurdo, onde se deforma a história, em vez de preservá-la", acrescentou.

No ano passado, Israel anunciou a suspensão de sua cooperação com a Unesco, um dia depois de uma votação criticada pelos israelenses sobre um local sagrado de Jerusalém. Do ponto de vista israelense, a decisão seria uma negação do vínculo milenar entre os judeus e a cidade.

Na resolução aprovada pelos estados membros da Unesco, Israel foi criticada por restringir o acesso de muçulmanos a um local, reverenciado por judeus e muçulmanos, que é conhecido por judeus como Monte do Templo e por muçulmanos como al-Aqsa our Haram al-Sharif.

Os EUA reduziram substancialmente suas contribuições em dinheiro para a Unesco em 2011, em protesto contra a decisão de permitir o ingresso pleno dos palestinos na entidade.

Na época, o financiamento norte-americano equivalia a pouco mais de 20% das verbas totais da Unesco, a primeira agência da ONU em que os palestinos buscaram integração como membro total. Israel classificou a saída dos EUA como o "início de uma nova era".

No início de julho, os Estados Unidos haviam advertido que analisavam seus vínculos com a Unesco, chamando de "uma afronta à história" a decisão do órgão de declarar a antiga cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada, uma "zona protegida" do patrimônio mundial.

Na ocasião, a embaixadora americana nas Nações Unidas, Nikki Haley, afirmou que esta iniciativa "desacreditava ainda mais uma agência da ONU já altamente discutível".

O Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco inscreveu a Cidade Velha de Hebron nessa lista como um local "de valor universal excepcional". Também colocou esta cidade, localizada nos territórios palestinos, na lista de patrimônios em perigo.

Hebron é o lar de 200 mil palestinos e centenas de colonos israelenses, que estão entrincheirados em um enclave protegido por soldados israelenses perto do local sagrado, que os judeus chamam de o túmulo dos Patriarcas e os muçulmanos, de Mesquita de Ibrahim.

A diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, disse lamentar profundamente a decisão dos EUA de se retirar da entidade, após ter recebido a notificação oficial do secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson.

"No momento em que o combate à violência extremista pede maiores investimentos em educação, no diálogo entre culturas para prevenir o ódio, é profundamente lamentável que os Estados Unidos se retirem da agência líder das Nações Unidas que trata desses assuntos"

"No momento em que conflitos continuam a separar sociedades em todo o mundo, é profundamente lamentável que os Estados Unidos se retirem da agência das Nações Unidas que promove a educação para a paz e a proteção da cultura que está sob ataque", completou a diretora-geral.

Bokova acrescentou que a decisão dos EUA marca uma perda para o multilateralismo e para a "família das Nações Unidas", destacando que o trabalho da Unesco "é fundamental para fortalecer os laços de patrimônio comum da humanidade, diante das forças do ódio e da divisão".

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