Editorial

Confundindo a cabeça do consumidor

Atualizada em 11/10/2022 às 12h35

Não resta dúvida de que a nova política de reajuste diário da gasolina e do diesel praticada pela Petrobras há pouco mais de três meses está dando um “nó”, confundindo a cabeça do consumidor, de modo que não se tem como acompanhar com precisão o movimento para cima ou para baixo dos preços.
O certo é que já foram 58 alterações somente no preço da gasolina nesse período, sendo 28 aumentos e 30 reduções. O que não quer dizer e foi bom para o bolso do consumidor. Em três meses houve uma variação real de 10,94% do combustível, índice 30 vezes maior do que a inflação de 0,34% acumulada do período entre julho e setembro, de acordo com o IPCA-15.
Como se vê, a Petrobras vem seguindo à risca essa política de repassar com maior frequência as flutuações do câmbio, do petróleo e, com isso, permitir maior aderência dos preços do mercado doméstico ao mercado internacional no curto prazo, dando condições de competir “de maneira mais ágil e eficiente”. Isto é, a estatal está conseguindo equacionar seus problemas de caixa, mas, em compensação, tem deixado consumidor e postos revendedores sem saberem ao certo o que virá no dia seguinte.
Mais complicado está sendo para o consumidor,
que não consegue se planejar e até mesmo controlar esse gasto com abastecimento do seu veículo.
Nessa polêmica nova situação de mercado, o coordenador da Área de Serviços da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Carlos Confort, defende que o ideal seria alterações com periodicidade certa para permitir que os consumidores pudessem se preparar para isso.
Há que se observar em relação ao consumidor, sua reclamação, e com evidente razão, de que os aumentos na refinaria, quando anunciados, são repassados de imediato pelos postos, mesma velocidade que não têm quando é para reduzir os preços. Resta aos donos de veículos irem a diferentes revendedores para pesquisar o valor que esteja mais em conta.
No caso dos proprietários de postos revendedores, fica difícil acompanhar suas planilhas com esse sobe e desce diário do preço do combustível, principalmente aqueles com estoques elevados. A Federação de Combustíveis (Fecombustíveis) afirma que muitos estabelecimentos estão reclamando da perda de capital de giro. “Às vezes, eles [revendedores] compram o produto mais caro. O produto cai de preço amanhã, mas ele já está estocado porque o revendedor compra para fazer estoque. Aí o produto cai no dia seguinte e ele não compra por um preço melhor. No terceiro e no quarto dia, sobe de novo e ele compra na alta”, observa o Fecombustíveis.
Para alguns especialistas, nessa política de reajuste diário, quem acaba sendo mais prejudicado mesmo é o consumidor, que tem o seu produto final mais caro. E há quem também enxergue que os reajustes dos combustíveis irão refletir no cálculo da taxa da inflação deste ano, com o impacto direto no setor de transportes de cargas, especialmente rodoviário, por onde escoa grande parte da produção agrícola do país.
Novos reajustes (alta e baixa) deverão acontecer ao longo da semana. É aguardar para conferir!

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