Gaiolão

Deputada denunciará manutenção de presos numa jaula à ONU

Andrea Murad lamentou a morte de um comerciante, detido na “gaiola” e que morreu após uma crise hipertensiva por falta de atendimento médico no local

Ronaldo Rocha da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35
Preso é mantido em gaiola na Delegacia de Barra do Corda
Preso é mantido em gaiola na Delegacia de Barra do Corda (Preso fica mantido em jaula em Barra do Corda / reprodução TV Mirante)

A deputada estadual Andrea Murad (PMDB), anunciou ontem que denunciará à Organização das Nações Unidas (ONU) a manutenção de presos numa espécie de jaula, situada na parte dos fundos da Delegacia de Polícia Civil da cidade de Barra do Corda.

Na última terça-feira o comerciante Francisco Edinei Lima Silva, de 40 anos, que havia sido detido e conduzido à delegacia após se envolver num acidente de trânsito, passou mal na jaula e morreu horas depois numa Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em decorrência de uma crise hipertensiva.

Na jaula não há teto ou paredes, banheiro ou água encanada. De acordo com o delegado Renilton Ferreira, em entrevista à imprensa, trata-se de uma ala da carceragem destinada a presos provisórios.

A morte do comerciante e a manutenção de outros presos no local, foi o que motivou a manifestação da deputada estadual. Na sessão de ontem ela assegurou que recorrerá à ONU.

“Eu estava lendo as notícias e me deparei com a imagem dessa “câmara de tortura” no fundo de uma delegacia de Barra do Corda. Uma verdadeira barbárie. Tortura ao ar livre praticada contra presos do próprio sistema de Segurança do Governo. Nem animais no zoológico ficam engaiolados nestas condições”, disse.

De acordo com a parlamentar, a exposição de presos no local fere a dignidade humana.

“Isso não pode existir. É um atentado aos direitos humanos. Como é que o Ministério Público e todas as outras autoridades: Judiciário, Defensoria Publica e OAB podem saber de uma situação como essa e não tomar uma providência para o fechamento imediato dessa ‘câmara de tortura?’”, questionou.

A peemedebista disse que pedirá para que uma comissão especial da Assembleia Legislativa faça uma vistoria no local.

“São as prisões medievais revividas no governo Flávio Dino que irei denunciar diretamente à ONU por esse crime contra a humanidade. E amanhã também darei entrada no pedido para que uma comissão especial da Assembleia Legislativa se desloque imediatamente para Barra do Corda, verifique essa situação e assim exija o fechamento imediato dessa gaiola onde se jogam seres humanos em situação de tortura e humilhação degradante. Absurdo”, concluiu.

Negligência – A família do comerciante Francisco Edinei Lima Silva apontou negligência no caso. “Se tivessem estabilizado a pressão dele. Esperasse ele tomar o medicamente e água, não ficar exposto sol, que ele ficou na delegacia, ele estaria aqui com a gente”, afirmou à imprensa Hellen Cristina, afilhada da vítima.

O cunhado, Adão Alves, disse que a força policial não permitiu que os familiares levassem água a ele. “A mãe dele pediu 'pelo amor de Deus' e todo mundo pediu para levar uma água, para levar um medicamento. Tudo foi recusado. Negligência total. A gente não teve condição nem para fazer uma visita rápida”, disse.

O delegado contestou as informações. “A todo tempo seu Francisco esteve acompanhado dos advogados. Se ele tivesse qualquer necessidade física, de saúde ou mesmo de não respeito aos direitos humanos dele, caberia ao advogado fazer um requerimento junto à autoridade policial”, finalizou.

Saiba mais

O Estado entrou em contato com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Comunicação para se posicionar sobre o tema, mas até o fechamento desta edição, não obteve retorno.

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